oftalmologia

Medicina

Alimentos importantes para os olhos…

QUAL O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO NA SAÚDE OCULAR?

 

Manter a saúde depende basicamente de 5 fatores: alimentação saudável, exercício físico, sono de qualidade, água e administração do estresse.

No organismo, qualquer órgão ou sistema é regulado eficientemente quando todas essas variáveis estão em equilíbrio.

O que aconteceu com a humanidade ao longo do tempo foi uma transgressão às regras básicas de saúde. Escolhas equivocadas fizeram com que o grande avanço cientifico e tecnológico na Medicina nos tornasse mais longevos…, mas sem a qualidade de vida esperada.

Em relação aos olhos, as doenças degenerativas mais prevalentes na senilidade são o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI).

GLAUCOMA E VISÃO PERIFERICA

 Não incluí a catarata por entender que a perda de transparência do cristalino é comum a todos nós no processo de envelhecimento. Como muitos dizem, a “catarata é o cabelo branco do olho”. Alguns apresentam perda transparência mais cedo do que outros por diversos fatores (metabólicos, traumas, descargas elétricas, fumo, etc). Em geral a cirurgia (indicada apenas quando há déficit funcional importante e que altere a qualidade de vida do indivíduo) restaura a acuidade visual.

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificá- veis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. Existem duas formas de DMRI: a forma seca e a úmida (bem mais grave, com desfechos negativos importantes e de rápida evolução).

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

O papel de alimentação na saúde ocular é o mesmo que na saúde dos outros órgãos e sistemas: garantir que as células recebam os micronutrientes necessários à manutenção da higidez do sistema visual.

COMIDA PROIBIDAjunk food

Como vivemos na era do fast food (escolha equivocada), nossas células se ressentem em algum momento da falta de nutrientes. O organismo tenta retirar de um sistema para nutrir outro, vai tentando se equilibrar …mas em algum momento uma disfuncionalidade ocorre…e a doença surge.

Vale a pena usar suplementos alimentares para promover a saúde dos olhos?

 

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

alimento é remedio

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

A suplementação pontual e supervisionada é válida por tempo determinado, enquanto se faz a reeducação alimentar. Depois os micronutrientes serão ofertados através de uma alimentação saudável e bem controlada (a dita nutrição funcional). Por conta da biodisponibilidade maior serão totalmente absorvidos e estarão suprindo de forma ideal a necessidade celular.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

Mas hoje trabalhamos com a ideia de que a ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes “in natura”, através de uma alimentação mais saudável ainda é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

No caso da DMRI, o Instituto Nacional de Saúde americano publicou dois estudos (AREDS 1 e 2) sugerindo protocolo de suplementação em indivíduos que JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI SECA ou que têm familiares diretos com a doença.

NÃO É recomendada suplementação para prevenção de DMRI! Somente na tentativa de retardar a evolução da doença JÁ EXISTENTE!

O consenso atual nesses casos seria suplementar em casos de DMRI SECA (categorias 3 E 4):

VITAMINA C 500MG

VITAMINA E 400UI

OXIDO DE ZINCO 80MG

AC.CUPRICO (COBRE) 2MG

OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G (epa180mg : dha 120mg)

LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG

Estudos como o AREDS, o LUNA e o POLA (francês) sugerem papel protetor principalmente da zeaxantina contra a DMRI. Porem outros estudos NÃO FORAM CAPAZES de mostrar correlação positiva entre a suplementação e benefícios na prevenção da DMRI.

Quais alimentos influenciam diretamente na saúde da visão?

 GLUTATIONO glutation (ou glutationa) é uma molécula muito importante no metabolismo ocular e com o envelhecimento sua concentração intra-ocular diminui bastante. A ingesta de alimentos que contém alguns nutrientes específicos auxilia na síntese orgânica do glutation. O ácido alfa-lipoico e ao aminoácido cisteina são alguns desses nutrientes.

Encontramos alfa-lipoico no espinafre, tomate, ervilhas e couve de bruxelas. Algumas fontes de cisteina são gema de ovo, alho, pimenta e brócolis. O selênio também é vital! Fontes interessantes são as nozes, as sementes de girassol, aveia, atum, ovos e arroz integral.

GEMA OVO E LUTEINA

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes seriam: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides).

Vegetais frescos (crus) como a couve e salsa no suco verde diário…uma excelente opção!    IMAGEM SUCO VERDE internet

Em relação aos temperos, a salsa, o açafrão, o cominho e a canela são os mais importantes. O manjericão e a páprica também são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina será absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de água fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc). O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3.

Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo que é suplementado ou ingerido através da alimentação.

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DMRI: a prevenção é possível…

A degeneração macular relacionada à idade(DMRI) é a causa mais comum de perda visual irreversível em indivíduos acima de 50 anos!

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificáveis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. A forma úmida é bem menos comum que a seca.Com isso, o prognostico melhora.

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

dmri forma seca

 

Mas segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 180 milhões de pessoas em todo mundo apresentando algum grau de deficiência visual (mais de 50 milhões de pessoas legalmente cegas, que não podem sequer se locomover sem ajuda).

DIRIGIR COM DMRI

a perda visual na DMRI é central, ao contrario da perda visual na doença glaucomatosa

 

 

ESTUDO AREDS   “Age-Related Eye Disease Study”   http://elizabethnavarrete.com/tag/areds-2/

O INH, INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE, DOS EUA PUBLICOU DOIS ESTUDOS (AREDS 1 E 2) SUGERINDO PROTOCOLO DE SUPLEMENTAÇÃO PARA USO EM INDIVIDUOS QUE JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI seca OU QUE TêM FAMILIARES DIRETOS COM  DOENÇA.

NÃO É RECOMENDADA SUPLEMENTAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DMRI; E SIM NA TENTATIVA DE RETARDAR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA!
VITAMINA C 500MG
VITAMINA E 400UI
OXIDO DE ZINCO 80MG
AC.CUPRICO (COBRE) 2MG
OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G epa180mg : dha 120mg)
LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG
AINDA CONTROVERSOS OS RESULTADOS DO AREDS E DE OUTROS ESTUDOS COMO O LUNA (12MG LUTEINA+1MG ZEAXANTINA) E O POLA (FRANCES)  QUE TAMBEM SUGERIU PAPEL PROTETOR DAS XANTOFILAS PRINCIPALMENTE A ZEAXANTINA CONTRA A DMRI.
POREM OUTROS ESTUDOS não FORAM CAPAZES DE MOSTRAR CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE suplementação de luteina e zeaxantina e beneficios na prevenção da dmri.
O consenso hoje é suplementar em casos drmi seca (categorias 3 E 4).

SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO:

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

 

CAROTENOIDESOVO E LUTEINAFOLHOSOS E LUTEINA

A ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes in natura, através de uma alimentação mais saudável é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

Outro fator importante a se considerar é que quanto mais alto o HDL, maior é o transporte de luteína para a retina, onde ela é tão necessária! O mesmo acontece com a zeaxantina.

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides)

Em relação aos temperos, a salsa e manjericão além da páprica são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

Veja mais sobre alimentos que são  fontes naturais de carotenoides (luteina e zeaxantina) em http://www.ehow.com.br/alimentos-ricos-luteina-zeaxantina-lista_206210/

 

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de agua fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc).

O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3. Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo.

 

A prática de exercícios aeróbios é capaz de ajudar a aumentar o HDL plasmático e, com isso (entre outros fatores), ajuda a evitar e/ou reduzir a gravidade da DMRI. Assim como em todas as outras doenças degenerativas cronicas, prevenir é possível…e é o melhor remédio, SEMPRE!

Vamos lá!

MOVIMENTE-SE!

www.euemmovimento.com

 

 

 

Oftalmologia Preventiva…como se faz?

OFTALMOLOGIA PREVENTIVA

Falar sobre prevenção em oftalmologia é, em primeiro lugar, falar da garantia de boa qualidade visual futura, através da avaliação precoce da visão na infância, visando à prevenção da ambliopia (que é o não desenvolvimento -evitável- da acuidade visual potencial num dos olhos em decorrência de estrabismo ou outra patologia oftalmológica que não tenha sido diagnosticada antes dos seis anos de idade.

Falar da prevenção dos traumas oculares, causa importante e bem conhecida de cegueira evitável no mundo! Acidentes de trabalho, acidentes de transito e acidentes domésticos.

Falar de como a hipertensão arterial, a obesidade, a síndrome metabólica (através do aumento da resistência à insulina) e o diabetes podem interferir negativamente na qualidade visual em longo prazo.

Enfim,

Falar da prevenção das doenças crônicas degenerativas oculares como o glaucoma, algumas uveítes e a DMRI (degeneração macular relacionada à idade), que podem ter início antes da idade adulta e apresentar desfechos negativos mais precoces ou na senilidade, reduzindo a qualidade de vida dos indivíduos.

Estratégias: exames oftalmológicos de rotina, orientação a respeito de normas de segurança no trabalho e cuidados para prevenção de acidentes domésticos. Mas, principalmente em relação às doenças crônicas degenerativas, é imprescindível a conscientização da necessidade de manter estilo de vida mais saudável.

E essa conscientização deve ser feita através da construção, desde cedo, do conhecimento a respeito das doenças oculares e sua prevenção!

Elizabeth Navarrete

Leia mais em http://www.duvidasemoftalmologia.wordpress.com

Visual snow…vamos ajudar a entender?

 

 

Um internauta encaminhou dúvida a respeito da neve visual, sintoma bastante incomodativo e muitas vezes incapacitante. Como ele vários outros têm relatado este sintoma, sem que tenha sido proposta alternativa terapeutica eficaz:

 

“Gostaria de saber sua opinião sobre um tema relacionado à visão, até então, acredito eu negligenciado pela medicina brasileira e de muitos outros países. Me refiro ao que tem sido relatado como neve visual ( do inglês: “visual snow”) ou síndrome da neve visual, cujos sintomas passei a desenvolver há algum tempo. Dentre esses sintomas, o principal é a visualização de imagens como estática de aparelho de tv, com chuviscos, principalmente quando se olha para superfícies escuras ou ambientes com pouca luminosidade, outro sintoma característico é a palinopsia que  consiste na visão do contorno de um objeto por algum tempo após ter desviado o olhar do mesmo…”

Diz ainda:

“…São sintomas muito incômodos que culminam muitas vezes em depressão ou pânico. Eu particularmente estou preocupado, ansioso e com baixa auto-estima por causa disso”.

E sugere links para consulta a respeito de neve visual (visual snow):

“Para uma visão geral do assunto:
http://en.wikipedia.org/wiki/Visual_snow

http://www.psychologytoday.com/blog/overcoming-pain/201205/melting-the-myths-visual-snow

http://www.eyeonvision.org/visual-snow.html

Grupo internacional no facebook:
https://www.facebook.com/groups/229020277110681/

Um estudo sobre o assunto:
http://neuronresearch.net/vision/clinical/snowyvision.htm

Desde já agradeço o espaço e a oportunidade de expor esse assunto!”

 

Este tópico vem sendo discutido cada vez mais, provavelmente devido a aumento rápido e importante da sua incidencia na população. Uma investigação clinica primária pode ajudar pesquisadores a entender a fisiopatologia da sensação visual incomum e principalmente encontrar um meio de neutralizar este sintoma que pode reduzir drasticamente a qualidade de vida do individuo portador.

 
Sugestão de questionario básico (“aproach” inicial)

<strong>QUESTIONARIO “VISUAL SNOW”</strong>

1-sexo,idade,
2- quanto tempo de uso tela computador/dia?
3-especificações de tela?
4-atividade principal (tela com gráficos, apenas textos, muitos matizes de cor e desenhos,etc)
5-quando começou (tempo) a percepção do “visual snow”?
6-quanto tempo dura o incomodo visual (24 h, algumas horas, apenas durante algumas atividades, em que situações piora.Citar)
7-a que você atribuiu ou relacionou o inicio dos eventos?
8- usa óculos? (miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo?). Lentes com anti-reflexo?
9-você tem outros tipos de hiper-reatividade sensorial?  Zumbido, tinnitus, flashes,hiperosmia, hiperacusia…
10-Você fez algum tipo de tratamento (oftalmológico) com laser previamente ao inicio do evento visual?
11-Tem dor de cabeça frequentemente? Tem o diagnostico de migranea ou enxaqueca? Com ou sem “aura”?
12-Tem cinetose (enjoo de movimento ou motion sickness)?
13-Tem diagnostico prévio ou recente de disritmia ou qualquer outra alteração do traçado EEG?
14-Já fez PEV (potencial evocado visual)? Resultado?
15-Tem historia pessoal ou familiar (atual ou anterior) de epilepsia mesmo na forma minor, como na “ausência”?
16-Está em uso de qualquer medicamento, alopático ou fitoterápico? Vitaminas ou qualquer outra droga, lícita ou ilícita?
17-Tem pânico de falar em público?
18-Tem as mãos frias e úmidas (característica inata ou recente) principalmente quando em situações de estresse ou ansiedade?
19-Tem diagnóstico formal de transtorno de ansiedade generalizada (TAG)?
20-Em algum momento tem (ou teve) diplopia (visão dupla)? Foi diagnosticado de estrabismo latente (ou heteroforia),quando a visão binocular está alterada em alguma de suas características?
21-Tem diagnostico de alteração da visão de cores (discromatopsia)?
22-Alguma outra observação que relacione ao seu sintoma e que considere importante e não esteja comentada aqui? Cite.

Complementação:

a-Teste de Ishiara (visão de cores)
b-campo visual computadorizado
c-PEV (potencial evocado visual)
d-ERG (eletroretinograma)
e-topografia corneana ou ceratoscopia computadorizada

A avaliação da superfície ocular (aberrometria) é sugestão apenas para alguns casos especiais.

À disposição para sugestões e encaminhamento de questionarios atraves do email:

 

duvidasemoftalmologia@gmail.com

 

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

Conheça mais sobre sensações visuais incomuns…

Fotopsias, flashes, escotomas cintilantes e espectro de fortificação

 

Como o post mais visitado no blog continua sendo a respeito de moscas volantes, fotopsias e flashes,resolvi publicar a resposta a uma internauta que fez um comentario ilustrando bem o que sente e o que preocupa um individuo que passa a perceber alterações visuais incomuns.

Neste caso em especial provavelmente devido a alterações hormonais da gravidez. Espectro de fortificação ( ou aura) é o nome que se dá ao conjunto de sinais e sintomas visuais que podem anteceder uma crise de enxaqueca ou  que sinaliza a existencia de uma “migranea (enxaqueca) sem dor”…em que está presente apenas o fenomeno visual, informando a baixa oxigenação encefálica temporária, causada pela vasoconstricção caracteristica. Mais abaixo no texto ela mesma explica por que entende que os sintomas atuais não se devem à sua enxaqueca com aura…

 

Ela disse:

 

“Esses pontos brilhantes passaram a “estacionar” no canto do meu olho (próximo ao nariz) e formando um ponto grande e brilhante (acho que um escotoma cintilante, sei lá), fico muito nervosa quando acontece e saio do computador, vou caminhar, e esse negócio fica lá por uns 10 segundos, e depois que pisco, movimento e fecho os olhos esse troço some. Aconteceu umas três vezes nas ultimas semanas, apenas no olho esquerdo”.

 

Se tem aparecido apenas em um dos olhos, mais um motivo para retornar ao oftalmologista e refazer seus exames oftalmológicos!

 

“Já me disseram que esses pontinhos brilhantes na visão poderiam ser pressão alta, mas não acho que seja, pois passei a monitorar minha pressão e está sempre normal. Já me citaram até labirintite, o que pode ser também, pois vivia com tonturas antes da gravidez, e agora fica difícil saber se estou tonta porque tenho labirintite ou por causa da gravidez. Pretendo ir ao otorrino logo também”.

 

Alguns individuos que têm enxaqueca podem apresentar, desde crianças, sintomas relacionados ao equilíbrio. Como enjoar ou  ficar tonto ao tentar ler num carro em movimento. Ou se sentir mal ao andar de costas (contra o sentido do movimento do veiculo (numa van ou ônibus). A isso se dá o nome de “enjoo de movimento” ou cinetose ou “motion sickness”. Em determinadas ocasiões essa desordem do equilíbrio fica exacerbada.

 

“Isso que sinto está relacionado aos olhos ou é sintoma de algum outro problema?”

 

O oftalmologista só poderá  afastar causa oftalmológica para suas queixas após nova e criteriosa avaliação que incluirá (novo) mapeamento de retina e US (ultra-sonografia globos oculares), além de verificar se existe alguma alteração na acuidade visual, na visão de cores (teste Ishiara é o mais comum e simples). Um campo visual computadorizado poderia ser incluído.

Se nenhuma alteração for observada você  deverá ser encaminhada a um bom clinico geral e um neurologista. Desregulações vasculares podem ser responsáveis por alterações no sistema nervoso simpático e tonteiras e “alucinações visuais” transitórias podem fazer parte do quadro. Pergunte ao seu obstetra, clinico e/ou neurologista  se, como migranosa (enxaquecosa) que é,  estas alterações poderiam se intensificar (ou mudar a forma de apresentação) com a gravidez.

E calma, se for o caso, não sinalizam risco maior. Apenas você deve ser avaliada com maior freqüência.
“Tenho enxaqueca com aura, mas esses pontos não são da aura, eu acho, porque só enxergo tais pontos com os olhos abertos e um olho por vez, diferente da aura que enxergo as linhas brilhantes piscando com olhos abertos ou fechados e nos dois olhos. Além do mais, esses pontinhos brilhantes são passageiros, aparecem e somem de repente, já a minha crise de aura dura uns 20 minutos”.

 

Existem várias possibilidades para esses “pontinhos brilhantes”. Uma delas é a mudança de característica da migranea na gravidez (devido à alteração hormonal). São relatados vários tipos de enxaqueca na literatura e muitas formas da aura se manifestar. Os “escotomas cintilantes” citados podem estar presentes na hipertensão arterial,sim. Mas costumam se apresentar acompanhados de enjoo e/ou desconforto na nuca. Mas são descritos por este nome em alguns blogs referindo-se à uma das formas de apresentação da “aura”.

Ler na integra artigo sobre enxaqueca no link http://oftalmoneuro.blogspot.com/2007/06/enxaqueca.html (A aura pode se constituir de pontos claros ou escuros, ziguezagues, embaçamentos, imagens em ouebra-cabeças, escotomas cintilantes, visão em túnel, hemianopsias homônimas, hemianopsias altitudinais, ou um espectro em muralha).


Em resumo, se a causa não for oftalmológica, deve buscar a desregulação vascular como principal causa (seja ela devido à própria migranea,alterada pela gravidez,seja alteração do sistema nervoso autônomo secundário às condições da gravidez ou outras a serem avaliadas). Lembrar que em mulher jovem, tonteira ou sintomas do tipo “labirintite” podem  estar relacionados à tireóide.

 Nunca é demais lembrar que  é preciso uma avaliação do seu oftalmologista e de médicos referenciados por ele (neurologista e/ou otorrino) depois da avaliação e se for afastada causa oftalmológica para os sintomas.

As informações contidas neste blog não substituem avaliação médica que é sempre necessária e imprescindível!

O objetivo aqui é tão somente informar o individuo para que ele possa ser pró-ativo, conhecer  as formas de adoecimento,entender como se processam as alterações organicas e ajudar seu médico a tratá-lo.

A informação para leigo  é instrumento útil para orientá-lo e tentar esclarecer suas dúvidas. Tão somente!

Você está cuidando bem do seu glaucoma?

O glaucoma é uma doença em que o nervo óptico deixa de ser oxigenado devidamente. Com isso, as fibras nervosas que levam a informação visual para o cerebro vão desaparecendo ao longo do tempo. Essas fibras estão reunidas no nervo óptico e podemos visualizar essa perda gradual atraves do exame da papila ou disco óptico.
Pela observação direta ou indireta (fundo do olho ou retinografia), pelos exames de imagem (GDX, HRT ou OCT) ou pela perda funcional refletida no exame de  campo visual.

Então, se a hipóxia (diminuição da oxigenação) é a causa, as doenças que afetam a microcirculação como hipertensão arterial, diabetes, enxaqueca, hipotensão arterial severa,aterosclerose e apnéia do sono são fatores de risco para desenvolvimento da doença glaucomatosa.

Quer saber mais? Acesse https://elizabethnavarrete.com/2010/02/15/glaucoma-e-doenca-vascularqual-a-relacao/
Então o que podemos fazer é melhorar a nossa micro circulação. Como fazemos isso?

Eliminando o sedentarismo. Fazendo exercícios aeróbicos quatro a seis vezes na semana, por exemplo, andando rápido, 4 a 5 km durante 40 a 50 minutos, na freqüência cardíaca submáxima avaliada no seu teste de esforço.  Melhor que isso… procure um profissional de educação física e busque essa informação diretamente com ele, personalizando o seu condicionamento físico.
Mas em geral esse é o protocolo.
Além disso, claro, corrigir a dieta de acordo com a sua doença e mantê-la sob rígido controle, seja ela qual for!
E não se esqueça… pingar colírios, fazer laser ou operar o glaucoma (aspecto oftalmológico) e tomar remédio e controlar a doença tanto no aspecto laboratorial  quanto de resultado de exames complementares (aspecto cardiovascular) não basta!

Isso não assegura saúde microvascular. Apenas indica que o que pode ser feito em relação a essas estratégias está sendo feito. Nada mais!

Faça a sua parte!

O exercício é a única intervenção capaz de modular o endotélio vascular e retardar ou limitar as alterações que podem levar a curto, médio ou longo prazo a desfechos negativos tanto cardiovasculares quanto oftalmológicos.

Você sabe o que é ambliopia e a importância do diagnóstico precoce?

O objetivo aqui é lembrar a importância do diagnóstico precoce da baixa visual na criança. O sistema visual é dotado de uma plasticidade excepcional, mas a intervenção profissional após os oito anos de idade não resulta em benefício palpável à visão do individuo. Estou me referindo a um  distúrbio visual conhecido como “ambliopia” em que a visão de um dos olhos é menor que a do outro, mesmo tendo sido corrigida a sua refração (“grau do olho”).

A causa pode ser uma diferença importante de grau entre os dois olhos, um estrabismo (desvio dos olhos) inaparente ou tão pequeno a ponto de não ser observado pela família ou professores da criança. Ou ainda uma doença ocular (ainda não diagnosticada)  num dos olhos apenas (tipo catarata congenita, retinocoroidite por toxoplasmose).Em todas essas situações o olho em questão não recebe informação da área responsável pela visão no córtex cerebral.Ou pelo menos não a processa da mesma forma que o outro olho podendo gerar uma disparidade de imagens intolerável a ponto do cérebro “anular” uma das imagens e aquele olho em questão não se desenvolver do ponto de vista funcional. Ele tem a estrutura aparentemente normal, porém quando avaliamos a função visual  verificamos que apenas um dos olhos tem visão normal,cem por cento ou 20/20,citando a escala americana (tabela de Snellen) que é a referência universal em termos de acuidade visual.

E (aí reside a importância da informação),se não instituímos terapêutica apropriada,de preferência até os seis anos, na idade adulta esse individuo jamais terá a possibilidade de reverter a disfunção e atingir qualidade visual normal no olho dito “amblíope”. As campanhas nas escolas, através do programa de treinamento de professores e funcionários capacitados para este tipo de avaliação é importante nas regiões em que o acesso dessas crianças ao oftalmologista é difícil.

Nas áreas metropolitanas o encaminhamento da criança para avaliação visual deve ser feito de forma sistemática pelo pediatra ou pela escola, pelo menos aos seis anos de idade. Idealmente seria referido aos quatro anos. E aqueles com baixo peso ao nascer ou originados de gravidez de risco ou ainda aquelas crianças que necessitaram do uso de incubadora devem ser avaliados pelo oftalmopediatra antes de deixarem a maternidade. Se esse protocolo não for seguido, a criança deverá ser avaliada por oftalmologista nos primeiros meses de vida (teste do reflexo vermelho, também conhecido como “teste do olhinho”) e se não existir nenhuma outra intercorrência devem ser reavaliados aos dois e aos quatro anos de idade.

Existem várias formas de avaliarmos crianças pré-verbais, que anda não podem informar a visão. Dependendo da faixa etária, além do “reflexo vermelho”, a simples oclusão de um dos olhos ,sem que se encoste a mão na criança (uma vez que isso pode gerar desconforto e a resposta mal interpretada) pode sinalizar existência de anormalidade visual. Quando colocamos a mão na frente de um dos olhos da criança e ela chora ou tenta se esquivar, podemos estar obstruindo a visão do único olho pelo qual ela vê o mundo e por isso ela chora ou se altera. Um teste fácil de ser realizado e que se repetido várias vezes e mostrar a mesma resposta pode sinalizar déficit visual importante. Simples assim!

Links para mais informações a respeito:

http://www.sbop.com.br/sbop/ste/interna.asp?campo=60&secao_id=32

http://www.isodf.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=104%3Aambliopia&catid=19%3Aconteudo-doencas-oculares&lang=pt

 

 

Iatrogenia ocular: causa e efeito, ação e reação!

Devemos sempre levar em consideração que, cada vez que o olho (ou qualquer outro órgão) é submetido à exploração cirúrgica ou procedimento invasivo, mesmo que seja para consertarmos algo que realmente necessita de reparo, esse procedimento implica necessàriamente em alguns riscos a curto, médio e longo prazo.


A medicina e suas formas terapêuticas, quaisquer que sejam elas, devem sempre ser pensadas desta forma: um recurso pontual imprescindível ao órgão doente, mas que sempre implica em um risco calculado que deve ser absorvido tanto pelo médico, ao escolher a melhor forma de atuar naquele momento, quanto pelo paciente. Este deve entender e conhecer as limitações do conhecimento científico quanto às projeções futuras, no longo prazo, assim como todas as alternativas disponíveis para cada situação de doença. E deve conversar com seu médico a respeito delas e de suas dúvidas, a cada momento.

A resposta do próprio organismo à “invasão” que sofre, seja de que etiologia (causa) for se dá quase sempre sob a forma inflamatória, ou seja, células encarregadas de combater agressores (sejam eles ambientais, microbianos ou agentes físico-químicos) se multiplicam e migram para o “local invadido”. Dependendo da resistência orgânica e da situação psiconeuroendócrina do indivíduo que sofreu a agressão, essa resposta resultará em maior ou menor dano secundário a esse organismo.

É por isso que quando nós extraímos um dente, por exemplo, ou somos submetidos a uma cirurgia, recebemos no pós-operatório alguma substancia anti-inflamatória, para evitar um dano maior devido à reação orgânica (normal e esperada).

Trocando em miúdos:

 

Temos que realizar procedimentos que são necessários, mas, ao mesmo tempo, temos que ter sempre em mente que devemos esperar reações às nossas ações e nos prepararmos para melhor agir nesses momentos e bem equilibrar essa equação (ação-reação).

A informação pontual recebida através do médico assistente traz tranqüilidade quanto ao que esperar a cada etapa de um tratamento. Uma rotina de exames é necessária para dar a melhor solução para cada dificuldade que surja. O acompanhamento contínuo durante esse período é decisivo, além da confiança baseada em uma sólida e bem estabelecida relação médico-paciente.

As dúvidas e apreensões dos pacientes são legítimas. Informar-se a respeito do que ocorre com seu organismo quando ele adoece é importante sim, até para ajudar melhor na recuperação. Porém, os indivíduos devem investir também, e cada vez mais, na relação com seu médico. Ambos têm a mesma expectativa: o retorno rápido ao estado de normalidade funcional e recuperação da saúde.

Muito interessante o tópico de autoria de um oftalmologista bastante conhecido no cenário nacional, Dr.Claudio Lottenberg. O texto ”Neuroadaptação: uma realidade que os pacientes devem conhecer” está disponível na internet. O conteúdo, na íntegra, você pode conferir no endereço www.lotteneyes.com.br/blog/page/2/

 

O site fornece “explicações sobre a qualidade de visão após procedimentos invasivos em oftalmologia, visando a restauração da visão”.

 

Um trecho:

            “Nossa preocupação destina-se a discussões acerca da córnea, do cristalino, da retina e pouco se fala de sua integração neurológica. Muito embora estas estruturas sejam vitais o sistema neural trabalha de forma integrada com os olhos e com suas diferentes estruturas intracerebrais e, comparativamente à estrutura de um computador com hardware e software, ainda de forma não totalmente compreendida pela comu- nidade científica”.

Por hardware pode-se entender as estruturas oculares e o software é o cérebro (sistema neuronal de integração de informações).

            E ele continua:

            “Assim, ao interferirmos na correção da miopia, por exemplo, ou então ao removermos uma catarata, ocorre uma modificação do sistema visual para a qual o cérebro humano deve adaptar-se. Pequenas modificações impõem adaptações menores e modificações maiores impõem adaptações também maiores do nosso cérebro. Assim fica patente que nem sempre a melhor tecnologia será facilmente adaptável e em muitas circunstancias nem sempre é fácil orientar nossos pacientes para que tenham a devida paciência neste processo, mesmo porque é imprevisível cercar todas as variáveis envolvidas. Infelizmente, embora seja uma minoria, alguns destes pacientes jamais se adaptarão.”

            “… o entendimento deste processo de neuroadaptação é fundamental para os pacientes que são submetidos à cirurgia refrativa e para cirurgia de catarata, pois estas criam modificações que, muitas vezes, requerem tempo para que o êxito seja perceptível por parte do paciente”.

Incluí este comentário para ratificar a necessidade da informação médica ser repassada ao paciente, sempre que for solicitada ou mesmo quando não o for. Imagine o desconforto (tanto do paciente quanto do médico) quando após uma cirurgia refrativa ou de catarata, a qualidade da visão está aquém do esperado (e desejado pelo paciente). O mesmo acontece em relação a outros procedimentos em oftalmologia. Ainda mais em se tratando de beneficio estético e não curativo!

A expectativa do paciente deve ser bem compreendida pelo profissional. Segurança e determinação de fazer o melhor devem ser transmitidas ao indivíduo. Mas nenhum dado deve ser omitido, sob pena de compreensão inadequada, por parte do paciente, de todo processo envolvido no ato médico, gerando problemas mais tarde.

O médico vivenciará uma situação desconfortável, mas o paciente conviverá daí em diante com o resultado ruim que identificará como erro médico. Muitas das vezes não existiu erro algum! Houve sim um resultado ruim, possível de acontecer, que foge ao controle do médico cirurgião e acontece em virtude de complicações cirúrgicas ad- vindas do próprio processo invasivo. Ou ainda, a cirurgia foi feita conforme o planeja- do, sem nenhuma intercorrência, a visão final obtida foi a melhor possível (20/20 ou se- ja 100%), mas qualitativamente ficou aquém da expectativa do indivíduo que se sub- meteu ao procedimento. A visão de contraste ou a estereopsia reduzidas ou ainda o in- cômodo ofuscamento induzido pelo procedimento são pouco tolerados por ele, a des- peito do benefício visual quantitativo. Então ele passará por um processo de adapta- ção e será bem sucedido (na maioria das vezes) ou não, como disse o Dr. Lottenberg.

Estar ciente de todos os possíveis danos ou desconfortos (temporários ou de caráter definitivo) passíveis de acontecer como efeito colateral de procedimentos aos quais será submetido é imperativo!

Mais do que isso, é um direito do paciente e um dever do médico.

 

 

           

Fatores determinantes no tratamento anti-glaucomatoso!

Determinação da “pressão-alvo” e da flutuação da PIO são os dois fatores determinantes em qualquer estratégia terapeutica voltada para o tratamento do glaucoma.

 

 

Falando sobre a importância do tratamento (e acompanhamento) do glaucoma

Quais as etapas desse processo?


O primeiro passo é a determinação da “pressão alvo”, que é aquela que, uma vez obtida e mantida, em controles seqüenciais não se observa evolução da doença. Em outras palavras, não há progressão da perda campimétrica e/ou do defeito da camada de fi- bras nervosas, se a PIO não atinge valores acima do identificado como “ideal” para de- terminado individuo.

O controle do dano é o que se busca! A doença pára de evoluir! A princípio e em regra geral, buscamos uma redução de em torno de 30% do valor inicial, observado na primeira consulta (“PIO de base”).

Podemos atingir este valor com uma medicação única (monoterapia), com duas ou mais drogas combinadas ou somente quando associamos aos colírios a terapia com laser ou cirurgia (nos casos refratários ao tratamento medicamentoso).

Deve ficar bem claro que o tratamento do glaucoma não significa apenas medir a pressão ocular sistematicamente. O critério de controle é baseado na combinação da medida da pressão, avaliação do dano perimétrico (campo visual), aspecto do nervo óptico (análise comparativa de retinografias) e monitorização do dano funcional através de exames de imagem que analisam a perda da camada de fibras nervosas, conhecidos pelas siglas GDX, HRT e/ou OCT.

Diminuir a pressão intra-ocular reduz a chance de haver perda campimétrica, ou seja, diminuição da visão periférica. Mas, cada indivíduo tem uma suscetibilidade ao dano campimétrico diferente (maior ou menor). A redução da pressão, para ser considerada ideal tem que ser capaz de evitar a progressão da perda visual periférica nas avaliações subseqüentes, em pelo menos três exames consecutivos. Manter a qualidade de visão até o final da vida é o objetivo ao se determinar a pressão alvo de um indivíduo portador de neuropatia óptica glaucomatosa.

Tendo chegado ao valor individual da pressão-alvo” devemos ter outra preo- cupação em mente: certificarmo-nos de que essa pressão não varia de forma importante durante o dia. Ou seja, quando medimos a pressão ocular durante uma consulta, ela pode não refletir a média das pressões a que está submetido aquele olho o dia inteiro.

Assim como a pressão arterial sofre alterações diuturnas (seja por alterações no controle cerebral central, seja por variações hormonais produzidas pelo próprio organismo), a pressão intra-ocular também pode sofrer variações. Muitas vezes, essa oscilação é tão importante a ponto de ser capaz de lesar o nervo sistematicamente e ser a causa da progressão da perda visual em indivíduos aparentemente controlados, com pressão in- tra-ocular (PIO) baixa, avaliada em consultas de rotina.

Para identificarmos a flutuação da pressão ocular, fazemos uma curva tensional diáriaCTD – em que são tomadas várias medidas da PIO ao longo do dia, a intervalos regulares, por exemplo, de duas em duas horas, pela manhã e à tarde.

Já sabemos então que não basta reduzir a pressão ocular, temos que ter certeza de que ela se mantém estável ao longo do dia. São dois objetivos: identificar a pressão-alvo e confirmar a ausência de flutuação. Este duplo controle é eficaz na grande maioria dos casos.

Em alguns indivíduos a maior flutuação ocorre à noite (em torno de 34%). Nesses casos, apesar da não haver flutuação diurna da PIO, a progressão do defeito campimétrico continua acontecendo. São em sua maioria pessoas que mostram um padrão de redução importante da pressão arterial durante a madrugada. A pressão ocular elevada reduz mecanicamente (por compressão) o fluxo de sangue na cabeça do nervo óptico, diminuindo a sua oxigenação. Se, neste momento, além dessa dificuldade existe a redução do fluxo sanguíneo pela diminuição da pressão arterial (força com que o sangue é impulsionado do coração para os tecidos), a oxigenação e nutrição do nervo óptico ficam bastante prejudicadas.

Isso explica porque mesmo com o controle da PIO e da sua flutuação diurna, alguns indivíduos não mostram o mesmo sucesso terapêutico dos demais. Eles são iden- tificados através da M.A.P.A.: apresentam uma redução da pressão arterial noturna mai- or do que a observada comumente. Na condução desses casos então passa a ter maior importância ainda a cooperação multidisciplinar (oftalmologista e cardiologista / clínico /geriatra).

Podemos intervir e controlar os desvios de percurso do nosso organismo na patologia glaucomatosa. As doenças (principalmente as crônicas degenerativas) são a expressão do descontrole na condução das atividades de manutenção orgânica. Em outras palavras, quando nosso corpo perde a capacidade de resolver, sozinho, a complicada equação da homeostasia (estado de total equilíbrio interno), nós (pacientes e médicos) devemos tomar para nós a tarefa de reequilibrá-lo, para que ele continue a ser capaz de oferecer a qualidade de vida para qual foi programado.

Cada um de nós tem o seu papel. Cabe a você entender que, em relação à sua saúde, o papel principal é seu! O médico aponta as soluções possíveis, mas é você que acorda e dorme com a responsabilidade de mudar a sua realidade e se permitir um futuro melhor através da retomada do controle do seu corpo. E pode acreditar: pingar o colírio é importante… mais do que isso, é fundamental!

É uma luta diária. Mas que vale a pena, com certeza!