prevenção

Alimentos importantes para os olhos…

QUAL O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO NA SAÚDE OCULAR?

 

Manter a saúde depende basicamente de 5 fatores: alimentação saudável, exercício físico, sono de qualidade, água e administração do estresse.

No organismo, qualquer órgão ou sistema é regulado eficientemente quando todas essas variáveis estão em equilíbrio.

O que aconteceu com a humanidade ao longo do tempo foi uma transgressão às regras básicas de saúde. Escolhas equivocadas fizeram com que o grande avanço cientifico e tecnológico na Medicina nos tornasse mais longevos…, mas sem a qualidade de vida esperada.

Em relação aos olhos, as doenças degenerativas mais prevalentes na senilidade são o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI).

GLAUCOMA E VISÃO PERIFERICA

 Não incluí a catarata por entender que a perda de transparência do cristalino é comum a todos nós no processo de envelhecimento. Como muitos dizem, a “catarata é o cabelo branco do olho”. Alguns apresentam perda transparência mais cedo do que outros por diversos fatores (metabólicos, traumas, descargas elétricas, fumo, etc). Em geral a cirurgia (indicada apenas quando há déficit funcional importante e que altere a qualidade de vida do indivíduo) restaura a acuidade visual.

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificá- veis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. Existem duas formas de DMRI: a forma seca e a úmida (bem mais grave, com desfechos negativos importantes e de rápida evolução).

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

O papel de alimentação na saúde ocular é o mesmo que na saúde dos outros órgãos e sistemas: garantir que as células recebam os micronutrientes necessários à manutenção da higidez do sistema visual.

COMIDA PROIBIDAjunk food

Como vivemos na era do fast food (escolha equivocada), nossas células se ressentem em algum momento da falta de nutrientes. O organismo tenta retirar de um sistema para nutrir outro, vai tentando se equilibrar …mas em algum momento uma disfuncionalidade ocorre…e a doença surge.

Vale a pena usar suplementos alimentares para promover a saúde dos olhos?

 

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

alimento é remedio

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

A suplementação pontual e supervisionada é válida por tempo determinado, enquanto se faz a reeducação alimentar. Depois os micronutrientes serão ofertados através de uma alimentação saudável e bem controlada (a dita nutrição funcional). Por conta da biodisponibilidade maior serão totalmente absorvidos e estarão suprindo de forma ideal a necessidade celular.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

Mas hoje trabalhamos com a ideia de que a ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes “in natura”, através de uma alimentação mais saudável ainda é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

No caso da DMRI, o Instituto Nacional de Saúde americano publicou dois estudos (AREDS 1 e 2) sugerindo protocolo de suplementação em indivíduos que JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI SECA ou que têm familiares diretos com a doença.

NÃO É recomendada suplementação para prevenção de DMRI! Somente na tentativa de retardar a evolução da doença JÁ EXISTENTE!

O consenso atual nesses casos seria suplementar em casos de DMRI SECA (categorias 3 E 4):

VITAMINA C 500MG

VITAMINA E 400UI

OXIDO DE ZINCO 80MG

AC.CUPRICO (COBRE) 2MG

OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G (epa180mg : dha 120mg)

LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG

Estudos como o AREDS, o LUNA e o POLA (francês) sugerem papel protetor principalmente da zeaxantina contra a DMRI. Porem outros estudos NÃO FORAM CAPAZES de mostrar correlação positiva entre a suplementação e benefícios na prevenção da DMRI.

Quais alimentos influenciam diretamente na saúde da visão?

 GLUTATIONO glutation (ou glutationa) é uma molécula muito importante no metabolismo ocular e com o envelhecimento sua concentração intra-ocular diminui bastante. A ingesta de alimentos que contém alguns nutrientes específicos auxilia na síntese orgânica do glutation. O ácido alfa-lipoico e ao aminoácido cisteina são alguns desses nutrientes.

Encontramos alfa-lipoico no espinafre, tomate, ervilhas e couve de bruxelas. Algumas fontes de cisteina são gema de ovo, alho, pimenta e brócolis. O selênio também é vital! Fontes interessantes são as nozes, as sementes de girassol, aveia, atum, ovos e arroz integral.

GEMA OVO E LUTEINA

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes seriam: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides).

Vegetais frescos (crus) como a couve e salsa no suco verde diário…uma excelente opção!    IMAGEM SUCO VERDE internet

Em relação aos temperos, a salsa, o açafrão, o cominho e a canela são os mais importantes. O manjericão e a páprica também são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina será absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de água fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc). O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3.

Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo que é suplementado ou ingerido através da alimentação.

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DMRI: a prevenção é possível…

A degeneração macular relacionada à idade(DMRI) é a causa mais comum de perda visual irreversível em indivíduos acima de 50 anos!

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificáveis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. A forma úmida é bem menos comum que a seca.Com isso, o prognostico melhora.

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

dmri forma seca

 

Mas segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 180 milhões de pessoas em todo mundo apresentando algum grau de deficiência visual (mais de 50 milhões de pessoas legalmente cegas, que não podem sequer se locomover sem ajuda).

DIRIGIR COM DMRI

a perda visual na DMRI é central, ao contrario da perda visual na doença glaucomatosa

 

 

ESTUDO AREDS   “Age-Related Eye Disease Study”   http://elizabethnavarrete.com/tag/areds-2/

O INH, INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE, DOS EUA PUBLICOU DOIS ESTUDOS (AREDS 1 E 2) SUGERINDO PROTOCOLO DE SUPLEMENTAÇÃO PARA USO EM INDIVIDUOS QUE JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI seca OU QUE TêM FAMILIARES DIRETOS COM  DOENÇA.

NÃO É RECOMENDADA SUPLEMENTAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DMRI; E SIM NA TENTATIVA DE RETARDAR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA!
VITAMINA C 500MG
VITAMINA E 400UI
OXIDO DE ZINCO 80MG
AC.CUPRICO (COBRE) 2MG
OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G epa180mg : dha 120mg)
LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG
AINDA CONTROVERSOS OS RESULTADOS DO AREDS E DE OUTROS ESTUDOS COMO O LUNA (12MG LUTEINA+1MG ZEAXANTINA) E O POLA (FRANCES)  QUE TAMBEM SUGERIU PAPEL PROTETOR DAS XANTOFILAS PRINCIPALMENTE A ZEAXANTINA CONTRA A DMRI.
POREM OUTROS ESTUDOS não FORAM CAPAZES DE MOSTRAR CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE suplementação de luteina e zeaxantina e beneficios na prevenção da dmri.
O consenso hoje é suplementar em casos drmi seca (categorias 3 E 4).

SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO:

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

 

CAROTENOIDESOVO E LUTEINAFOLHOSOS E LUTEINA

A ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes in natura, através de uma alimentação mais saudável é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

Outro fator importante a se considerar é que quanto mais alto o HDL, maior é o transporte de luteína para a retina, onde ela é tão necessária! O mesmo acontece com a zeaxantina.

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides)

Em relação aos temperos, a salsa e manjericão além da páprica são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

Veja mais sobre alimentos que são  fontes naturais de carotenoides (luteina e zeaxantina) em http://www.ehow.com.br/alimentos-ricos-luteina-zeaxantina-lista_206210/

 

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de agua fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc).

O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3. Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo.

 

A prática de exercícios aeróbios é capaz de ajudar a aumentar o HDL plasmático e, com isso (entre outros fatores), ajuda a evitar e/ou reduzir a gravidade da DMRI. Assim como em todas as outras doenças degenerativas cronicas, prevenir é possível…e é o melhor remédio, SEMPRE!

Vamos lá!

MOVIMENTE-SE!

www.euemmovimento.com

 

 

 

Sobre colírio para retardar ou evitar a catarata senil…

LEIA A  MATÉRIA SOBRE UM COLÍRIO PARA CATARATA QUE ELIMINARIA A NECESSIDADE DE CIRURGIA, no link http://www.saudecuriosa.com.br/novo-colirio-pode-dissolver-catarata-sem-necessidade-de-colirio/

A matéria fala sobre uma droga que ainda não foi testada em seres humanos,e se mostrar resultados replicaveis em ensaios clínicos poderá oferecer uma alternativa para pacientes com catarata

“O Professor Kang Zhang (Universidade da California, San Diego) e sua equipe estudou duas famílias que tiveram filhos nascidos com catarata (congênita). E descobriram que eram portadores de uma mutação no gene responsável por produzir uma molécula pequena conhecida como lanosterol. A versão saudável desta molécula geralmente impede que as proteínas intra-cristalinianas (dentro da lente do olho – cristalino) se condensem. Ou seja,a molécula de lanosterol que não sofreu alteração em sua estrutura parece evitar a formação da catarata. Na versão anormal desta molécula, no entanto, as proteínas se aglomeram e provocam a nebulosidade na lente do olho…”

Se em humanos,na catarata senil, o LANOSTEROL se mostrar eficaz em evitar ou reverter a alteração de transparência do cristalino…MARAVILHOSO!
A partir de uma descoberta sobre catarata congênita, como a que os autores fizeram,talvez seja possível, mais tarde, entender de fato o que acontece para o cristalino ficar opaco, quais os micronutrientes alem do glutation podem estar faltando dentro da lente, se é possível intervir no controle metabólico do cristalino.

Algumas substancias já são usadas para “RETARDAR” o envelhecimento do cristalino humano: pirenoxina sodica (Clarvisol), N-acetilcarnosina (Can-C) alem de outras mais antigos como a Bendalina,o sulfonato sódico de azapentacene (Lutrax) e outros colírios à base de fitoterapicos de origem chinesa e hindu.
Todos são comercializados sob alegação de apresentarem um mecanismo de ação capaz de interferir na opacificação do cristalino (LENTIFICANDO A EVOLUÇÃO DA CATARATA).

Mas, na pratica, a catarata ainda é uma das causas de cegueira (reversível) no mundo todo!

Não devemos nos esquecer que varias são as vias de adoecimento, de alteração da funcionalidade de cada órgão ou sistema do corpo humano. Invariavelmente não há uma unica causa para uma mesma doença ou sintoma.
Vale dizer então, que NÃO EXISTE PILULA MAGICA ou COLÍRIO MAGICO!

INVESTIR NA CAUSA DO PROBLEMA É SEMPRE MAIS INTERESSANTE!

Se queremos nos poupar de muitos dos sinais e sintomas do envelhecimento (a catarata é um deles), o que devemos fazer é o que já sabemos há muito tempo:

-NUTRIR O ORGANISMO (alimento funcional,cada caso um caso…e não apenas comida!)

-EXERCICIO FISICO para modular a imunidade e todas as reações orgânicas que dele dependem (e…não há uma sequer que não requeira pelo menos o oxigênio que ele, exercício aeróbio, ajuda a levar aos tecidos que dele precisam). E muito mais beneficios…

-REDUÇÃO DO ESTRESSE (para que a modulação hormonal ocorra de forma ideal e todas as funções bioquimicas organicas aconteçam em harmonia e a homeostasia seja mantida!

-SONO DE QUALIDADE para recuperação do DNA lesado no dia a dia caotico que vivemos sem que mutações importantes ocorram e sejam a via de adoecimento mais tarde. DIGA NÃO À INSONIA!

-HIDRATAÇÃO…muitas outras poderiam ser citadas.
Mas estas são os pilares de uma longevidade saudável com ótima qualidade de vida!

Se e quando o NOVO COLÍRIO ANUNCIADO se mostrar eficaz…eu ficarei muito feliz! Com certeza!
Mas…não acredito que APENAS uma substancia possa reverter a catarata POR TEMPO INDETERMINADO… e sem interferir em outras funções OCULARES OU SISTÊMICAS!

Então…vamos nos preparar para o envelhecimento?
Estamos mais longevos sim…mas será que a qualidade de vida acompanhou a longevidade?

MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA,JÁ!

catarata senil

catarata senil

catarata senil

catarata senil

Conversando um pouco mais sobre a conjuntivite adenoviral…

Vejo um interesse crescente em relação à forma crônica (complicada) dessa conjuntivite, nas dúvidas e questionamentos dos internautas aqui e em outros blogs. Esta postagem pretende fazer uma revisão de alguns conceitos e formas de intervenção na conjuntivite adenoviral.

As características clínicas das conjuntivites nos estágios iniciais da doença devem ser cuidadosamente avaliadas. Muitas vezes não é fácil diferenciar as conjuntivites, mas o primeiro passo é avaliar se existe predomínio de reação papilar (sinal inespecífico de inflamação) ou folicular (mais comum nas conjuntivites virais.

Existem outras conjuntivites foliculares agudas não causadas pelo adenovirus. Mas algumas características podem identificá-las. Importante comentar tambem que existem varios soro-tipos de adenovirus. A formas de infecção ocular por esses vírus podem ir desde uma conjuntivite folicular simples até a ceratoconjuntivite epidemica.A importância da distinção é que o grande problema da conjuntivite por adenovirus é a fase crônica, corneana. Então, quanto menos agredirmos a superfície ocular num primeiro momento (ao usar colirios com conservantes, drogas mais toxicas ao epitélio corneano como antibióticos e agentes anti-virais que estatisticamente não funcionam no controle da conjuntivite por adenovirus), mais íntegra estará essa córnea para responder à agressão do adenovirus na segunda fase da doença (que nem sempre estará presente).

A bilateralidade após os primeiros dias, a presença da doença entre familiares e/ou colegas de trabalho, um gânglio preauricular palpável e o achado de múltiplos infiltrados subepiteliais (manchas pequenas arredondadas tipo “numulares” na superfície corneana já numa fase seguinte), permitem fazer o diagnostico presuntivo de ceratoconjuntivite adenoviral.

Atualmente (mas disponível apenas em pequena escala), pela técnica do PCR (polimerase chain reaction) amostras colhidas de pacientes com conjuntivite folicular aguda podem indicar positividade ou não para a presença desses vírus, confirmando ou não o adenovirus como etiologia da conjuntivite nos estágios iniciais. A coleta é feita através de swab conjuntival (uma haste “tipo cotonete”,estéril, que é passada na face interna da pálpebra inferior,p.ex.)

A assertividade do diagnostico precoce pode ajudar a controlar a doença e evitar uma epidemia dessa conjuntivite. Porém, ainda hoje, mesmo quando se consegue identificar a causa da conjuntivite (por PCR), não significa poder garantir a todos uma evolução benigna, mais curta e sem a recorrência dos infiltrados subepiteliais.A evolução não é modificada pela precocidade do diagnostico mas serve para minimizar a disseminação rápida da doença, identificando os portadores e isolando-os para diminuir o contagio interpessoal.

E fica a observação de que mesmo nas conjuntivites foliculares leves e moderadas, deve-se pensar em adenovirus como causa, se a doença puder ser identificada em pessoas próximas as individuo que vem à consulta com queixa de olho vermelho.

Na literatura, os estudos de revisão em relação à ceratoconjuntivite adenoviral mostram que a doença costuma se apresentar de inicio unilateral, com uma sensação de corpo estranho podendo evoluir com fotofobia e edema (inchação) palpebral e lacrimejamento importantes. Após um intervalo de tempo curto, pode iniciar a segunda fase (doença corneana).Nem todos apresentam pseudomembranas ou infiltrados sub epiteliais em nenhuma fase da conjuntivite. Esses infiltrados,quando presentes, podem se tornar crônicos, refratários a tratamento clinico, corticoide-dependentes além de levar à diminuição da acuidade visual (por indução de astigmatismo corneano, alem das opacidades).

Os estudos não mostraram nenhum beneficio pelo uso (na fase aguda da doençaconjuntival), de nenhuma droga,incluindo corticoides,drogas antivirais e antibióticos ou antissépticos. Na fase crônica, a ciclosporina A pode acelerar a regressão dos infiltrados. Tem sido usado o colírio de ciclosporina a 1% com excelentes resultados, nos casos de infiltrados recorrentes resistentes à retirada do corticoide. Porem, da mesma forma que com o anti-inflamatorio hormonal (corticosteroide), a retirada tem que ser com muita cautela e não a curto prazo. O mesmo efeito rebote observado com os corticoides pode existir com a ciclosporina. Ou seja, ela deve ser descontinuada de forma bem lenta e progressiva, às vezes mantendo uma vez ao dia ou a cada dois dias por tempo indeterminado. Alem disso o tratamento deve ser personalizado: cada paciente responderá de uma forma e isso exige maior controle por parte do oftalmologista.

O RESTASIS® (emulsão de ciclosporina a 0.05%) atua na inflamação crônica modulando a resposta inflamatória É uma droga imunossupressora e alternativa terapêutica nas afecções em que os linfócitos têm papel fisiopatológico central. Alguns indivíduos ficam bem com a dose usual padronizada outros precisam de concentração maior (até 1%),segundo descrito em literatura.

Drogas como o Tacrolimus (outro imunomodulador tópico) também podem ser de utilidade no controle da inflamação. São poupadores de corticoide, não apresentando, portanto, efeitos colaterais como catarata e glaucoma.

A ceratectomia fotorrefrativa usando mitomicina C tem sido relatada há algum tempo como útil para tratamento combinado em pacientes míopes portadores de infiltrados subepiteliais refratários ao tratamento clinico. Embora não haja unanimidade quanto à recorrência dos infiltrados, aparentemente os relatos tem sido animadores. E referem melhora bastante importante da fotofobia e do “glare”, alem de restaurar a qualidade da visão.

Mas,o que faz cada um reagir de forma diferente?
As susceptibilidades e individualidades podem fazer a diferença (pra melhor e pra pior). Nem todos que têm a conjuntivite adenoviral (epidêmica) evoluem para a forma cronica assim como nem todos fazem membranas ou pseudomembranas. Na maioria das vezes o “terreno constitucional ou biológico”, ou seja, as condições orgânicas do indivíduo infectado anteriores ao processo infeccioso oftalmológico vão ditar a evolução do quadro.

O estado inflamatório indolente pode ser avaliado por marcadores pró-inflamatorios (como a adiponectina, a interleucina 6 e a 8, o CD40, fibrinogênio e a PTN C reativa ultra-sensível) e talvez seja uma das razões para a manutenção da doença corneana. Talvez esse estado pró-inflamatorio já estivesse presente nesses indivíduos que tiveram a conjuntivite adenoviral e evoluíram para a forma crônica da doença. A que outras doenças esses mesmos indivíduos estariam predispostos? Quando tivermos esse conhecimento poderemos ajudar a evitar essa complicação ocular. Assim como evitar outras doenças que, antes de se manifestarem clinicamente,o organismo já sinaliza está com dificuldade de retomar a homeostasia.

Quando ele, organismo, perde essa capacidade, a doença acontece. Uma outra curiosidade é a observação (casual,anedótica) de que aqueles que apresentam a forma grave da doença adenoviral,quando inquiridos, se revelam portadores de herpes 1 e 2,forma sintomática, porem em fase inativa ,em periodo de longa remissão, ou seja, há muito tempo sem sintomas ou “crises” de herpes.

Na literatura há relato a respeito do Herpes simples estar implicado na replicação do adenovirus. O herpesvirus auxiliaria modificando o ambiente celular para facilitar a replicação viral. Essa noção embasa a observação clinica de anos de pratica oftalmologica. Será que poderíamos identificar quem seriam os indivíduos com maior risco para desenvolver a forma agressiva da conjuntivite adenoviral e reforçar medidas de controle higiênico e controle da exposição deles ao vírus em tempos de epidemia?

O médico imunologista faz avaliação da imunidade (celular e humoral) através de testes e quem sabe poderá ser de ajuda na recuperação funcional da superfície ocular (binômio cornea-lagrima)? Há que haver equilíbrio entre as células (linfócitos) que informam ao organismo que ele deve continuar “brigando” e outros linfócitos diferentes, que sinalizam o “fim da batalha”.

Acho que podemos tentar fazer mais pelo paciente quando avaliamos o quadro global e pensamos no que pode estar impedindo aquele organismo de silenciar o processo inflamatório. Seria esse o caminho que eu seguiria… além, claro , de minimizar os sintomas do individuo na fase crônica, mantendo temporária e pontualmente a medicação tópica menos agressiva possível que pudesse levar a menos efeitos colaterais a médio e longo prazos.

Oftalmologia Preventiva…como se faz?

OFTALMOLOGIA PREVENTIVA

Falar sobre prevenção em oftalmologia é, em primeiro lugar, falar da garantia de boa qualidade visual futura, através da avaliação precoce da visão na infância, visando à prevenção da ambliopia (que é o não desenvolvimento -evitável- da acuidade visual potencial num dos olhos em decorrência de estrabismo ou outra patologia oftalmológica que não tenha sido diagnosticada antes dos seis anos de idade.

Falar da prevenção dos traumas oculares, causa importante e bem conhecida de cegueira evitável no mundo! Acidentes de trabalho, acidentes de transito e acidentes domésticos.

Falar de como a hipertensão arterial, a obesidade, a síndrome metabólica (através do aumento da resistência à insulina) e o diabetes podem interferir negativamente na qualidade visual em longo prazo.

Enfim,

Falar da prevenção das doenças crônicas degenerativas oculares como o glaucoma, algumas uveítes e a DMRI (degeneração macular relacionada à idade), que podem ter início antes da idade adulta e apresentar desfechos negativos mais precoces ou na senilidade, reduzindo a qualidade de vida dos indivíduos.

Estratégias: exames oftalmológicos de rotina, orientação a respeito de normas de segurança no trabalho e cuidados para prevenção de acidentes domésticos. Mas, principalmente em relação às doenças crônicas degenerativas, é imprescindível a conscientização da necessidade de manter estilo de vida mais saudável.

E essa conscientização deve ser feita através da construção, desde cedo, do conhecimento a respeito das doenças oculares e sua prevenção!

Elizabeth Navarrete

Leia mais em http://www.duvidasemoftalmologia.wordpress.com

Discos e escavações grandes…significam necessàriamente presença de glaucoma?

“Tenho 27 anos e sempre sofri com olho seco e sempre procurei oftalmologistas para acompanhar meu problema e buscar colírios que me ajudassem a melhorar a secura. Em um consulta com determinada médica, ela disse que identificou meu nervo ótico maior do que o habitual e me orientou a fazer exames. De fato, a foto do meu nervo mostrou que ambos têm uma escavação grande com 0,7 em ambos os olhos, porém, como na campimetria não houve sinal de perda de campo visual e as escavações em ambos os olhos eram simétricas, ela me orientou que essa escavação maior, poderia ser algo de nascença, mas que eu deveria fazer acompanhamento, pois como eu não tinha um exame anterior para comparar, não da pra ter certeza se a escavação aumentou nos últimos anos ou se nasci com ela maior. Exames para detectar o glaucoma foram feitos, mas não detectaram a presença da doença. Porém, por sentir muitas dores nos olhos, outra médica me indicou fazer o exame de curva de pressão ocular, que identifica o glaucoma de forma mais eficiente. Não tenho o resultado ainda, mas tenho dúvida se o fato de ter uma escavação maior, necessariamente indica que tenho perda do nervo ótico. Será que posso ter nascido assim mesmo, é comum isso? Se meu exame de curva tensional não identificar o glaucoma, quais cuidados devo ter com o nervo ótico? Se as minhas dores não forem relacionadas a glaucoma e sim, a secura, a escavação maior então, poderá ser concluída como algo natural dos meus olhos? Dor nos olhos é necessariamente glaucoma? Enfim, são muitas dúvidas e medos…”

 

O tamanho do disco óptico varia muito entre os indivíduos. Existem nervos pequenos, médios e grandes (assim como existem várias raças, brancos, negros, etc.). A escavação de um disco maior é diferente daquela do disco pequeno! Existe uma relação direta do diâmetro com a escavação. O que indica presença de anormalidade é a forma da escavação. Se as fibras nervosas (que compões o nervo óptico) estão reduzidas num dos polos da escavação (inferior, superior,nasal ou temporal) indica a provavel existencia de doença glaucomatosa. A essa relação entre os dois parâmetros da cabeça do nervo óptico (aspecto da escavação e tamanho do disco) se dá o nome de relação escavação/disco  (rel.E/D).

A análise sequencial comparativa é necessária para nos certificarmos de que ela (relação) está se modificando e com isso, sinalizando presença de doença glaucomatosa! Por isso fazemos retinografias (fotos do polo posterior do olho) comparativas. A essa análise damos o nome de foto-documentação dos discos ópticos, geralmente anual ou bianual, dependendo do caso.

Outros sinais mais sugestivos podem estar presentes e selam o diagnostico. E geralmente quando isso acontece, indicam doença glaucomatosa presente já há algum tempo.

Então respondendo à sua pergunta: não… uma escavação maior não significa que você tenha qualquer “perda de nervo óptico”! Assim como o fato de ser da raça branca não implica necessariamente em certeza de vir a ter câncer de pele! Um fator a mais de risco para a doença, sim! Mas apenas isso. Na estratificação de risco para doença glaucomatosa, por exemplo, é apenas um dos oito a dez (depende da abordagem que optamos por seguir…) fatores de risco conhecidos.

Quanto aos cuidados que deve ter com o nervo óptico: é sempre bom lembrar que a doença glaucomatosa indica falência na manutenção da higidez das fibras nervosas que ligam o olho ao cérebro, onde são processadas as imagens, ou seja, ao córtex visual.

De forma mais simples e fácil de entender, podemos dizer que o nervo óptico não está recebendo oxigênio e nutrientes necessários (suficientes) para manter seu pleno funcionamento! Como uma planta que não é aguada ou não é exposta aos recursos necessários à espécie para garantir a sobrevivência.

Portanto, entender, caso a caso, as razões para isso estar acontecendo, é necessário para listar benefícios de algumas estratégias possíveis. Caso a pressão dos olhos esteja muito alta, a redução medicamentosa dela (PIO) deverá se mostrar suficiente ao longo do tempo para estabilizar o nervo óptico e impedir a perda de fibras. Se a pressão não é alta (glaucoma de pressão normal ou baixa), a melhora dos fatores vasculares em cada caso é necessária para retardar ou impedir a perda de fibras nervosas (nervo óptico).

A doença glaucomatosa é multifatorial! E, aqui mais do que nunca, cada caso é um caso.

Se quiser saber mais sobre glaucoma, leia o post “A angústia da incerteza…eu tenho glaucoma?” no link https://elizabethnavarrete.com/2012/03/26/a-angustia-da-incerteza-eu-tenho-glaucoma/

 

Quanto a dor nos olhos ser, necessariamente, glaucoma… o que posso dizer é que o glaucoma é uma doença silenciosa, por isso nos preocupamos tanto em diagnosticá-la precocemente. O individuo não costuma ter sintomas. Existe dor (muito forte, aliás, que leva necessariamente o paciente à emergência de um hospital) apenas no glaucoma agudo! Que, apesar de ter o mesmo nome, é na verdade outra doença, de comportamento e características diversas do glaucoma crônico de ângulo aberto, conhecido simplesmente como glaucoma.

As estratégias para prevenir, minimizar ou ainda retardar a evolução da doença glaucomatosa seguem as mesmas diretrizes da doença vascular sistêmica: exercicio aeróbico para aumentar a capacidade de oxigenação dos tecidos do organismo e redução dos estímulos à vasoconstrição excessiva: redução do estresse,evitar excesso de cafeína, evitar abuso de drogas vasoconstritoras,etc

E, por ultimo (“last but not least”…) você fala em medo e dúvidas. No caso da doença, o medo existe quando ela, doença, nos é desconhecida. Para isso serve a informação, que deve ser utilizada no sentido de aprendermos a lidar de forma positiva com ela, identificando e evitando os fatores de risco. O conhecimento não deve estimular a hipocondria, o medo do diagnóstico. Isso seria mau uso da informação! E de nada serve a não ser aumentar o estresse e suas consequências negativas sobre toda e qualquer doença.

Espero que faça bom uso do conhecimento!

 

Abs,

Olho e síndrome metabólica…como prevenir a deficiencia visual futura?

Olho e síndrome metabólica. Qual a possível relação?

E quais as consequencias do estilo de vida atual na morbidade ocular?

A vida contemporânea obrigou os cientistas a investigar uma nova forma de adoecimento muito comum entre nós na atualidade: a síndrome metabólica (SM).

A maioria sabe o que é pressão alta (hipertensão arterial sistêmica) e diabetes mellitus (tipo 2, hoje em dia relacionado à idade). Além de IAM (infarto agudo do miocárdio),AVC (acidente vascular cerebral), manifestações pontuais e agudas com pelo menos um mesmo tipo de desequilíbrio organico em comum: a arterioloesclerose. Mas quantos já ouviram falar de sindrome metabólica e têm consciência da importância de reconhecer seus sinais e sintomas mas, principalmente como evitá-la?

O aumento da gordura visceral (obesidade abdominal ou aumento do IMC- índice de massa corpórea), aumento do colesterol ruim (LDL), diminuição do colesterol bom (HDL), aumento dos triglicerideos, aumento da glicemia (açúcar no sangue) e pressão arterial elevada são alguns dos parâmetros utilizados no diagnostico da SM (sindrome metabólica).

A sindrome metabólica seria então preditora de alguns eventos de desfecho negativo e deve ser evitada e/ou tratada se o objetivo é a longevidade com qualidade de vida.

Ela vem sendo diagnosticada cada vez mais e sua alta prevalência aliada a etiopatogenia comum a várias manifestações patológicas oculares nos permite antecipar um aumento no diagnostico das doenças degenerativas oculares com uma conseqüente redução na qualidade de vida e saúde ocular da população.

As várias possibilidades de disfunção vascular acontecem devido a um persistente estado pró-inflamatório do organismo evidenciado pelos marcadores plasmáticos hoje já reconhecidos e incorporados à rotina médica preventiva. Na SM esse estado pró-inflamatório do organismo leva a uma desorganização bioquímica capaz de alterar a funcionalidade dos vários sistemas e órgãos nobres.

Do ponto de vista oftalmológico, viés de interesse e  objeto de discussão neste blog, gostaria de começar falando sobre o glaucoma, uma doença silenciosa que pode levar à cegueira e cuja prevalência vem aumentando.

“Quanto mais aprendemos sobre o glaucoma, mais percebemos que a pressão intra-ocular é um fator de risco importante para o glaucoma, mas apenas um dos vários fatores de risco” Dr. Rick Wilson, Wills Eye Institute,2001.

Como em todas as áreas do conhecimento médico, cada vez mais surgem dados que nos lembram que nenhum órgão está isolado do organismo que o contém. Tudo que acontece localmente tem repercussão sistêmica, ou seja, no todo, e vice-versa.

Então, se antes pensávamos no glaucoma como uma doença do olho, hoje podemos dizer que os sinais e sintomas da doença são oculares, porém muito provavelmente a falta de regulação vascular (que acontece em todas as áreas desse organismo e não apenas no olho) é a responsável pelo aparecimento da doença glaucomatosa num determinado individuo.

A inadequação da regulação vascular seja pela disfunção endotelial vascular ou pela disregulação autonômica é o epifenomeno das manifestações mais freqüentes das doenças crônicas degenerativas que vêm crescendo em progressão geométrica (têm sido ditas epidêmicas por serem cada vez mais prevalentes entre nós).

Não por acaso a patologia endotelial vascular está presente em todas as formas de apresentação oftalmológica da síndrome metabólica, a saber: retinopatia, oclusão da artéria central da retina, neuropatia óptica isquêmica, catarata e doença glaucomatosa (ou glaucoma primário de ângulo aberto).

Entendendo a relação entre a sindrome metabólica  e o glaucoma crônico simples:

 

A disfunção vascular (isquêmica) por baixo fluxo e instabilidade de perfusão da cabeça do nervo óptico é um fator agravante da neuropatia óptica glaucomatosa. Tanto é que o glaucoma de pressão normal ou de pressão baixa, em que o fator pressórico intra-ocular é o de menor relevancia é o tipo de glaucoma de mais difícil controle.

Mas a pressão intra-ocular (PIO) elevada é um fator de risco modificável e é estatisticamente mais alta em indivíduos com diagnostico de síndrome metabólica.

Fatores causais possíveis seriam a disfunção autonômica por hiperestimulação simpática (comum à obesidade, hipertensão arterial e resistência à insulina), a hiperatividade endocanabinoide (também responsável pela obesidade abdominal, dislipidemia e hiperglicemia) levando a disregulação do fluxo de humor aquoso e o aumento da atividade de aquaporinas (presentes no tecido adiposo, pâncreas e trabeculado ocular) com o conseqüente aumento da produção de humor aquoso. Todos esses fatores contribuiriam para o aumento da PIO.

Outros fatores relacionados à elevação da PIO seriam o aumento da pressão intra-orbitária devido ao acumulo de tecido adiposo, o aumento da pressão venosa episcleral e o aumento da viscosidade sanguínea todos relacionados a uma maior dificuldade de drenagem do humor aquoso. O resultado seria um aumento progressivo da pressão intra-ocular e dano à camada de fibras nervosas retinianas levando à perda progressiva da visão, quando não tratado.

Em resumo, a prevenção (e controle) da doença ocular degenerativa crônica está diretamente ligada à prevenção e controle da síndrome metabólica e daqs doenças sistêmicas mais prevalentes em nosso meio. A reeducação alimentar, a eliminação do sedentarismo e a modificação dos valores básicos do “modus vivendi” atual são necessárias para uma mudança real no cenário da saúde (sistêmica e oftalmológica).

 

Leia mais sobre aspectos oftalmológicos da sindrome metabólica em http://oftalmologiacasosclinicos.wordpress.com/2012/08/19/aspectos-oftalmologicos-da-sindrome-metabolica/

Dados de referência:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3354923/

“Ocular Associations of metabolic syndrome” em Indian J Endocrinol Metab. 2012 march; 16(Suppl1): S6-S11

Outros trabalhos relacionando as associações entre SM e patologia ocular:

www.iovs.org/content/45/9/2949.short

www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21228391

www.worldhealth.net/…/metabolic-syndrome-raises-risks-vision-loss/

www.nature.com/eye/journal/v24/n6/full/eye2009247a.html

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

Entendendo o glaucoma…

Respondendo a um internauta cujo relato não é muito diferente de alguns outros que ouvimos com alguma freqüência, infelizmente.

Tentando entender…
“Sou um portador de glaucoma (pelo menos é o que dizem os oftalmologistas), há seis anos. Ocorre que já passei por dezenas de especialistas e TODOS ELES, por alguma razão que ainda não conheço, evitam discutir abertamente sobre o que realmente está ocorrendo. Evitam informar até qual é a pressão que acabaram de medir. Mudam de conversa quando se pergunta qual seria a pressão normal para nós, etc.Tive recentemente um acidente em um dos olhos (uma espécie de derrame que deixou minha vista praticamente inutilizada), que acabou tornando minha situação muito mais confusa, pois alguns médicos dizem que tem relação direta com o glaucoma,enquanto outros dizem que não. Moral de minha história: Está muito difícil confiar nesses profissionais!”

Uma historia e tanto, amigo!
Vamos conversar a respeito?

Você não tem certeza de ter glaucoma… Mas muitas vezes o diagnóstico em Medicina é de suspeição. Não pode ser comprovado, em alguns casos, exceto pelo exame histo-anatomo-patologico. Em alguns pacientes, quando a pressão intra-ocular não é muito alta (não está muito além do ‘padrão’ 12 a 18mHg já corrigida pela paquimetria corneana), a lesão campimétrica  (um dos exames alterados no glaucoma) às vezes pode ser difícil de ser distinguida de uma neuropatia óptica não glaucomatosa ou uma lesão isquemica cerebral. Nesses casos o diagnóstico diferencial é difícil de ser feito e pode levar algum tempo para a certeza que virá apenas com a monitorização através de exames complementares. Mas durante este período, e até prova em contrário, a PIO deve ser reduzida através de medicamentos anti-glaucomatosos.

Os médicos evitam informar a pressão que acabaram de medir… Talvez para você não ficar ansioso cada vez que vai ao oftalmologista nem tirar conclusões precipitadas a respeito de melhora ou piora do quadro apenas baseado em uma medida isolada.

Mudam de conversa quando se pergunta qual seria a pressão normal… Talvez por que não queiram deixar você com mais dúvidas, até porque você já deve saber que não existe pressão normal e sim pressão normativa para cada individuo. Cada caso é um caso. Existem inclusive casos de doença glaucomatosa que cursam com pressão intra-ocular normal ou baixa.

Espécie de derrame… Talvez você esteja se referindo a uma trombose de veia central da retina que acontece mais comumente em hipertensos arteriais e/ou diabéticos e sugere relação com o glaucoma devido a alterações microvasculares no disco óptico. Como hoje a teoria vascular sobre o glaucoma está cada vez mais sendo discutida (e aceita), faz sentido pensar que olhos com hipertensão ocular por glaucoma crônico de ângulo aberto sejam olhos de risco para desenvolver a OVCR (oclusão – ou trombose- de veia central da retina). As duas patologias têm provavelmente a mesma etiologia (ou uma das…).

Moral da historia:

Está mais do que na hora de você tomar o controle da sua doença (e da sua saúde), procurar mais uma dezena de oftalmologistas se for preciso, até que encontre algum com quem desenvolva uma relação médico-paciente suficientemente boa a ponto de se sentir à vontade para colocar suas dúvidas e apreensões!

Se for ajudar e se você se interessar por conteúdo informativo a respeito do glaucoma, aqui neste blog acesse  a caixa de pesquisa e digite a palavra glaucoma. Os posts  que podem ser interessantes no entendimento de alguns aspectos da doença glaucomatosa são:

“Você sabe como se diagnostica o glaucoma?”
“Fatores determinantes no tratamento anti-glaucomatoso”
“Objetivos do tratamento do glaucoma”
“O glaucoma e a pressão intra-ocular”

Além disso pode encontrar muito mais conteúdo nos links fornecidos na homepage,à direita da pagina!

 

 

Alergia ocular…o que fazer?

Alergia ocular… o que fazer?

“Tenho uma filha de sete anos que tem uma coceira nos olhos pra valer mas apenas quando está dormindo (não imediatamente, mais ou menos duas horas depois). Até agora todos os colírio usados (entre eles antiinflamatórios, corticóides, antialérgicos, lubrificantes) não resolveram. Os olhos amanhecem inchados e vermelhos, mas logo a vermelhidão some. Já foi dito que poderia ser conjuntivite alérgica crônica e que por volta dos 12 anos deve normalizar, Mas ela ainda tem sete anos! Já usou duas marcas de anti-histamicos, ja fez dosagem de IgE, etc. E nada; mas até agora nenhum pediu um exame diferente… a não ser a medida da pressão de do grau… O que me aconselha por favor me ajude, ela só coça enquanto está dormindo; e se ela dormir durante o dia não coça, somente à noite. Um dos oftalmologistas disse que pode ser ceratocone, mas disse para continuar com os colírios, sendo que todos os colírios quando usados por tempo prolongado têm efeitos críticos no futuro!
Esqueci de informar que aos onze meses e depois aos quatro anos (deste episodio ficou uma cicatriz) ela teve dois incidentes oculares (emergências) por traumas leves e desde então ela sempre teve coceira. Ou seja, ela sempre vem usando colírios, pra controlar as coceiras e inflamações. E há quatro meses (praia) a coceira voltou, pra valer e de lá para cá todas as noites. Não estou mais dando conta… já pensei que pode ter sido o protetor solar, bactérias (piscina), outras alergias (já tomei várias precauções aqui em casa e nada). Ás vezes acho que tem a ver com a cicatriz no olho dela…”

A conjuntivite alérgica, mais corretamente chamada de alergia ocular, caracteriza-se pelo prurido (coceira) e pela observação de reação conjuntival papilar. São varias as formas de apresentação da alergia nos olhos. Uma forma mais branda é a sazonal, quando os sintomas pioram ou surgem apenas quando o individuo é exposto ao alérgeno responsável pela crise. Parece ser mais freqüente quando coexiste historia de outra forma de alergia (não ocular) como asma, rinite ou dermatite.
Os sinais clínicos devem ser bem reconhecidos. Deve-se buscar ativamente e afastar presença de sinalizadores de gravidade da doença como alteração importante da superfície ocular, comprometimento anatômico e topográfico corneano, pálpebras superiores anatomicamente alteradas.

Ela tem outras manifestações de alergia?

A princípio o prurido (coceira) é associado à reação alérgica. Mas o prurido sem causa aparente e descartado o ressecamento ocular, pode ser psicogênico.

Uma dermatologista lembra o fato curioso de algumas de alguns indivíduos com dermatite irem dormir sem urticária e acordarem, no meio da noite ou pela manhã, coçando-se e cheios de placas. Esse fato indicaria uma provável origem emocional. Durante o repouso físico, a mente traz as imagens do que foi vivido durante no dia a dia. Isso serviria para diminuir a tensão, trabalhando os conflitos a nível inconsciente, segundo os psicólogos.

Vamos partir do princípio de que a sua filha seja atópica.O tipo de pessoa que reage de forma diferente a estímulos das mais variadas origens: alimentares, ambientais, emocionais… e o órgão alvo, hoje, é o olho. Amanhã pode ser a pele, ou as vias aéreas superiores, por exemplo.

Com o diagnostico clinico confirmado (alergia ocular),resta buscar o alergeno responsável. Às vezes é mais de um.

Você pode ajudar os médicos a ajudar sua filha se reduzir a sua ansiedade em relação ao problema (sei que é difícil…). Tente recomeçar do zero, do ponto de partida. Sugiro evocar a memória em relação aos últimos cinco meses. Sim, um mês a mais do que o tempo de inicio dos sintomas. Aí então se esforce para lembrar cada detalhe: mudança de escola, separação dos pais, perda de algum animal de estimação ou pessoa muito querida de seu convívio íntimo. Depois passe para o ambiente em que ela vive (clima, obras, mudanças de decoração,algum presente de aniversario do qual ela não desgruda desde então,um bichinho de pelúcia ou qualquer outro objeto). Mudança de hábitos alimentares para pior (alimentos com corantes) ou para melhor (mesmo que você ou o pediatra/nutricionista tenham introduzido por achar melhor para a saúde). Troca de xampu, de sabonete, lençóis ou colchas de tecido diferente, mudança de sabão em pó ou amaciante ou alvejante (alguns alérgicos têm “hipersensibilidade” à aloe vera).

Ela usa algum remédio (oral ou tópico) antes de dormir? Há quanto tempo? A bula faz alguma referencia a prurido ocular ou alergia? Mesmo que seja medicação que já vinha sendo usada por muito tempo… alergias cruzadas existem ou ainda, com o tempo, as sensibilizações podem acontecer.

Avalie tudo e qualquer coisa em que possa pensar! E já advirto que, por experiência clinica, a primeira resposta que vem à cabeça dos pais e/ou cuidadores é que nada mudou, tudo continua do mesmo jeito. Mas, se isso fosse verdade não teria havido piora da alergia. Algo “engatilhou” a crise (causa alérgica, psicogênica ou ambas, provavelmente).

Pense bem e com calma. Com esse inventário feito, comece a fazer as mudanças necessárias, uma de cada vez (tentativa e erro, esse é um método). Outra forma seria fazer testes cutâneos (patch, intradermico ou prick test ) ou o no sangue (RAST), mais caro e menos sensível do que os primeiros. Mas nem todos os alergenos estão disponíveis para serem testados dessa forma; às vezes, depois de muito buscar, com testes negativos ou inconclusivos, identificamos algo que estava bem à nossa frente e que deixamos de perceber, como sendo potencial alérgeno. Tudo e qualquer coisa pode sensibilizar um alérgico!

Inconclusiva a busca?Vamos ao lado prático: se a coceira é apenas à noite e se não existe comprometimento ocular grave, o anti-histamínico oral ao deitar resolveria o sintoma (por um tempo bastante limitado até se encontrar o possivel alergeno ou a causa)e minimizaria os riscos futuros representados pelo uso de medicação (mesmo tópica) à base de corticóide, alem de vários outros colírios. Quase toda medicação tópica (colírio) tem conservante (para preservar a substancia base). Se a medicação será usada por tempo prolongado e indefinido a lesão (maior ou menor) à superfície ocular existirá. O melhor seria poder evitá-los. O anti-histaminico oral também ajuda a ressecar o olho e, circulo vicioso, pode aumentar o prurido. Converse com o oftalmologista e o alergista dela. Eles poderão ajudá-la a minimizar os efeitos a longo prazo e pensar numa forma de reduzir a posologia ao mínimo possível capaz de eliminar os sintomas.

Às vezes a resposta está bem à frente dos nossos olhos, tão perto que não somos capazes de ver!

Por último, gostaria de lembrar que o ambiente virtual não deve ser de forma alguma usado para tratar ou diagnosticar qualquer doença. Ele serve apenas para ajudar a entender o adoecimento. A consulta presencial, o exame clinico , a coleta da historia da doença e dos antecedentes, a observação do doente em seu meio familiar, os exames complementares além de uma eficiente relação médico-paciente são insubstituíveis!

E não existem remédios milagrosos,não existe “receita de bolo” no cuidado médico. Existem drogas ideais para cada individuo, usadas no momento certo, na dose adequada e que,mesmo assim, às vezes, para desespero do médico e da família, não eliminam as queixas. É nesse momento que devemos olhar a questão sob novo prisma (pelo menos tentar) e retomar o caso, passo a passo, desde o inicio. A solução virá, tenho certeza! Não que todas as doenças tenham cura…mas podemos sempre melhorar a vida do individuo (e de seus familiares), de alguma forma.

Espero ter ajudado!

Abs,

Elizabeth

Para conhecer mais sobre alergia acesse

www.blogdaalergia.com.br

 

PS: Quanto à cicatriz,ela pode aumentar o ressecamento do olho ( e consequentemente o prurido), na medida em que o filme lacrimal não se distribui homogeneamente quando existem irregularides na superficie do olho. Mas nesse caso a criança coçaria muito mais esse olho do que o olho contra-lateral. Outro ponto não abordado foi pesquisa de ectoparasitas na base dos cilios, que se presente, pode levar à coceira intensa e principalmente à noite (na inatividade do individuo e no calor da cama).

 

Este post  foi originalmente publicado em meu outro blog no link

http://duvidasemoftalmologia.wordpress.com/2012/04/23/alergia-ocular-o-que-fazer/