qualidade de vida

Você sabe como se diagnostica o glaucoma?

À esquerda voce vê uma simulação de como a imagem da direita é vista pelo paciente glaucomatoso não controlado, que já perdeu parte do campo visual


O glaucoma não tratado é uma das principais causas de cegueira irreversível segundo a Organização Mundial de Saúde.

Você sabe o que é a doença glaucomatosa e como se faz o seu diagnóstico?

Verifique o quanto voce sabe a respeito do glaucoma analisando as possibilidades abaixo e escolhendo a sua opção.

Como é feito o diagnóstico do glaucoma?


opção 1-   pelo valor aumentado da pressão intra-ocular (hipertensão ocular)

opção 2-  pela alteração do exame de campo visual

opção 3-  apenas pelo aspecto do nervo óptico (fundo de olho)

opção 4-  por ter antecedentes familiares de glaucoma

opção 4-  pela análise destes e de outros fatores lembrando sempre que cada caso é um caso

A resposta estará no primeiro comentário anexado a este post.

Tomara que voce acerte! Com isso mostrará que está em dia com seu check-up oftalmológico e bem orientado pelo seu oftalmologista.


Parabéns!

Procedimentos estéticos e iatrogenia ocular

A estética anda em alta e não raro o paciente sai do consultório do dermatologista para o do oftalmologista: muitas são as possibilidades de efeitos secundários às intervenções que visam eliminar as imperfeições faciais.

Elas minimizam eficientemente os efeitos do tempo em relação à pele, mas que podem levar à disfuncionalidade ocular.

 

Este tópico foi incluído apenas para lembrar que, em se tratando de estética, há que se pesar (bem pesados) os prós e contras dos procedimentos antes de se optar por eles. Quando as alternativas são poucas, como quando se trata de urgência médica ou doença grave, a decisão é do profissional e leva em conta o menor dano possível para o benefício esperado.

Porém, com a postura de valorização da beleza e da juventude a qualquer preço e independente de qualquer outro aspecto, uma reflexão deve ser feita. A abordagem de  fazer referencia a alguns efeitos colaterais possíveis em relação a estes procedimentos não deve ser esquecida. Cabe a nós, médicos, o alerta.

A blefaroplastia (“cirurgia plástica das pálpebras”) pode  levar à indução ou piora da sintomatologia de olho seco preexistente.

O botox pode reduzir a acomodação e sujeitar a paciente ao uso de lentes corretoras para “vista cansada” antes do tempo. Além disso algumas complicações como visão dupla, dificuldade no fechamento das pálpebras e piora do aspecto das bolsas de gordura da pálpebra inferior, entre outras, podem acontecer.

O laser pode acelerar a perda da transparência da lente natural do olho.

E nós, médicos, somos intérpretes das queixas de nossos pacientes. Devemos extrair da história clinica dados importantes e que são pistas para o diagnóstico. E isto muitas vezes é complicado pela dificuldade de substituir a queixa por termos que já constem do nosso “dicionário de sintomas” e que estejam catalogados e relacionados a doenças conhecidas.

Uma vez, no consultório, uma mulher de quarenta e poucos anos me trouxe uma queixa inespecífica e difícil de interpretar. “Estou sentindo um incômodo no meu olho direito. Não sei definir o que é, apenas sei que este olho está diferente do outro e eu  acho que isto tem relação com um procedimento feito no consultório da minha dermatologista. Alguns dias depois, comecei a perceber que alguma coisa estava errada com meu olho. Ele não dói, não ficou vermelho nem nada, apenas um desconforto na  visão. Consigo enxergar tudo, mas tem alguma coisa diferente e eu não gosto do que  estou sentindo…”.

“Quando a gente está bem a gente não sente a presença do olho, não é mesmo doutora? Hoje eu percebo o meu olho direito. Sei que ele está lá e está diferente. Só não sei o que aconteceu…”  – disse ela.

Fiz um exame de rotina em que medi a visão, revi o grau que ela estava usando, medi a pressão dos olhos, avaliei o fundo do olho e examinei os olhos com um microscópio (biomicroscópico ou lâmpada de fenda) além de checar os reflexos pupilares. Não encontrei nada de anormal. E além do mais, a visão estava igual ( aspecto quantitativo) nos dois olhos e absolutamente normal.

Ainda assim, havia uma queixa. Aprendi, após alguns anos de exercício da medicina que, se o paciente diz que algo está errado, ele tem razão, quase sempre. Ou melhor, eu diria que sempre. Quando não encontramos a causa é porque nós, médicos, não buscamos o suficiente ou não sabemos onde buscar ou como encontrar… ainda.

Dito e feito. Dilatei as pupilas (são utilizadas algumas gotas de colírio para aumentar os diâmetros pupilares e permitir melhor observação das estruturas intra-oculares). Qual não foi a minha surpresa quando vi uma insuspeita opacidade cristaliniana situada bem no centro do eixo visual! Em outras palavras, uma catarata estava se formando neste olho.

Ainda não era extensa ou densa o suficiente para reduzir a acuidade, ou melhor, a quantidade de visão. Mas era suficiente para induzir desconforto e alterar a qualidade visual. Menos de seis meses antes um colega a havia examinado (rotina) e não havia detectado nenhuma anormalidade.

A hipótese desta catarata já estar se iniciando antes do procedimento dermatológico existe, mas é bem menos provável. A queixa da paciente foi muito pontual! E a literatura informa do possível efeito cataratogênico de radiações ionizantes ou mesmo de exposição a outras radiações.

Apesar de realizado, segundo a própria paciente, com a proteção de óculos, ela não foi suficiente para impedir o efeito cataratogênico da terapia de luz pulsada, aqui utilizada para remoção de manchas da pele do rosto. Ou a qualidade da proteção não foi adequada por qualquer razão.

O cristalino do olho direito mostrava uma imagem bem definida situada no que chamamos de cápsula (posterior), o envoltório da lente natural do olho. Na verdade era sub-capsular. No outro olho havia apenas algumas vesículas (bolhas pequenas) em localização similar à da lesão do olho direito.

Após alguns meses ela deixou de perceber a diferença de qualidade na visão apesar da opacidade continuar lá (também não havia aumentado em densidade ou extensão). O organismo se adaptou. Quanto tempo levará para o desenvolvimento da catarata levar à redução da visão não sabemos. Pode até ser que a paciente se mantenha assintomática por muitos anos ainda. Mas com certeza a cirurgia (facectomia) será antecipada em relação ao provável tempo de manifestação de uma catarata senil que provavelmente só apareceria bem mais tarde. A opacidade cristalianiana observada nela pode ser considerada como efeito colateral de procedimento estético. E por que o sintoma em apenas um dos olhos? Provavelmente uma proximidade maior da fonte de luz pulsada ou um defeito imperceptível na lente direita dos óculos de proteção. Apenas conjecturas.

Neste caso, em especial, a detecção precoce da anormalidade levou a orientação no sentido de aumentar o aporte de “alimentos funcionais” relacionados à proteção cristaliniana. Em teoria pelo menos, a catarata pode ser retardada aumentando o aporte de carotenoides como a luteína, por exemplo, que tem função“protetora”do cristalino. Além disso, ela foi orientada a evitar substancias sabidamente cataratogênicas que po- deriam acelerar a evolução do processo de opacificação induzido pela radiação.

Hoje, com o advento das novas terapias estéticas surgidas com o avanço tecnológico, cabe ao médico definir quem são os indivíduos que podem se beneficiar desses tratamentos. Devemos ter em mente que esses procedimentos não são para todos. Indivíduos com determinadas predisposições genéticas (história familiar) ou mesmo portadores de certas disfunções orgânicas devem ser informados das complicações prováveis ou possíveis. A decisão de se submeter ou não a estes procedimentos é sempre do paciente, uma vez que se trata de tratamento com finalidade meramente estética.

O indivíduo deve ser informado pelo profissional e procurar esclarecer todas as suas dúvidas antes de se submeter ao procedimento. A opção pode ser do paciente, mas o compromisso com a informação é do médico.

 

 

 

Iatrogenia ocular: causa e efeito, ação e reação!

Devemos sempre levar em consideração que, cada vez que o olho (ou qualquer outro órgão) é submetido à exploração cirúrgica ou procedimento invasivo, mesmo que seja para consertarmos algo que realmente necessita de reparo, esse procedimento implica necessàriamente em alguns riscos a curto, médio e longo prazo.


A medicina e suas formas terapêuticas, quaisquer que sejam elas, devem sempre ser pensadas desta forma: um recurso pontual imprescindível ao órgão doente, mas que sempre implica em um risco calculado que deve ser absorvido tanto pelo médico, ao escolher a melhor forma de atuar naquele momento, quanto pelo paciente. Este deve entender e conhecer as limitações do conhecimento científico quanto às projeções futuras, no longo prazo, assim como todas as alternativas disponíveis para cada situação de doença. E deve conversar com seu médico a respeito delas e de suas dúvidas, a cada momento.

A resposta do próprio organismo à “invasão” que sofre, seja de que etiologia (causa) for se dá quase sempre sob a forma inflamatória, ou seja, células encarregadas de combater agressores (sejam eles ambientais, microbianos ou agentes físico-químicos) se multiplicam e migram para o “local invadido”. Dependendo da resistência orgânica e da situação psiconeuroendócrina do indivíduo que sofreu a agressão, essa resposta resultará em maior ou menor dano secundário a esse organismo.

É por isso que quando nós extraímos um dente, por exemplo, ou somos submetidos a uma cirurgia, recebemos no pós-operatório alguma substancia anti-inflamatória, para evitar um dano maior devido à reação orgânica (normal e esperada).

Trocando em miúdos:

 

Temos que realizar procedimentos que são necessários, mas, ao mesmo tempo, temos que ter sempre em mente que devemos esperar reações às nossas ações e nos prepararmos para melhor agir nesses momentos e bem equilibrar essa equação (ação-reação).

A informação pontual recebida através do médico assistente traz tranqüilidade quanto ao que esperar a cada etapa de um tratamento. Uma rotina de exames é necessária para dar a melhor solução para cada dificuldade que surja. O acompanhamento contínuo durante esse período é decisivo, além da confiança baseada em uma sólida e bem estabelecida relação médico-paciente.

As dúvidas e apreensões dos pacientes são legítimas. Informar-se a respeito do que ocorre com seu organismo quando ele adoece é importante sim, até para ajudar melhor na recuperação. Porém, os indivíduos devem investir também, e cada vez mais, na relação com seu médico. Ambos têm a mesma expectativa: o retorno rápido ao estado de normalidade funcional e recuperação da saúde.

Muito interessante o tópico de autoria de um oftalmologista bastante conhecido no cenário nacional, Dr.Claudio Lottenberg. O texto ”Neuroadaptação: uma realidade que os pacientes devem conhecer” está disponível na internet. O conteúdo, na íntegra, você pode conferir no endereço www.lotteneyes.com.br/blog/page/2/

 

O site fornece “explicações sobre a qualidade de visão após procedimentos invasivos em oftalmologia, visando a restauração da visão”.

 

Um trecho:

            “Nossa preocupação destina-se a discussões acerca da córnea, do cristalino, da retina e pouco se fala de sua integração neurológica. Muito embora estas estruturas sejam vitais o sistema neural trabalha de forma integrada com os olhos e com suas diferentes estruturas intracerebrais e, comparativamente à estrutura de um computador com hardware e software, ainda de forma não totalmente compreendida pela comu- nidade científica”.

Por hardware pode-se entender as estruturas oculares e o software é o cérebro (sistema neuronal de integração de informações).

            E ele continua:

            “Assim, ao interferirmos na correção da miopia, por exemplo, ou então ao removermos uma catarata, ocorre uma modificação do sistema visual para a qual o cérebro humano deve adaptar-se. Pequenas modificações impõem adaptações menores e modificações maiores impõem adaptações também maiores do nosso cérebro. Assim fica patente que nem sempre a melhor tecnologia será facilmente adaptável e em muitas circunstancias nem sempre é fácil orientar nossos pacientes para que tenham a devida paciência neste processo, mesmo porque é imprevisível cercar todas as variáveis envolvidas. Infelizmente, embora seja uma minoria, alguns destes pacientes jamais se adaptarão.”

            “… o entendimento deste processo de neuroadaptação é fundamental para os pacientes que são submetidos à cirurgia refrativa e para cirurgia de catarata, pois estas criam modificações que, muitas vezes, requerem tempo para que o êxito seja perceptível por parte do paciente”.

Incluí este comentário para ratificar a necessidade da informação médica ser repassada ao paciente, sempre que for solicitada ou mesmo quando não o for. Imagine o desconforto (tanto do paciente quanto do médico) quando após uma cirurgia refrativa ou de catarata, a qualidade da visão está aquém do esperado (e desejado pelo paciente). O mesmo acontece em relação a outros procedimentos em oftalmologia. Ainda mais em se tratando de beneficio estético e não curativo!

A expectativa do paciente deve ser bem compreendida pelo profissional. Segurança e determinação de fazer o melhor devem ser transmitidas ao indivíduo. Mas nenhum dado deve ser omitido, sob pena de compreensão inadequada, por parte do paciente, de todo processo envolvido no ato médico, gerando problemas mais tarde.

O médico vivenciará uma situação desconfortável, mas o paciente conviverá daí em diante com o resultado ruim que identificará como erro médico. Muitas das vezes não existiu erro algum! Houve sim um resultado ruim, possível de acontecer, que foge ao controle do médico cirurgião e acontece em virtude de complicações cirúrgicas ad- vindas do próprio processo invasivo. Ou ainda, a cirurgia foi feita conforme o planeja- do, sem nenhuma intercorrência, a visão final obtida foi a melhor possível (20/20 ou se- ja 100%), mas qualitativamente ficou aquém da expectativa do indivíduo que se sub- meteu ao procedimento. A visão de contraste ou a estereopsia reduzidas ou ainda o in- cômodo ofuscamento induzido pelo procedimento são pouco tolerados por ele, a des- peito do benefício visual quantitativo. Então ele passará por um processo de adapta- ção e será bem sucedido (na maioria das vezes) ou não, como disse o Dr. Lottenberg.

Estar ciente de todos os possíveis danos ou desconfortos (temporários ou de caráter definitivo) passíveis de acontecer como efeito colateral de procedimentos aos quais será submetido é imperativo!

Mais do que isso, é um direito do paciente e um dever do médico.

 

 

           

Óculos como causa de desconforto visual…

Provavelmente a maioria de nós já passou pelo desconforto de colocar óculos recém prescritos e não conseguir usá-los. E muitas vezes nos perguntamos (e questionamos o óptico e o oftalmologista) a respeito do que deu errado.

Quando mandamos fazer os óculos para nos ajudar em alguma dificuldade pontual em relação à visão de longe ou de perto ou para reduzir o cansaço visual no dia a dia de trabalho esperamos colocá-los e ver resolvidos todos os problemas dos quais nos queixamos quando vamos à consulta oftalmologica,não é mesmo?

Vamos então analisar as possíveis razões para visão distorcida, embaçamento, náusea, tonteira e tantos outros sintomas de inadequação aos óculos prescritos:

Muitas vezes o desconforto está relacionado aos ajustes imprecisos nos óculos prescritos. Às vezes prescrevemos mais grau do que o necessário, às vezes menos. Outras vezes está tudo correto, mas o indivíduo não é capaz de compensar um “desvio mínimo” dos seus olhos ( alteração na musculatura extra-ocular) a não ser que sejam alterados os centros ópticos das lentes. Então, já compensado o desvio, volta a ter conforto na leitura.

Outra possibilidade é o individuo de meia idade, usuário de lentes multifocais, que não consegue ficar muito tempo lendo no computador. Basta fazermos um par de óculos para serem usados tão somente quando sentado em frente ao monitor que, respeitada a distância utilizada para esta função ele voltará a ter conforto. Tarefas que de- mandam ficar um certo tempo utilizando uma determinada posição do olhar exigem perfeito controle motor. Quando ele não existe, surgem as queixas a respeito da visão de perto.

Mais correto seria ajustarmos a musculatura às exigências pontuais. Caso se alterem as condições de trabalho, deveria ser feito um reforço da prontidão binocular. Imagine um indivíduo que passa da função de motorista para a de digitador. É como um sedentário que de repente vai participar de uma maratona. Ou não consegue terminar a prova ou se lesiona. Há que haver um preparo, assim como quando nos alongamos antes e depois de qualquer exercício físico para mantermos o equilíbrio dos músculos e ligamentos envolvidos no trabalho. No caso dos olhos, a terapia ortóptica ou fisioterapia visual é responsável pelo reequilíbrio da binocularidade. A perfeita cooperação entre os dois olhos é que torna possível, por exemplo, a visão de profundidade ou estereopsia. Na prática isto se traduz na facilidade em perceber a distância entre os carros ao dirigir, em conseguir ver em 3D e outras tantas qualidades da visão das quais nem tomamos conhecimento a não ser que as percamos.

Outras vezes temos dificuldade em usar lentes multifocais

 

 

Alguns de nós não conseguem boa adaptação a este tipo de lente. Algumas vezes por causa de inadequação da armação ou do tipo de multifocal, mas muitas vezes por montagem inadequada. Isto acontece quando parâmetros como centros ópticos, altura de montagem e distância nasopupilar não estão de acordo. As lentes progressivas, ou multifocais, têm em seu desenho uma área em que é priorizada a visão de longe e outra para a de perto. Um “corredor óptico” possibilita a visão intermediária e as zonas mais distantes do centro possuem aberrações que fazem com que nestas áreas a visão não seja tão nítida ou seja mesmo desconfortável. Quando os parâmetros usados na montagem destas lentes são inadequados passamos a olhar por pontos que não são os ideais para cada função pré-determinada. Teremos então queixas na visão de longe, ou na de perto e/ou uma gama de outras queixas visuais.

Excepcionalmente o que pode acontecer também é que nascemos, alguns de nós,  com uma particularidade em relação ao equilíbrio. Temos o chamado enjôo de movimento” ou “motion sickness” ou ainda cinetose, em termos técnicos. Alguns quando crianças enjoávamos em viagens de carro, mas na idade adulta não o fazemos mais. A maioria dos adultos só manifesta desconforto quando lê dentro de um carro ou ônibus em movimento. Todos estes sintomas são expressões de um mesmo desajuste que, por menor que seja, fica ampliado sobremaneira quando tentamos usar lentes multifocais. Exatamente por uma exigência implícita deste tipo de lente: que os mecanismos de compensação da visão binocular, principalmente os ligados à propriocepção e ao equilíbrio estejam presentes e funcionando harmonicamente.

De uma forma simplista podemos dizer que a propriocepção é a qualidade que capacita o organismo a se orientar no espaço sem precisar se basear apenas no estímulo visual. Entre os sistemas sensoriais, o visual, o auditivo e o de propriocepção são os que têm importância maior na capacidade motora e no equilíbrio do individuo.

Os indivíduos que apresentam cinetose têm características de prejuízo (maior ou menor) do sistema sensorial em relação ao equilíbrio. Neles poderíamos antecipar uma dificuldade maior na adaptação aos multifocais ou mesmo inadaptação a qualquer tipo de lente progressiva ou regressiva.

Além da terapia ortóptica para reforçar as condições ideais de binocularidade, a reabilitação vestibular (através da fisioterapia) pode tentar minimizar os sintomas de inadaptação, possibilitando o uso das lentes progressivas com algum conforto, nas situações em que não se pode evitar seu uso. Mas, nem sempre é possível. Neste caso o uso de bifocais específicos para determinados casos ou mesmo lentes separadas para cada atividade (dirigir, ler e usar o computador por muitas horas, por exemplo) são as soluções disponíveis.

Há também o recurso do uso de lentes de contato (para quem se adapta bem, é claro) para corrigir o “grau de longe”, e óculos para a leitura que seriam então usados sobre as lentes de contato, com grau diferente dos óculos de leitura costumeiros. Quando não se está usando lentes de contato para longe, o grau necessário para leitura é diferente daquele dos óculos que se coloca sobre as lentes. Isto porque o grau de perto é a soma do grau de longe (que já estaria nas lentes de contato em caso de uso das mes- mas) com o valor da perda da acomodação referente à faixa etária do individuo.

Complicado?

Um exemplo: você usa +1.50 dioptrias para enxergar melhor de longe e tem 47 anos. A sua dificuldade de acomodação deve ser em torno de 1.00 dioptria. Então seus óculos de perto para ler, sem lentes de contato, terão a graduação de +2.50 dioptrias. Quando estiver usando suas lentes de contato para longe (+1.50 dioptrias), se quiser ler bem terá que usar óculos (para leitura) de +1.00 dioptrias. Se utilizar seus outros óculos de +2.50, verá que é capaz de enxergar sim, mas a uma distância muito próxima do papel, porque a lente irá funcionar como uma lupa. Não estará apropriada para você ler à distancia padrão de leitura (37 a 45cm ).

Resumindo:

O conforto visual depende de fatores distintos e interdependentes como a lente que corrige a ametropia (grau) existente, a identificação da melhor opção de correção óptica (tipos de lentes de óculos e formas de montagem) em cada caso e uma perfeita coordenação motora ocular (prontidão binocular).

E é do trabalho conjunto do oftalmologista, do óptico e do profissional de ortóptica (algumas vezes também do fisioterapeuta, para auxiliar na reabilitação vestibular) que surge a melhor solução para cada caso.

E o objetivo de todos estes profissionais é um só: melhorar a qualidade de vida de todos nós.