cirurgia de catarata

Falando sobre cirurgia de catarata em individuo portador de DMRI

Transcrevo aqui comentario em resposta à dúvida de um internauta relacionada à decisão de operar ou não a catarata num individuo portador de degeneração macular relacionada á idade (DMRI).

Operar ou não?

Quanto à dúvida, elas é de todos nós, médicos (que monitorizamos e tentamos alivio sintomático ou retardo na evolução da DMRI) e pacientes (que convivem com a doença que antigamente se chamava degeneração macular senil e era menos prevalente do que hoje).

Idoso com quadro de evolução assimétrica de DMRI. Presumo que o primeiro olho atingido tenha perdido a visão central e o olho que se deseja submeter à facectomia (cirurgia de catarata) seja o olho que ainda tem alguma visão, por mais comprometida que esteja. Atividades tanto para longe (ver TV, por exemplo) quanto para perto (leitura) podem ser beneficiadas pelo uso de artefatos ópticos diversos (visão subnormal). Não são de fácil adaptação, mas podem ser bastante úteis em alguns casos. Não sei se já foram oferecidos estes recursos.

Com certeza a catarata é mais um fator de comprometimento da visão já bastante prejudicada pela DMRI. Por outro lado, o cristalino é a proteção natural do olho em relação a um dos fatores causais da DMRI (luz e UV) em que basicamente deve-se evitar a exposição à luz natural (solar) e/ou artificial e a baixa oxigenação dos tecidos retinianos (ambas situações provocam maior produção de radicais livres).

A idade já reduz por si só o aporte de oxigênio pela diminuição da qualidade de irrigação dos tecidos. A cirurgia, nos segundos de exposição intensa à luz do microscópio (após a fragmentação e aspiração do córtex cristaliniano) e na ativação da resposta inflamatória do olho em resposta ao procedimento invasivo pode contribuir negativamente na evolução da DMRI. Esta hipótese é real. Mas também pode haver por um tempo (maior ou menor) uma melhora na qualidade da visão pela remoção de uma das causas da baixa visual (a catarata).

“Após o último exame de OCT foi identificado este momento como oportuno para a cirurgia da catarata. O médico que faz o  acompanhamento acha que conseguiria um ganho na visão e, conseqüentemente, na qualidade de vida”. Com certeza o oftalmologista dele, através do acompanhamento da evolução da catarata e da DMRI é capaz, mais do que qualquer outro profissional, de avaliar o possível ganho em relação à cirurgia.

“Gostaria de saber, baseado nos seus conhecimentos e na sua experiência se ele pode fazer a cirurgia da catarata…se existe algum risco…se pode piorar a dmri?”

Sou oftalmologista clinica. Mas baseio minha opinião na experiência com pacientes portadores de catarata e DMRI e na literatura disponível a respeito.  A cirurgia de catarata não está formalmente contra-indicada em pacientes com DMRI. A opção pela cirurgia vai depender do conhecimento prévio do olho (nesses três anos de evolução da DMRI, à biomicroscopia o cristalino mostrou piora significativa da opacificação?). Ou ainda, se a qualidade das fotos obtidas em retinografias  e angiografias do olho não foi alterada de forma importante,o desempenho  ruim da visão pode ser imputado de forma significativa à DMRI e menos à catarata. E também da experiência do cirurgião (quanto menor o tempo de duração da cirurgia e de exposição do pólo posterior do olho (retina e coróide) à luz, menor o potencial negativo pós-operatório em relação à evolução da DMRI.

 “…se isso pode lhe trazer algum ganho…” Em teoria sim, é claro. Um dos fatores relacionados à baixa visual será removido cirurgicamente. Apenas  não se pode ter certeza  a curto,médio ou longo prazo que o beneficio será real e/ou duradouro.

 

“ou, nessa idade e depois de tanto tempo em tratamento, vale apena realizar a cirurgia?”  Não existe idade para o beneficio da qualidade de vida. Merecemos envelhecer com mais dignidade e a deficiência visual limita muito o dia a dia do indivíduo. Mas confesso que se eu tivesse que decidir a respeito da cirurgia num caso desses eu dividiria minhas dúvidas e apreensões com o paciente e familiares. Porque afinal é uma decisão difícil para qualquer um de nós, como já disse. Trata-se de olho único (continuo presumindo que o outro olho perdeu a visão central) e a limitação futura pode ser maior do que já é tanto pela possível aceleração da DMRI quanto pela própria evolução (esperada devido ao envelhecimento) do quadro macular.

Deve ser avaliada a expectativa de vida em relação às outras doenças que ele tenha (a curto prazo é mais provável que o beneficio da cirurgia seja mais efetivo).O  perfil psicológico e a higidez mental do paciente também devem ser levados em consideração. Ele deve participar ativamente do processo. Deve entender e aceitar os riscos se optar pela intervenção, torcendo para que o benefício seja real e dure tempo suficiente.

Conversem com o oftalmologista dele, coloquem suas dúvidas e apreensões e tenho certeza que terão o apoio necessário para decidir a respeito.

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Procedimentos estéticos e iatrogenia ocular

A estética anda em alta e não raro o paciente sai do consultório do dermatologista para o do oftalmologista: muitas são as possibilidades de efeitos secundários às intervenções que visam eliminar as imperfeições faciais.

Elas minimizam eficientemente os efeitos do tempo em relação à pele, mas que podem levar à disfuncionalidade ocular.

 

Este tópico foi incluído apenas para lembrar que, em se tratando de estética, há que se pesar (bem pesados) os prós e contras dos procedimentos antes de se optar por eles. Quando as alternativas são poucas, como quando se trata de urgência médica ou doença grave, a decisão é do profissional e leva em conta o menor dano possível para o benefício esperado.

Porém, com a postura de valorização da beleza e da juventude a qualquer preço e independente de qualquer outro aspecto, uma reflexão deve ser feita. A abordagem de  fazer referencia a alguns efeitos colaterais possíveis em relação a estes procedimentos não deve ser esquecida. Cabe a nós, médicos, o alerta.

A blefaroplastia (“cirurgia plástica das pálpebras”) pode  levar à indução ou piora da sintomatologia de olho seco preexistente.

O botox pode reduzir a acomodação e sujeitar a paciente ao uso de lentes corretoras para “vista cansada” antes do tempo. Além disso algumas complicações como visão dupla, dificuldade no fechamento das pálpebras e piora do aspecto das bolsas de gordura da pálpebra inferior, entre outras, podem acontecer.

O laser pode acelerar a perda da transparência da lente natural do olho.

E nós, médicos, somos intérpretes das queixas de nossos pacientes. Devemos extrair da história clinica dados importantes e que são pistas para o diagnóstico. E isto muitas vezes é complicado pela dificuldade de substituir a queixa por termos que já constem do nosso “dicionário de sintomas” e que estejam catalogados e relacionados a doenças conhecidas.

Uma vez, no consultório, uma mulher de quarenta e poucos anos me trouxe uma queixa inespecífica e difícil de interpretar. “Estou sentindo um incômodo no meu olho direito. Não sei definir o que é, apenas sei que este olho está diferente do outro e eu  acho que isto tem relação com um procedimento feito no consultório da minha dermatologista. Alguns dias depois, comecei a perceber que alguma coisa estava errada com meu olho. Ele não dói, não ficou vermelho nem nada, apenas um desconforto na  visão. Consigo enxergar tudo, mas tem alguma coisa diferente e eu não gosto do que  estou sentindo…”.

“Quando a gente está bem a gente não sente a presença do olho, não é mesmo doutora? Hoje eu percebo o meu olho direito. Sei que ele está lá e está diferente. Só não sei o que aconteceu…”  – disse ela.

Fiz um exame de rotina em que medi a visão, revi o grau que ela estava usando, medi a pressão dos olhos, avaliei o fundo do olho e examinei os olhos com um microscópio (biomicroscópico ou lâmpada de fenda) além de checar os reflexos pupilares. Não encontrei nada de anormal. E além do mais, a visão estava igual ( aspecto quantitativo) nos dois olhos e absolutamente normal.

Ainda assim, havia uma queixa. Aprendi, após alguns anos de exercício da medicina que, se o paciente diz que algo está errado, ele tem razão, quase sempre. Ou melhor, eu diria que sempre. Quando não encontramos a causa é porque nós, médicos, não buscamos o suficiente ou não sabemos onde buscar ou como encontrar… ainda.

Dito e feito. Dilatei as pupilas (são utilizadas algumas gotas de colírio para aumentar os diâmetros pupilares e permitir melhor observação das estruturas intra-oculares). Qual não foi a minha surpresa quando vi uma insuspeita opacidade cristaliniana situada bem no centro do eixo visual! Em outras palavras, uma catarata estava se formando neste olho.

Ainda não era extensa ou densa o suficiente para reduzir a acuidade, ou melhor, a quantidade de visão. Mas era suficiente para induzir desconforto e alterar a qualidade visual. Menos de seis meses antes um colega a havia examinado (rotina) e não havia detectado nenhuma anormalidade.

A hipótese desta catarata já estar se iniciando antes do procedimento dermatológico existe, mas é bem menos provável. A queixa da paciente foi muito pontual! E a literatura informa do possível efeito cataratogênico de radiações ionizantes ou mesmo de exposição a outras radiações.

Apesar de realizado, segundo a própria paciente, com a proteção de óculos, ela não foi suficiente para impedir o efeito cataratogênico da terapia de luz pulsada, aqui utilizada para remoção de manchas da pele do rosto. Ou a qualidade da proteção não foi adequada por qualquer razão.

O cristalino do olho direito mostrava uma imagem bem definida situada no que chamamos de cápsula (posterior), o envoltório da lente natural do olho. Na verdade era sub-capsular. No outro olho havia apenas algumas vesículas (bolhas pequenas) em localização similar à da lesão do olho direito.

Após alguns meses ela deixou de perceber a diferença de qualidade na visão apesar da opacidade continuar lá (também não havia aumentado em densidade ou extensão). O organismo se adaptou. Quanto tempo levará para o desenvolvimento da catarata levar à redução da visão não sabemos. Pode até ser que a paciente se mantenha assintomática por muitos anos ainda. Mas com certeza a cirurgia (facectomia) será antecipada em relação ao provável tempo de manifestação de uma catarata senil que provavelmente só apareceria bem mais tarde. A opacidade cristalianiana observada nela pode ser considerada como efeito colateral de procedimento estético. E por que o sintoma em apenas um dos olhos? Provavelmente uma proximidade maior da fonte de luz pulsada ou um defeito imperceptível na lente direita dos óculos de proteção. Apenas conjecturas.

Neste caso, em especial, a detecção precoce da anormalidade levou a orientação no sentido de aumentar o aporte de “alimentos funcionais” relacionados à proteção cristaliniana. Em teoria pelo menos, a catarata pode ser retardada aumentando o aporte de carotenoides como a luteína, por exemplo, que tem função“protetora”do cristalino. Além disso, ela foi orientada a evitar substancias sabidamente cataratogênicas que po- deriam acelerar a evolução do processo de opacificação induzido pela radiação.

Hoje, com o advento das novas terapias estéticas surgidas com o avanço tecnológico, cabe ao médico definir quem são os indivíduos que podem se beneficiar desses tratamentos. Devemos ter em mente que esses procedimentos não são para todos. Indivíduos com determinadas predisposições genéticas (história familiar) ou mesmo portadores de certas disfunções orgânicas devem ser informados das complicações prováveis ou possíveis. A decisão de se submeter ou não a estes procedimentos é sempre do paciente, uma vez que se trata de tratamento com finalidade meramente estética.

O indivíduo deve ser informado pelo profissional e procurar esclarecer todas as suas dúvidas antes de se submeter ao procedimento. A opção pode ser do paciente, mas o compromisso com a informação é do médico.

 

 

 

Iatrogenia ocular: causa e efeito, ação e reação!

Devemos sempre levar em consideração que, cada vez que o olho (ou qualquer outro órgão) é submetido à exploração cirúrgica ou procedimento invasivo, mesmo que seja para consertarmos algo que realmente necessita de reparo, esse procedimento implica necessàriamente em alguns riscos a curto, médio e longo prazo.


A medicina e suas formas terapêuticas, quaisquer que sejam elas, devem sempre ser pensadas desta forma: um recurso pontual imprescindível ao órgão doente, mas que sempre implica em um risco calculado que deve ser absorvido tanto pelo médico, ao escolher a melhor forma de atuar naquele momento, quanto pelo paciente. Este deve entender e conhecer as limitações do conhecimento científico quanto às projeções futuras, no longo prazo, assim como todas as alternativas disponíveis para cada situação de doença. E deve conversar com seu médico a respeito delas e de suas dúvidas, a cada momento.

A resposta do próprio organismo à “invasão” que sofre, seja de que etiologia (causa) for se dá quase sempre sob a forma inflamatória, ou seja, células encarregadas de combater agressores (sejam eles ambientais, microbianos ou agentes físico-químicos) se multiplicam e migram para o “local invadido”. Dependendo da resistência orgânica e da situação psiconeuroendócrina do indivíduo que sofreu a agressão, essa resposta resultará em maior ou menor dano secundário a esse organismo.

É por isso que quando nós extraímos um dente, por exemplo, ou somos submetidos a uma cirurgia, recebemos no pós-operatório alguma substancia anti-inflamatória, para evitar um dano maior devido à reação orgânica (normal e esperada).

Trocando em miúdos:

 

Temos que realizar procedimentos que são necessários, mas, ao mesmo tempo, temos que ter sempre em mente que devemos esperar reações às nossas ações e nos prepararmos para melhor agir nesses momentos e bem equilibrar essa equação (ação-reação).

A informação pontual recebida através do médico assistente traz tranqüilidade quanto ao que esperar a cada etapa de um tratamento. Uma rotina de exames é necessária para dar a melhor solução para cada dificuldade que surja. O acompanhamento contínuo durante esse período é decisivo, além da confiança baseada em uma sólida e bem estabelecida relação médico-paciente.

As dúvidas e apreensões dos pacientes são legítimas. Informar-se a respeito do que ocorre com seu organismo quando ele adoece é importante sim, até para ajudar melhor na recuperação. Porém, os indivíduos devem investir também, e cada vez mais, na relação com seu médico. Ambos têm a mesma expectativa: o retorno rápido ao estado de normalidade funcional e recuperação da saúde.

Muito interessante o tópico de autoria de um oftalmologista bastante conhecido no cenário nacional, Dr.Claudio Lottenberg. O texto ”Neuroadaptação: uma realidade que os pacientes devem conhecer” está disponível na internet. O conteúdo, na íntegra, você pode conferir no endereço www.lotteneyes.com.br/blog/page/2/

 

O site fornece “explicações sobre a qualidade de visão após procedimentos invasivos em oftalmologia, visando a restauração da visão”.

 

Um trecho:

            “Nossa preocupação destina-se a discussões acerca da córnea, do cristalino, da retina e pouco se fala de sua integração neurológica. Muito embora estas estruturas sejam vitais o sistema neural trabalha de forma integrada com os olhos e com suas diferentes estruturas intracerebrais e, comparativamente à estrutura de um computador com hardware e software, ainda de forma não totalmente compreendida pela comu- nidade científica”.

Por hardware pode-se entender as estruturas oculares e o software é o cérebro (sistema neuronal de integração de informações).

            E ele continua:

            “Assim, ao interferirmos na correção da miopia, por exemplo, ou então ao removermos uma catarata, ocorre uma modificação do sistema visual para a qual o cérebro humano deve adaptar-se. Pequenas modificações impõem adaptações menores e modificações maiores impõem adaptações também maiores do nosso cérebro. Assim fica patente que nem sempre a melhor tecnologia será facilmente adaptável e em muitas circunstancias nem sempre é fácil orientar nossos pacientes para que tenham a devida paciência neste processo, mesmo porque é imprevisível cercar todas as variáveis envolvidas. Infelizmente, embora seja uma minoria, alguns destes pacientes jamais se adaptarão.”

            “… o entendimento deste processo de neuroadaptação é fundamental para os pacientes que são submetidos à cirurgia refrativa e para cirurgia de catarata, pois estas criam modificações que, muitas vezes, requerem tempo para que o êxito seja perceptível por parte do paciente”.

Incluí este comentário para ratificar a necessidade da informação médica ser repassada ao paciente, sempre que for solicitada ou mesmo quando não o for. Imagine o desconforto (tanto do paciente quanto do médico) quando após uma cirurgia refrativa ou de catarata, a qualidade da visão está aquém do esperado (e desejado pelo paciente). O mesmo acontece em relação a outros procedimentos em oftalmologia. Ainda mais em se tratando de beneficio estético e não curativo!

A expectativa do paciente deve ser bem compreendida pelo profissional. Segurança e determinação de fazer o melhor devem ser transmitidas ao indivíduo. Mas nenhum dado deve ser omitido, sob pena de compreensão inadequada, por parte do paciente, de todo processo envolvido no ato médico, gerando problemas mais tarde.

O médico vivenciará uma situação desconfortável, mas o paciente conviverá daí em diante com o resultado ruim que identificará como erro médico. Muitas das vezes não existiu erro algum! Houve sim um resultado ruim, possível de acontecer, que foge ao controle do médico cirurgião e acontece em virtude de complicações cirúrgicas ad- vindas do próprio processo invasivo. Ou ainda, a cirurgia foi feita conforme o planeja- do, sem nenhuma intercorrência, a visão final obtida foi a melhor possível (20/20 ou se- ja 100%), mas qualitativamente ficou aquém da expectativa do indivíduo que se sub- meteu ao procedimento. A visão de contraste ou a estereopsia reduzidas ou ainda o in- cômodo ofuscamento induzido pelo procedimento são pouco tolerados por ele, a des- peito do benefício visual quantitativo. Então ele passará por um processo de adapta- ção e será bem sucedido (na maioria das vezes) ou não, como disse o Dr. Lottenberg.

Estar ciente de todos os possíveis danos ou desconfortos (temporários ou de caráter definitivo) passíveis de acontecer como efeito colateral de procedimentos aos quais será submetido é imperativo!

Mais do que isso, é um direito do paciente e um dever do médico.

 

 

           

Como anda a sua visão?

Há alguns dias respondi a algumas perguntas a respeito do tema: Como anda sua visão?

Considerei bastante interessante a matéria e muito oportuno o questionamento a respeito de saúde e doença ocular. A informação voltada para o público leigo foi iniciativa da produção do programa  Espaço Feminino da TV Boas Novas.

Eis as perguntas e as respostas:
1- Que sinais apontam que a saúde dos olhos não está adequada?

Você conhece a frase “O corpo fala”?

É, inclusive,titulo de um livro.

Então, sinais de que a saúde dos olhos não vai bem podem ser desde uma dor de cabeça persistente e relacionada aos esforços visuais sem qualquer alteração na visão até a percepção da própria doença ocular através de vermelhidão, ardência, coceira (prurido), sensação de areia ou mesmo dor ocular. Sintoma importante também é a percepção súbita de manchas na visão, como as moscas volantes ou as “teias de aranha” que surgem quando o vítreo liquefaz e/ou se descola. Neste momento devemos buscar ime diatamente o oftalmologista para identificar possíveis degenerações de risco para DR (descolamento de retina) e fazer sua profilaxia.

Importante lembrar que todo sintoma novo, especialmente se agudo deve ser avaliado pelo médico. Por exemplo, a vermelhidão do olho pode ser uma conjuntivite viral (que é auto-limitada, mas ainda assim pode deixar algumas seqüelas que podem ser evitadas quando tratadas convenientetemente) ou outra doença mais importante que pode ser indicativa de problemas em outros órgãos e não apenas nos olhos.

O inverso é verdadeiro também. O exame oftalmológico rotineiro pode surpreender e antecipar um diagnóstico e mudar o desfecho da doença. Por exemplo, um papiledema,num caso neurológico ainda não sintomático. Uma hemorragia no nervo óptico num indivíduo com pressão intra-ocular normal e sem historia familiar de glaucoma. Uma alteração discreta de transparência cristaliniana (catarata incipiente) num jovem de vinte e poucos anos em uso crônico de medicação inalatória preventiva da asma com corticóide ou secundária a terapia de luz pulsada para remoção de mancha da pele. Ou ainda uma “mancha no campo visual”,perda campimétrica  de aparecimento súbito que pode ser o primeiro sintoma de um AVC.

2- Quais são as queixas mais comuns na visão causada pela modernidade ?


•Sem dúvida nenhuma a astenopia, ou  seja, o aparecimento   de ardência ocular, lacrimejamento, dores de cabeça, embaçamento visual  transitório, piora da visão de longe percebida ao final do dia, na hora de pegar o ônibus ou dirigir na volta para casa.O uso inadequado do aparelho visual nas atividades como fixar monitores por muitas horas, ou alternar a visão do papel para a tela por muito tempo. O uso de celulares, PDAs, que exigem mais da visão de perto, todas as novidades eletrônicas trouxeram agilidadade à comunicação mas não tivemos tempo de nos prepararmos para estas novas exigências diárias.

A musculatura ocular vem sendo cada vez mais exigida. E algumas vezes é preciso nos adequarmos a estas exigências. E nós o fazemos através da ergoftalmologia que nos diz como adequarmos a atividade visual ao nosso ambiente de trabalho para diminuir o desconforto. Dicas como a cada 40 ou 50 minutos olhando a tela do computador afastar os olhos em direção a alguma informação visual à longa distancia (olhar através de uma janela por exemplo). Ou lembrar de piscar com maior freqüência outro exemplo.

Caso não seja suficiente, a fisioterapia visual (ortóptica) está bem indicada e nos ajudará a aliar a qualidade ao conforto visual nas tarefas prolongadas em que a visão de perto está envolvida.

•Outra causa é a diminuição da qualidade da visão devido à prevalência da DMRI,que segundo a OMS e à catarata cada vez mais precoce.

•Também as queixas relacionadas à iatrogenia ocular devida a procedimentos médicos ,além da fotofobia relacionada às doenças oculares (ceratocone,  ceratites, uveites) como efeito colateral de alguns medicamentos, às endocrinopatias (hipertireoidismo), etc

3- Que cuidados e prevenção são necessários para a saúde dos olhos?


Em geral, num organismo equilibrado, a manutenção da saúde se faz através de uma dieta saudável e balanceada, exercícios físicos e uma boa higiene do sono. Ele, organismo foi concebido para manter a homeostasia, em condições normais, segundo as orientações já conhecidas. Quando nos afastamos destas necessidades básicas, ele faz o que pode, mas nem sempre consegue a longo prazo manter este equilíbrio e então surgem os sintomas das doenças. A partir daí o tratamento medicamentoso se faz necessário e os secundarismos deverão ser esperados a curto, médio ou longo prazo. As drogas aumentaram a longevidade, é indiscutível, mas a qualidade de vida não nos acompanhará por todo tempo a mais de vida que conquistamos.

Em relação aos olhos, bàsicamente a tríade catarata, glaucoma e degenera ção macular relacionada à idade são as doenças degenerativas oculares mais comuns na senilidade. A catarata é o cabelo branco do olho. Todos nós teremos! É uma opacificação, mudança de coloração e transparência da lente do olho (cristalino). Mas não significa que será preciso cirurgia em todos os casos. Depende da idade de aparecimento, do tipo de catarata, atividade do indivíduo e basicamente da avaliação do próprio em relação à sua qualidade de vida. Se ela atrapalha o seu dia a dia a catarata deve ser tratada cirùrgicamente. Ou ainda se ela produz secundarismos no olho (como aumento da pressão intra-ocular, p.ex.).

A indicação cirúrgica então deve ser  função do prejuizo à qualidade de vida do individuo e, portanto, depende da capacidade visual referida pelo próprio e não da simples aferição da acuidade visual no consultório do oftalmologista.

No glaucoma, a participação importante da doença vascular vem sendo cada vez mais avaliada e reconhecida. Portanto, a atenção maior e o controle efetivo dos fatores de risco para estas doenças  ( DAC, HAS, DM, apnéia do sono,aterosclerose) tornariam o glaucoma uma doença cada vez menos prevalente. Ou pelo menos o seu controle seria mais fácil e menor o risco de desfechos negativos.

Já na DMRI, o melhor controle da doença vascular, aliado ao aporte de nutrientes específicos (ricos em luteína e zeaxantina), redução do aporte de alimentos com alta carga glicêmica (pró-inflamatórios) e ao uso sistemático de óculos com excelente proteção contra a radiação UV são intervenções que se acredita possam reduzir bastante sua incidência ou mesmo retardar a sua evolução.

Ainda tem dúvidas? Deixe um comentário para que possa ser esclarecido.

A visão na senilidade…e a catarata

Mais uma vez, apesar de escrito há mais de dez anos,esse texto (também) é bastante atual…


EU JÁ NÃO ENXERGO COMO ENXERGAVA ANTES …mas todos dizem que tenho uma visão boa…

Costumamos quantificar a visão numericamente. A isso denominamos “acuidade visual”. Em outras palavras, acuidade visual é a capacidade que o olho tem de identificar objetos ou caracteres em condições ideais de iluminação e contraste.

O conhecimento de outros elementos que fazem parte da grande cadeia do sistema visual se torna importante para compreendermos porque diminui a qualidade da visão com o envelhecimento.

Um desses elementos é a sensibilidade ao contraste. Reconhecer objetos ou caracteres não é apenas uma questão de acuidade visual. Nossa retina e cérebro trabalham o tempo todo com o contraste. A acuidade visual, como nós a medimos na prática clínica, é uma medida da sensibilidade de contraste com máximo contraste.

Com o tempo existe uma perda variável, mas sempre presente, de contraste de alta e média freqüência, que pode ser explicada pela diminuição da luz que entra no olho (redução do tamanho da pupila com a idade) e/ou perda da elasticidade e modificação da coloração e densidade do cristalino.

A adaptação à luz também se altera, o que dificulta o dirigir à noite: o processo de recuperação do ofuscamento pelos faróis de carros em direção contrária (fotostress) é mais lento com o envelhecimento. Questiona-se a perda neuronal como fator coadjuvante, levando a um aumento do tempo de processamento das informações que seguem pela cadeia visual, alterando assim a qualidade da percepção visual.

Com o tempo, a coloração do cristalino muda (gradualmente fica mais amarelada) e em função disso o espectro azul da luz é absorvido, enquanto o amarelo e o vermelho passam livremente até a retina. Por conta disso, a percepção das cores pode mudar. O azul fica mais escuro, menos vívido e as cores “quentes” sobressaem. Ler ou enxergar etiquetas, caracteres ou objetos em tons pastéis e com letras de baixo contraste fica bem mais difícil.

Da mesma forma, a habilidade de discriminar objetos em movimento ou em seqüência rápida diminui com a idade e, novamente, dirigir requer discriminação visual de imagens e objetos em movimento, mais que estáticos. Por isso sentimos mais dificuldade em dirigir à noite quanto mais envelhecemos, sem que isso reflita apenas um deficit na acuidade visual numérica (estática).

Em resumo, a maioria de nós, quando envelhece, mantém boa visão em condições de boa iluminação e alto contraste. Porém, a visão aferida dessa forma não reflete o que nós vemos no nosso dia-a-dia, a qualidade da visão nas diferentes necessidades diárias como dirigir ao entardecer ou à noite, entrar e sair de um túnel, ver preços em etiquetas em supermercados “com luzes fluorescentes em excesso”, distinguir imagens, objetos ou pessoas em movimento rápido, etc….não tem o mesmo significado da visão 20/20 aferida segundo a tabela de Snellen,usada nos consultorios oftalmologicos.

Dois autores ingleses, Williams e Caird, autores de um livro bastante interessante sobre o olho e o envelhecimento (no qual se baseiam os conceitos contidos neste sumário) disseram que: “o mundo real raramente se apresenta para nós como letras pretas sobre tela branca numa sala escura“.

Numa alusão à forma como aferimos a visão de nossos pacientes, eles nos lembram da importância de uma avaliação global desse paciente, não esquecendo de que, na maioria das vezes, a orientação e o esclarecimento do significado do envelhecimento do sistema visual, suas implicações e formas de melhorar a qualidade da visão são suficientes para atender às queixas e tranqüilizar o paciente quanto as suas dificuldades.

Precisamos de uma boa iluminação, preferencialmente sempre luz incandescente (“quente”) à luz fluorescente (“fria”). Testar vários tipos de lâmpadas e bulbos até achar a combinação ideal que proporcione alto contraste, ler, costurar, pintar ou fazer qualquer trabalho que exija mais da visão de detalhes, sempre com iluminação focal e não apenas com luz difusa.

Uma observação interessante é aquela em que o paciente volta à consulta dizendo: “deve haver alguma coisa errada com meus óculos novos! No dia do exame, quando testamos as lentes, eu vi tão melhor com as lentes que estavam no seu aparelho!!!”. A diferença é que no consultório, o teste da visão de perto é realizado com um foco de luz direcionado para a tabela de leitura . E que luz! E isso faz toda a diferença…


Nós somos preparados durante toda a vida para o envelhecimento; as adaptações fazem parte desse processo. Saber se adaptar e utilizar os recursos à nossa disposição para aumentar a qualidade de vida nesse período é fundamental. Mas, talvez, mais importante que isso é preparar-se para envelhecer. Assim como a prevenção é sempre mais eficaz que o tratamento da doença, o modo de viver (mental e fisicamente sadio) é uma garantia de um envelhecimento saudável e prazeroso.


Nota: A respeito da melhor iluminação a ser usada no dia a dia,o conceito tem mudado.Quem tiver interesse a esse respeito pode consultar os links abaixo sobre ergoftalmologia que falam sobre como potencializar a visão e reduzir o desconforto visual com a utilização de normas especificas estabelecidas para otimizar as tarefas do dia a dia.

“Manual de Ergoftalmologia” http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf

http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo

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A questão a ser discutida exaustivamente é:

A relação custo/beneficio em relação à cirurgia de catarata (facectomia) , momento ideal de fazer a indicação formal do procedimento cirurgico e a observação cuidadosa e individual (cada caso é um caso)!

Apesar do que foi discutido acima…em relação à perda da qualidade visual por conta da redução da sensibilidade ao contraste…devemos ter em mente que quanto mais longevos ficamos,mais tempo conviveremos com o desfecho de curto,medio e longo prazo das intervenções médicas.

Por conta disso devemos ser cautelosos nas indicações dessas intervenções e discutir exaustivamente com o paciente ponderando a respeito das opções em cada caso. Ouvir mais (e com maior interesse) suas queixas e propor soluções pontuais para elas.

Intervir cirurgicamente sempre que for necessario…mas não deixar de oferecer ao individuo a oportunidade de conhecer o cenário completo em que está inserida esta decisão (o que esperar a curto,medio e longo prazo e como tentar minimizar as possiveis intercorrencias).


O individuo esclarecido é um aliado do medico na prevenção dessas intercorrencias e na tentativa de restabelecimento da sua qualidade de visão e de vida! E não o contrario,como pensam alguns…medicos e pacientes.

DR após cirurgia de catarata…

É uma possibilidade…não tão frequente…mas que deve ser mencionada quando se explica ao paciente o procedimento (cirurgia de catarata), intercorrencias e soluções possiveis para elas.Mais que isso…deve ser ativamente buscada a prevenção (do descolamento de retina pós-cirurgico) atraves de um pré-operatorio cuidadoso em relação à retina.

Conforme disse em outro post aqui neste blog (“Como lidamos com o risco calculado da terapêutica médica?”) ,

”…temos que realizar procedimentos que são necessários, mas ao mesmo tempo há  sempre que se ter em mente que devemos esperar reações às nossas ações e nos prepararmos para melhor agir nesses momentos e bem equilibrar essa equação (ação-reação).”

Em termos de descolamento de retina, o tempo que levamos para restaurar a anatomia retiniana cirurgicamente é crucial na recuperação funcional do olho.Quanto mais tempo a retina permanece separada da sua base,do seu leito natural,mais difícil é a recuperação da visão apos o procedimento vitreo-retiniano.

Se o paciente ainda tem alguma duvida a respeito dos procedimentos e suas conseqüências deve  comentar com o medico de forma direta e aberta.Mas nunca deixar  que se perca a “janela terapêutica”…o período de tempo em que o sucesso da intervenção poderia ser alcançado!

Lembrando sempre que também não é incomum, ou melhor, está entre os possíveis secundarismos de uma cirurgia de catarata um eventual DR pós-operatório.Mesmo com a precaução pré-operatoria de um mapeamento retiniano bem realizado para identificar possível degeneração periférica de risco para DR,a cirurgia de catarata é um procedimento que viabiliza este tipo de desfecho, dependendo das condições retinianas previas e de um intra-operatorio mais difícil,por qualquer eventualidade.

Toda cirurgia é um risco calculado. Mas,no caso da catarata, se as condições visuais do paciente apontam no sentido da necessidade do procedimento cirúrgico (facectomia com implante de LIO), esse risco é justificado e está implícito.Deve ser comentado com o paciente e visto como inerente ao procedimento.

Depois do evento (complicação pós-operatoria) o que se tem a fazer é restaurar a normalidade anatômica retiniana o mais brevemente possível  através de procedimento que poderá ser decidido “a priori” mas modificado no intra-operatorio,dependendo das condições/dificuldades técnicas encontradas durante o procedimento.

Mas, o importante  é que, uma vez tendo sido feito o diagnostico de descolamento de retina (DR total) num pós-operatório de catarata,a intervenção cirúrgica é a única possibilidade de recuperação funcional desse olho! E quanto mais rapidamente ocorrer esta intervenção maiores são as chances de uma acuidade visual final satisfatória.

Quanto mais longevos nos percebemos, mais valor damos à qualidade de vida na senilidade.E a manutenção dos sentidos  (principalmente da visão) é ,sem duvida,imprescindível à independência e ao conforto do individuo nesta fase da vida.

Catarata é doença? Quando operar?

catarata senil

A catarata é,necessariamente, uma doença?

Qual a definição de doença?

Vamos falar da catarata senil (aquela que acontece com o envelhecimento…)

A catarata, quando acompanha os sinais e sintomas do envelhecimento não é doença. É  tão somente mais um sinalizador do tempo. A opacificação do cristalino (termo que descreve o que acontece com a “lente do olho” na situação denominada catarata), é uma condição inevitável na existência humana, assim como as rugas. Esses sinais são mais precoces ou mais tardios,dependendo da constituição biológica do individuo e de seu viver (escolhas em relação à alimentação,meio ambiente,condicionamento físico,medicações que teve necessidade de fazer uso em diversas situações e pelas mais diversas razões,estressores internos  e externos,enfim…).

Muitos pacientes dizem que tiveram “parentes que morreram com mais de 90 anos e nunca tiveram catarata”. Eu,sempre que posso,explico que essas pessoas tiveram seu cristalino opacificado  sim, porém, como as atividades a que estavam submetidos não exigiam melhor acuidade; se não eram pessoas que utilizavam a “visão de detalhes” com muita freqüência   (ou seja, pessoas que lêem muito,bordam,realizam atividades que exigem uma acuidade visual superior àquela necessária para assistir TV ,não legendada…) ou mesmo se essa redução da acuidade foi muito lenta (a ponto de haver adaptação do individuo à situação… e ele não sentir dificuldades…) ,isso é mais que natural. Afinal,quantos de nós vai ao clinico se queixar de estar com os cabelos cada vez mais brancos???? Ou mesmo,quando da consulta,ele comenta sobre rugas e fios brancos como “doenças”?    Não, certo?    Porque esses sinais fazem parte do processo degenerativo que é o envelhecimento…  que pode tardar ou ser retardado …   mas acontece, para todos nós!

Mas como hoje nossa exigência visual é bem maior e as agressões possíveis ao organismo também são mais intensas ( estado pró-inflamatorio,  pelos hábitos alimentares cada vez mais equivocados, pelo meio ambiente e a relação camada de ozônio/radiação UV cada vez mais intoxicante, alem de outras causas, levando à antecipação da degeneração orgânica), a opacificação cristaliniana nos atrapalha em maior proporção do que há 30 anos atrás.

a visão fica mais embaçada...mais dificil...

Os sintomas iniciais são as flutuações na qualidade da visão.

Essas flutuações podem estar relacionadas à intensidade de luz ( pouca ) ou à baixa qualidade quando há pouco contraste (visão pior ao entardecer ). Ou seja, a visão é percebida como pior, mais em determinados momentos do que em outros. O individuo começa a perceber que mesmo usando óculos, sua visão continua “meio” embaçada, não enxerga como antes. A sensação é como se as lentes dos óculos estivessem sujas. É comum trazerem a queixa de trocas sucessivas de óculos, sem beneficio visual percebido com a troca. Isso se dá porque o cristalino,antes transparente, agora está ficando mais amarelado (como roupa branca guardada no armário por muito tempo,não é isso que ocorre?).

E enxergar através de um filtro amarelo,não é igual a enxergar através de um vidro “blindex” limpissimo,por exemplo…principalmente quando a atividade é a leitura à noite…Nesse caso,a maior potencia na iluminação melhora muito essas queixas.Assim como para dirigir à noite,as lentes com filtro que ajuda a aumentar o contraste (lentes “night drive”) melhoram muito a acuidade visual nos estágios iniciais da catarata.

Outros sintomas comuns são: halos ao redor das luzes à noite, aumento da miopia no individuo míope ou surgimento dela em outros que nunca foram míopes.Mudança de tipo de “erro refracional” ou seja, o individuo era hipermetrope …essa hipermetropia vem diminuindo progressivamente e de repente …ele passa a funcionar como um miope.Além de visão dupla ou visão “com sombras”.

Acredito que nada na natureza existe sem uma finalidade. Partindo desse principio,e baseada em mais de 30 anos de experiência clinica,percebo que se respeitamos mais o “timing” do organismo,ele agradece no longo prazo…

Ou seja,alguém já se perguntou porque o cristalino se opacifica com o tempo? Será que se trata apenas de uma alteração senil,sem motivo aparente exceto a própria degeneração? Assim como as rugas, por exemplo…

Mas,e se não for assim? Será que o cristalino não tem a função de filtrar a luz azul e reduzir os danos que ela causa à principal área retiniana (a mácula) e com isso,manter a qualidade visual por mais tempo ao longo do processo de envelhecimento (quando inclusive a quantidade de pigmentos protetores diminui acentuadamente)? Se assim não fosse,porque os fabricantes  teriam se voltado para a fabricação de uma lente intra-ocular (LIO) cujo maior apelo é o fato de não ser “transparente” como as outras e sim amarelada (como o cristalino senil)?

LIO implantada no olho (em posição,no centro da pupila)

Alguem pode afirmar que a remoção do cristalino senil (amarelo-alaranjado),ou seja, a cirurgia de catarata (facectomia), nos pacientes com predisposição para a degeneração macular relacionada à idade, não acelera o desenvolvimento ou o aparecimento da doença (DMRI)?

um tipo de lente para implante intra-ocular

Os trabalhos publicados são unanimes em contradizer essa hipótese?


Então porque apressar uma situação que no longo prazo aumenta o risco da DMRI quando o paciente ainda não tem maior queixa em relação à sua visão? Por que a cirurgia precoce ou, pior ainda, a extração do cristalino em olho sem catarata,apenas com finalidade refrativa (diminuir ou eliminar o “grau” que o individuo usa ,na alta miopia).Justamente o paciente que tem a retina debilitada em relação aos outros indivíduos não míopes! Não consigo entender a razão dessa prática.Será que é apenas desconhecimento, falta de competencia  e/ou excesso de zelo meu?

Que o paciente aceite a idéia de estar “livre dos óculos” não estranho,principalmente se ele não é advertido a respeito das possíveis complicações futuras.Mas que o médico sugira esse procedimento…não consigo entender…Nossa função (médicos) é proteger o paciente da doença e não contribuir para sua maior incidencia, principalmente por conta de procedimentos invasivos possiveis mas desnecessários (no caso da cirurgia refrativa relacionada à remoção do cristalino transparente).

Alguns cirurgiões me têm na conta de uma médica que é “contra a cirurgia de catarata”. Como poderia eu ser contrária a uma prática que devolve a visão ao paciente? Que aumenta a qualidade de vida na senilidade? Jamais poderia adotar uma postura tão radical! Seria pouco inteligente se assim o fizesse.O que quero garantir ao meu paciente é apenas a segurança de uma postura mais conservadora, expectante,para melhor avaliar o momento de intervir.De um lado a melhora da qualidade de visão a curto prazo (cirurgia precoce).Do outro , a possibilidade de antecipar ou agravar a DMRI (e outras complicações retinianas e maculares), com a intervenção cirúrgica.Se pudéssemos avaliar (com boas chances de acertar),o tempo de vida de cada um,seria mais fácil decidir.Mas como não temos esse poder,me parece mais inteligente e seguro intervir quando a qualidade de vida estiver prejudicada e esse prejuizo for ativamente referido pelo próprio paciente.

A indicação cirúrgica à simples observação de uma catarata num exame de rotina,sem que o paciente se queixe da visão obtida com nova prescrição de óculos, me parece totalmente desnecessária.(E mal indicada!) Alguns dirão que, quando a catarata já está mais desenvolvida, aumentam as chances de uma cirurgia mais demorada. O que levaria a um pós-operatório imediato mais difícil e um outro “gatilho” para a mesma DMRI (e outras patologias) que estávamos tentando evitar.Eu digo que, se assim for, provavelmente terei dado oportunidade de mais alguns anos de melhor visão para o individuo. Porque ele provavelmente também seria o paciente que deflagraria o processo macular numa cirurgia mais precoce. E aí…ele teria sido submetido a um sofrimento maior porque estaria convivendo há mais tempo com uma visão muito ruim.

Ver embaçado é uma coisa…não distinguir é outra,bem diferente!


como é a leitura de um texto ...para um individuo com DMRI

uma paisagem...vista pelo olho com DMRI

Na dúvida,cabe ao medico fazer uma investigação da qualidade de vida desse individuo atraves da aplicação de um questionario (VFQ  “visual functioning questionnaire”) referido na literatura médica e disponivel em várias bases de dados. http://www.nei.nih.gov/resources/visionfunction/vfq_ia.pdf             http://www.rand.org

Costumo indicar cirurgiões com grande experiência (e excelente casuística) . Ainda assim, procuro antes manter o individuo bem monitorizado do ponto de vista retiniano, “preparando” esse olho para o procedimento.Tento ainda diminuir o estado pró-inflamatorio do paciente alguns meses antes da cirurgia (se já não tiver conseguido melhorar o habito alimentar dele como fator de melhora de qualidade de vida e não apenas com objetivo cirurgico).

Alem disso, as decisões devem sempre ser tomadas em conjunto (medico e paciente e/ou familiares). E com total conhecimento do paciente a respeito do procedimento a que está sendo submetido,benefícios e situações que podem surgir a curto, médio e longo prazo.Como tentar evitá-las e como conduzi-las caso aconteçam. Uma indicação segura será sempre benvinda.

E a relação medico-paciente se fortalece nessa circunstancia,o que já é “meio caminho andado” na direção do sucesso terapêutico!

Leia mais sobre catarata nos links abaixo:

http://saudedofuturo.wordpress.com/2008/10/18/catarata-tudo-sobre-catarata/

http://olyntho.wordpress.com/2010/01/25/catarata-%E2%80%93-reabilitando-a-visao/

http://drvisao.com.br

http://portaldaoftalmologia.com.br