olhos

Alimentos importantes para os olhos…

QUAL O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO NA SAÚDE OCULAR?

 

Manter a saúde depende basicamente de 5 fatores: alimentação saudável, exercício físico, sono de qualidade, água e administração do estresse.

No organismo, qualquer órgão ou sistema é regulado eficientemente quando todas essas variáveis estão em equilíbrio.

O que aconteceu com a humanidade ao longo do tempo foi uma transgressão às regras básicas de saúde. Escolhas equivocadas fizeram com que o grande avanço cientifico e tecnológico na Medicina nos tornasse mais longevos…, mas sem a qualidade de vida esperada.

Em relação aos olhos, as doenças degenerativas mais prevalentes na senilidade são o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI).

GLAUCOMA E VISÃO PERIFERICA

 Não incluí a catarata por entender que a perda de transparência do cristalino é comum a todos nós no processo de envelhecimento. Como muitos dizem, a “catarata é o cabelo branco do olho”. Alguns apresentam perda transparência mais cedo do que outros por diversos fatores (metabólicos, traumas, descargas elétricas, fumo, etc). Em geral a cirurgia (indicada apenas quando há déficit funcional importante e que altere a qualidade de vida do indivíduo) restaura a acuidade visual.

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificá- veis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. Existem duas formas de DMRI: a forma seca e a úmida (bem mais grave, com desfechos negativos importantes e de rápida evolução).

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

O papel de alimentação na saúde ocular é o mesmo que na saúde dos outros órgãos e sistemas: garantir que as células recebam os micronutrientes necessários à manutenção da higidez do sistema visual.

COMIDA PROIBIDAjunk food

Como vivemos na era do fast food (escolha equivocada), nossas células se ressentem em algum momento da falta de nutrientes. O organismo tenta retirar de um sistema para nutrir outro, vai tentando se equilibrar …mas em algum momento uma disfuncionalidade ocorre…e a doença surge.

Vale a pena usar suplementos alimentares para promover a saúde dos olhos?

 

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

alimento é remedio

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

A suplementação pontual e supervisionada é válida por tempo determinado, enquanto se faz a reeducação alimentar. Depois os micronutrientes serão ofertados através de uma alimentação saudável e bem controlada (a dita nutrição funcional). Por conta da biodisponibilidade maior serão totalmente absorvidos e estarão suprindo de forma ideal a necessidade celular.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

Mas hoje trabalhamos com a ideia de que a ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes “in natura”, através de uma alimentação mais saudável ainda é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

No caso da DMRI, o Instituto Nacional de Saúde americano publicou dois estudos (AREDS 1 e 2) sugerindo protocolo de suplementação em indivíduos que JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI SECA ou que têm familiares diretos com a doença.

NÃO É recomendada suplementação para prevenção de DMRI! Somente na tentativa de retardar a evolução da doença JÁ EXISTENTE!

O consenso atual nesses casos seria suplementar em casos de DMRI SECA (categorias 3 E 4):

VITAMINA C 500MG

VITAMINA E 400UI

OXIDO DE ZINCO 80MG

AC.CUPRICO (COBRE) 2MG

OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G (epa180mg : dha 120mg)

LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG

Estudos como o AREDS, o LUNA e o POLA (francês) sugerem papel protetor principalmente da zeaxantina contra a DMRI. Porem outros estudos NÃO FORAM CAPAZES de mostrar correlação positiva entre a suplementação e benefícios na prevenção da DMRI.

Quais alimentos influenciam diretamente na saúde da visão?

 GLUTATIONO glutation (ou glutationa) é uma molécula muito importante no metabolismo ocular e com o envelhecimento sua concentração intra-ocular diminui bastante. A ingesta de alimentos que contém alguns nutrientes específicos auxilia na síntese orgânica do glutation. O ácido alfa-lipoico e ao aminoácido cisteina são alguns desses nutrientes.

Encontramos alfa-lipoico no espinafre, tomate, ervilhas e couve de bruxelas. Algumas fontes de cisteina são gema de ovo, alho, pimenta e brócolis. O selênio também é vital! Fontes interessantes são as nozes, as sementes de girassol, aveia, atum, ovos e arroz integral.

GEMA OVO E LUTEINA

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes seriam: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides).

Vegetais frescos (crus) como a couve e salsa no suco verde diário…uma excelente opção!    IMAGEM SUCO VERDE internet

Em relação aos temperos, a salsa, o açafrão, o cominho e a canela são os mais importantes. O manjericão e a páprica também são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina será absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de água fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc). O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3.

Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo que é suplementado ou ingerido através da alimentação.

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DMRI: a prevenção é possível…

A degeneração macular relacionada à idade(DMRI) é a causa mais comum de perda visual irreversível em indivíduos acima de 50 anos!

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificáveis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. A forma úmida é bem menos comum que a seca.Com isso, o prognostico melhora.

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

dmri forma seca

 

Mas segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 180 milhões de pessoas em todo mundo apresentando algum grau de deficiência visual (mais de 50 milhões de pessoas legalmente cegas, que não podem sequer se locomover sem ajuda).

DIRIGIR COM DMRI

a perda visual na DMRI é central, ao contrario da perda visual na doença glaucomatosa

 

 

ESTUDO AREDS   “Age-Related Eye Disease Study”   http://elizabethnavarrete.com/tag/areds-2/

O INH, INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE, DOS EUA PUBLICOU DOIS ESTUDOS (AREDS 1 E 2) SUGERINDO PROTOCOLO DE SUPLEMENTAÇÃO PARA USO EM INDIVIDUOS QUE JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI seca OU QUE TêM FAMILIARES DIRETOS COM  DOENÇA.

NÃO É RECOMENDADA SUPLEMENTAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DMRI; E SIM NA TENTATIVA DE RETARDAR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA!
VITAMINA C 500MG
VITAMINA E 400UI
OXIDO DE ZINCO 80MG
AC.CUPRICO (COBRE) 2MG
OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G epa180mg : dha 120mg)
LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG
AINDA CONTROVERSOS OS RESULTADOS DO AREDS E DE OUTROS ESTUDOS COMO O LUNA (12MG LUTEINA+1MG ZEAXANTINA) E O POLA (FRANCES)  QUE TAMBEM SUGERIU PAPEL PROTETOR DAS XANTOFILAS PRINCIPALMENTE A ZEAXANTINA CONTRA A DMRI.
POREM OUTROS ESTUDOS não FORAM CAPAZES DE MOSTRAR CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE suplementação de luteina e zeaxantina e beneficios na prevenção da dmri.
O consenso hoje é suplementar em casos drmi seca (categorias 3 E 4).

SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO:

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

 

CAROTENOIDESOVO E LUTEINAFOLHOSOS E LUTEINA

A ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes in natura, através de uma alimentação mais saudável é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

Outro fator importante a se considerar é que quanto mais alto o HDL, maior é o transporte de luteína para a retina, onde ela é tão necessária! O mesmo acontece com a zeaxantina.

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides)

Em relação aos temperos, a salsa e manjericão além da páprica são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

Veja mais sobre alimentos que são  fontes naturais de carotenoides (luteina e zeaxantina) em http://www.ehow.com.br/alimentos-ricos-luteina-zeaxantina-lista_206210/

 

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de agua fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc).

O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3. Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo.

 

A prática de exercícios aeróbios é capaz de ajudar a aumentar o HDL plasmático e, com isso (entre outros fatores), ajuda a evitar e/ou reduzir a gravidade da DMRI. Assim como em todas as outras doenças degenerativas cronicas, prevenir é possível…e é o melhor remédio, SEMPRE!

Vamos lá!

MOVIMENTE-SE!

www.euemmovimento.com

 

 

 

A visão na senilidade…e a catarata

Mais uma vez, apesar de escrito há mais de dez anos,esse texto (também) é bastante atual…


EU JÁ NÃO ENXERGO COMO ENXERGAVA ANTES …mas todos dizem que tenho uma visão boa…

Costumamos quantificar a visão numericamente. A isso denominamos “acuidade visual”. Em outras palavras, acuidade visual é a capacidade que o olho tem de identificar objetos ou caracteres em condições ideais de iluminação e contraste.

O conhecimento de outros elementos que fazem parte da grande cadeia do sistema visual se torna importante para compreendermos porque diminui a qualidade da visão com o envelhecimento.

Um desses elementos é a sensibilidade ao contraste. Reconhecer objetos ou caracteres não é apenas uma questão de acuidade visual. Nossa retina e cérebro trabalham o tempo todo com o contraste. A acuidade visual, como nós a medimos na prática clínica, é uma medida da sensibilidade de contraste com máximo contraste.

Com o tempo existe uma perda variável, mas sempre presente, de contraste de alta e média freqüência, que pode ser explicada pela diminuição da luz que entra no olho (redução do tamanho da pupila com a idade) e/ou perda da elasticidade e modificação da coloração e densidade do cristalino.

A adaptação à luz também se altera, o que dificulta o dirigir à noite: o processo de recuperação do ofuscamento pelos faróis de carros em direção contrária (fotostress) é mais lento com o envelhecimento. Questiona-se a perda neuronal como fator coadjuvante, levando a um aumento do tempo de processamento das informações que seguem pela cadeia visual, alterando assim a qualidade da percepção visual.

Com o tempo, a coloração do cristalino muda (gradualmente fica mais amarelada) e em função disso o espectro azul da luz é absorvido, enquanto o amarelo e o vermelho passam livremente até a retina. Por conta disso, a percepção das cores pode mudar. O azul fica mais escuro, menos vívido e as cores “quentes” sobressaem. Ler ou enxergar etiquetas, caracteres ou objetos em tons pastéis e com letras de baixo contraste fica bem mais difícil.

Da mesma forma, a habilidade de discriminar objetos em movimento ou em seqüência rápida diminui com a idade e, novamente, dirigir requer discriminação visual de imagens e objetos em movimento, mais que estáticos. Por isso sentimos mais dificuldade em dirigir à noite quanto mais envelhecemos, sem que isso reflita apenas um deficit na acuidade visual numérica (estática).

Em resumo, a maioria de nós, quando envelhece, mantém boa visão em condições de boa iluminação e alto contraste. Porém, a visão aferida dessa forma não reflete o que nós vemos no nosso dia-a-dia, a qualidade da visão nas diferentes necessidades diárias como dirigir ao entardecer ou à noite, entrar e sair de um túnel, ver preços em etiquetas em supermercados “com luzes fluorescentes em excesso”, distinguir imagens, objetos ou pessoas em movimento rápido, etc….não tem o mesmo significado da visão 20/20 aferida segundo a tabela de Snellen,usada nos consultorios oftalmologicos.

Dois autores ingleses, Williams e Caird, autores de um livro bastante interessante sobre o olho e o envelhecimento (no qual se baseiam os conceitos contidos neste sumário) disseram que: “o mundo real raramente se apresenta para nós como letras pretas sobre tela branca numa sala escura“.

Numa alusão à forma como aferimos a visão de nossos pacientes, eles nos lembram da importância de uma avaliação global desse paciente, não esquecendo de que, na maioria das vezes, a orientação e o esclarecimento do significado do envelhecimento do sistema visual, suas implicações e formas de melhorar a qualidade da visão são suficientes para atender às queixas e tranqüilizar o paciente quanto as suas dificuldades.

Precisamos de uma boa iluminação, preferencialmente sempre luz incandescente (“quente”) à luz fluorescente (“fria”). Testar vários tipos de lâmpadas e bulbos até achar a combinação ideal que proporcione alto contraste, ler, costurar, pintar ou fazer qualquer trabalho que exija mais da visão de detalhes, sempre com iluminação focal e não apenas com luz difusa.

Uma observação interessante é aquela em que o paciente volta à consulta dizendo: “deve haver alguma coisa errada com meus óculos novos! No dia do exame, quando testamos as lentes, eu vi tão melhor com as lentes que estavam no seu aparelho!!!”. A diferença é que no consultório, o teste da visão de perto é realizado com um foco de luz direcionado para a tabela de leitura . E que luz! E isso faz toda a diferença…


Nós somos preparados durante toda a vida para o envelhecimento; as adaptações fazem parte desse processo. Saber se adaptar e utilizar os recursos à nossa disposição para aumentar a qualidade de vida nesse período é fundamental. Mas, talvez, mais importante que isso é preparar-se para envelhecer. Assim como a prevenção é sempre mais eficaz que o tratamento da doença, o modo de viver (mental e fisicamente sadio) é uma garantia de um envelhecimento saudável e prazeroso.


Nota: A respeito da melhor iluminação a ser usada no dia a dia,o conceito tem mudado.Quem tiver interesse a esse respeito pode consultar os links abaixo sobre ergoftalmologia que falam sobre como potencializar a visão e reduzir o desconforto visual com a utilização de normas especificas estabelecidas para otimizar as tarefas do dia a dia.

“Manual de Ergoftalmologia” http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf

http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo

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A questão a ser discutida exaustivamente é:

A relação custo/beneficio em relação à cirurgia de catarata (facectomia) , momento ideal de fazer a indicação formal do procedimento cirurgico e a observação cuidadosa e individual (cada caso é um caso)!

Apesar do que foi discutido acima…em relação à perda da qualidade visual por conta da redução da sensibilidade ao contraste…devemos ter em mente que quanto mais longevos ficamos,mais tempo conviveremos com o desfecho de curto,medio e longo prazo das intervenções médicas.

Por conta disso devemos ser cautelosos nas indicações dessas intervenções e discutir exaustivamente com o paciente ponderando a respeito das opções em cada caso. Ouvir mais (e com maior interesse) suas queixas e propor soluções pontuais para elas.

Intervir cirurgicamente sempre que for necessario…mas não deixar de oferecer ao individuo a oportunidade de conhecer o cenário completo em que está inserida esta decisão (o que esperar a curto,medio e longo prazo e como tentar minimizar as possiveis intercorrencias).


O individuo esclarecido é um aliado do medico na prevenção dessas intercorrencias e na tentativa de restabelecimento da sua qualidade de visão e de vida! E não o contrario,como pensam alguns…medicos e pacientes.

A visão,os olhos …e os computadores

Apesar de mais de ter sido escrito há mais de 10 anos,esse texto nunca esteve tão atual…


MICROCOMPUTADOR E OLHO – UMA RELAÇÃO SADIA?

http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/beth1.html

O cansaço visual pode estar associado ao uso prolongado do computador. Sintomas como vermelhidão, irritação, coceira, olhos ressecados ou lacrimejamento. Ou ainda sensibilidade exagerada à luz, sensação de peso nas pálpebras, fadiga ocular e dificuldades em focalizar o monitor (“perda temporária do zoom”). Todas essas queixas podem estar relacionadas ao uso inadequado do computador.

Algumas alterações do sistema visual de pouca ou nenhuma importância em outras situações do dia-a-dia podem causar esses sintomas quando se executa tarefas visuais que “exigem mais”, como ter que focalizar imagens em monitores (que são compostos de “pixels”, minúsculos pontos que o olho não consegue ver com nitidez, tendo para isso que “acomodar” – focar e refocar – utilizando a musculatura ocular).

Outra conseqüência freqüente é a “dor de cabeça”, que nós médicos chamamos de cefaléia.

Quer diminuir esse desconforto todo quando precisar usar o computador por muitas horas seguidas?

  • A sala deve ser bem iluminada mas, evite o ofuscamento (iluminação focal sobre os olhos não, direcionada ao objeto da leitura sim).
  • Se você lê documentos enquanto digita, deixe-os próximos à tela, em pranchetas ou suportes próprios, ao lado do monitor (diminua o trabalho dos seus olhos e cabeça).
  • Mantenha o monitor a uns 50 a 60cm distante de seus olhos e ligeiramente abaixo deles, no máximo na mesma altura (você conhece alguém que lê em frente rotineiramente e com facilidade? Com certeza não). Durante a leitura prolongada nós utilizamos os músculos que deslocam os olhos para baixo. Essa musculatura já está acostumada! Sempre lemos em cima da mesa ou “no colo”. Os músculos responsáveis pelo olhar mantido em frente passaram a trabalhar mais quando surgiu o computador. Tudo mudou… e as queixas aumentaram!
  • Diminua os reflexos da tela (se preciso use um filtro anti-reflexo).
  • Descanse de vez em quando: 15 minutos a cada 2 horas de trabalho ou pelo menos 5 minutos a cada 50 ou 60 minutos  (ou pelo menos descanse seus olhos). Fechando os olhos você não está relaxando e sim mantendo os olhos na posição de trabalho, contraídos.
    É necessário olhar para o horizonte e fixar num objeto/ponto que tenha que ser focado,que exija um relaxamento dos músculos para ser “enxergado com nitidez” (em outras palavras,tentando fixar um ponto para “dar um descanso”, relaxar os olhos!)
  • Mas tudo isso não será o bastante se você não estiver usando a correção ótica adequada à sua situação de trabalho, seja você míope, hipermétrope, astigmata ou présbita (“vista cansada da idade”).

Quanto a lentes especiais, seu uso frente a sistemas de raios catódicos como a televisão e o monitor de vídeo colorido teria por objetivo diminuir o trabalho da pupila (que regula a entrada de luz) e com isso uma das causas de cansaço visual.

Leia mais sobre ergoftalmologia nos endereços abaixo:

http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo

http://www.difundir.com.br/mobile/c_mostra_release_mobile.php?emp=1960&num_release=16306&ori=T

“Manual de Ergoftalmologia”

http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf


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Algumas outras considerações:

Costumo explicar dessa forma aos pacientes o porquê do incomodo do uso do computador:

Você já experimentou manter os olhos na direção do teto por alguns minutos? Serão bem poucos minutos,com certeza…lembra quando a gente esta trocando uma lâmpada de uma luminária no alto de uma escada e tem alguma dificuldade em retira-la do bocal? Os braços continuam estendidos para cima,mas o olhar é desviado para o chão,na tentativa de “descansar o olhar”…porque dói manter os olhos fixando o teto,não é mesmo?

Assim,imagine que os olhos foram “desenhados” para se adaptar funcionalmente às exigências do contexto de vida de cada um…mas quando elas mudam…os olhos levam um tempo para se adaptarem à nova situação…enquanto isso,alguns sintomas nos lembram que mudamos nossa forma de nos relacionarmos com o mundo externo (computador p.ex.).

Na mirada principal (como chamamos em oftalmologia o “olhar para frente”)…antes estavamos acostumados apenas a fixar pontos de menor exigência visual …porque envolviam enxergar a distancias maiores (dirigir,ver TV,etc). Com o advento do computador passamos mais tempo utilizando os músculos responsáveis pelo alinhamento dos olhos e pelo foco (leia-se nitidez da imagem) a uma distancia diferente da habitual.

Em outras palavras… vamos,para efeito didático,separar a direção do olhar em três posições:

O olhar para baixo,ao qual estamos acostumados desde sempre, uma vez que desde pequenos usamos os olhos para baixo ao lermos, escrevermos,comermos,e antes disso, para desenharmos, brincarmos de dominó ou ainda jogar xadrez.Então os músculos responsáveis pela visão ao olharmos para baixo,sempre foram muito usados e “são malhados”,”fortes”,toleram muito bem horas de esforço…como na leitura prolongada…

O olhar para cima (como ao trocar uma lâmpada no teto),é pouco exigido em nosso dia a dia e portanto os músculos envolvidos nessa tarefa são pouco trabalhados e bastante débeis,não tolerando por muito tempo esforço maior.

O olhar em frente, com a modificação de nossos hábitos,tem sido mais exigido a uma distancia antes não habitual (como ficar varias horas em frente à uma tela de computador).Esses músculos então tiveram que ser mais usados e dependendo do momento de vida de cada individuo,cada um de nós leva um tempo maior ou menor para se adaptar às novas exigências.

Algumas vezes há necessidade de ajuda para melhor administrarmos essa tarefa. É ai que passamos a necessitar de um profissional do qual muitas vezes nunca ouvimos (injustamente) falar: o ortoptista!

Ele é uma espécie de fisioterapeuta de olhos! Ele ajuda a reequilibrar a musculatura e a visão binocular (responsável pela qualidade da tarefa discriminativa visual).

Voce sabia que para vermos com a qualidade que estamos (ou deveríamos estar) habituados muitos musculos e interações neuronais são postos em funcionamento e dessa sincronia depende o bem estar ao executarmos essas tarefas?

Voce sabia que ao utilizarmos cada vez mais e mais cedo,a tecnologia de que dispomos hoje (computadores,celulares,palmtops,netboooks,etc) estamos cada vez mais antecipando sintomas decorrentes dessa falta de competência sensorio-motora.Hoje muitas crianças são levadas ao oftalmologistas com queixa de dor de cabeça,lacrimejamento,ardência nos olhos,etc.

Se ao sermos introduzidos a essa tecnologia toda fossemos previamente preparados e instruídos em relação à “utilização do aparelho visual”,teríamos o beneficio de melhor desempenho com menor desconforto e estaríamos assim absorvendo essa tecnologia,de forma mais saudável.

Esse  “treinamento previo” também é muito oportuno quando as exigências mudam…como por exemplo em épocas de muito trabalho visual discriminativo no período do vestibular, prepação para concursos,teses de mestrado/doutorado,inclusive mudanças no perfil de trabalho (do trabalho apenas com papel para tarefas cada vez mais longas utilizando monitores,p.ex.).

Leia mais sobre ortóptica e como ela pode nos ajudar no dia a dia nos links abaixo:

http://a-vision-4-all.blogspot.com/2009/11/avaliacao-ortoptica.html

http://www.cbort.com.br/artigos/artigos004.html

http://ortoptica-baixavisao.blogspot.com/2008/09/os-olhos-rgos-responsveis-pela-viso.html

http://www.mundovestibular.com.br/articles/6219/1/Ortoptista—Uma-otima-carreira/Paacutegina1.html

Mais sobre moscas volantes,fotopsias,flashes e fosfenos…

Como o post que tem gerado mais interesse (e comentarios a respeito de duvidas que ainda persistem) é o relacionado a mosca volante e fotopsia (ver os comentarios de outros leitores em “FIQUE DE OLHO:um alerta importantíssimo”, neste blog),seguem alguns esclarecimentos adicionais:

A definição de fotopsia: “sensação luminosa,como de faiscas ou relampagos provenientes de doença da retina” em http://www.verbetes.com. Mas,etimologicamente falando a combinação photos (luz) e opsis (visão) sugere a interpretação de visão de luzes,independente da causa do fenomeno.


Em medicina é consenso nos referirmos a um sintoma como fotopsia quando a causa dos “flashes” (brilho,faísca…ou outra definição) é oftalmológica (e vitreo-retiniana).

Caso  já tenhamos realizado mapeamentos de retina seriados (avaliação da retina periférica…e não apenas oftalmoscopia direta,como se faz no clássico “exame de fundo de olho”) e o(s) exame(s) não tenham evidenciado nenhuma degeneração de risco para descolamento de retina nem tração vitreo-retiniana ( com ou sem rotura ), então o sintoma pode ser definido como “fosfeno” ( veja abaixo definição bastante esclarecedora ).

As referencias a respeito de flashes, fotopsia e fosfenos são muitas vezes dúbias,dando margem a interpretações diferentes.O que importa na realidade é termos certeza de que o fenômeno luminoso não esteja relacionado à presença de rotura retinana, tração vítreo-retiniana e/ou degeneração de risco para descolamento de retina.Nessas situações devemos monitorar o paciente ,de forma sistemática,enquanto persistirem os sintomas!

O estresse,a tensão e a ansiedade aumentam (ou melhor,”aguçam “)nosso limiar perceptivo. Quantos de nós já nos demos conta de que quando estamos tensos ouvimos todos os barulhos no nosso entorno,tornando bastante desagradável conviver ,por exemplo, com  o barulho de uma simples gota d´agua caindo de uma torneira mal fechada ou ainda o som constante de alguem digitando (às vezes do outro lado da parede,em outro ambiente…mas que  ainda assim ouvimos  nitidamente…e como incomoda!)?

Então …esse mesmo estresse pode gerar aumento da percepção dos fosfenos do movimento ocular rápido (veja definição no link citado abaixo) e não significar risco.

Mas,antes de  afirmar que o que vem incomodando um paciente se deve unicamente  a fatores não oculares, o medico deve esgotar a investigação oftalmológica no sentido de afastar causas mais graves para os sintomas,ou melhor,causas que exijam intervenção precoce.

Espero ter ajudado!

Veja também:

http://www.willsglaucoma.org/portuguese/20060607.htm

O link  é interessante e esclarece mais a respeito de flashes,fotopsias e fosfenos (segue abaixo texto reproduzindo parte do arquivo que você pode acessar no endereço referido):

“Dr. Elliot Werner: Deixe-me começar dando a vocês uma definição de moscas volantes e flashes. Uma mosca volante é algo nos fluidos do olho que lança uma sombra na retina e se parece com uma mancha escura ou manchas que flutuam ao redor no campo de visão. Moscas volantes só podem ser vistas com os olhos abertos e em um ambiente iluminado.
Flashes podem ser vistos até mesmo na escuridão ou, às vezes, com os olhos fechados. Flashes são flashes de luz ou objetos iluminados que aparecem no campo de visão.

P: Um flash é algo com o que se preocupar?
Dr. Elliot Werner: Assim como com as moscas volantes, depende da causa. Um flash solitário sem qualquer perda de visão é raramente sério. Flashes persistentes, especialmente se houver alguma mudança na visão, são potencialmente sinais sérios de descolamento de retina.

P: Às vezes, quando eu fecho meus olhos, uma luz suave aparece lentamente e então desaparece em um padrão contínuo. Isso são flashes de luz?
Dr. Elliot Werner: Não, isso é na verdade uma resposta normal do sistema visual ao se fechar os olhos. Até mesmo em um ambiente completamente escuro, a retina produz impulsos nervosos que se parecem com luz. Flashes são exatamente isso: pontos luminosos ou raios de luz que parecem surgir e desaparecer rapidamente.
P: ‘Flash’ significa algo de curta duração. Qual é o nome para o similar, mas aparentemente permanente, brilho ou objetos brilhantes?
Dr. Elliot Werner: Fotopsia. [Nota da editora: “Fotopsia é a presença de flashes de luz visíveis. É mais comumente associada com descolamento vítreo posterior, enxaqueca com aura, aura de enxaqueca sem dor de cabeça e ruptura ou descolamento da retina.http://en.wikipedia.org/wiki/Help:Contents%5D

P: Eu passei por um período em que via flashes quando virava minha cabeça. Um especialista em retina disse que nada estava errado; era apenas porque o vítreo era muito espesso e estava puxando a retina quando eu virava minha cabeça de repente. Não aconteceu por muito tempo. Quão comum é o vítreo variar em viscosidade e é a razão conhecida?
Dr. Elliot Werner: O vítreo fica menos viscoso e mais fluido com a idade. O que você descreve é chamado fosfenos do movimento ocular rápido e é uma ocorrência normal. É o responsável por “ver estrelas” quando somos atingidos na cabeça”.

Leia tambem aqui neste blog o post “Floaters (moscas volantes) e depressão…qual qa relação provável?”  no link

https://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/floaters-e-depressao-qual-a-relacao-provavel/

Outro link interessante:

http://www.ibc.gov.br (site Instituto Benjamin Constant)

Veja definições e orientações a respeito de flashes

Oftalmologia,senilidade e qualidade de vida futura

Por que não devemos procurar o oftalmologista apenas quando existem queixas visuais,ou simplesmente precisamos trocar os oculos…

Envelhecer enxergando bem…esse é o objetivo de todos nós e o  compromisso de todo oftalmologista  com cada individuo sob seus cuidados!

O exame oftalmológico regular é sempre uma necessidade tendo em vista não apenas a avaliação pontual da doença ocular e sim como potencial fator preditivo dessas mesmas doenças.A antecipação  ao adoecimento é e sempre será o desejável na atuação medica.Uma vez que o tratamento medicamentoso vem se mostrando a longo prazo mais iatrogênico do que antes pensado,a prevenção ou mesmo a melhor interpretação da forma de introduzir e conduzir o tratamento necessário são extremamente importantes.

A senilidade significa a desorganização  lenta e gradual dos sistemas bioquímicos e estruturais do nosso organismo, o que leva ao que chamamos degeneração orgânica, com suas manifestações funcionais especificas.Dependendo do órgão ou sistema mais debilitado (genética e/ou ambientalmente predisposto),os sinais surgem mais precocemente neste ou naquele órgão.

No caso especifico dos olhos,mais comumente na senilidade, a catarata,o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) são as manifestações mais comuns e,respectivamente, o cristalino,o nervo óptico e a retina (especificamente sua área mais central,a macula) devem ser alvo de exames periódicos para que se possa desenvolver estratégias no sentido de retardar os desfechos negativos a eles relacionados.

Comentando sobre o glaucoma, embora ainda não saibamos exatamente a causa dessa neuropatia óptica isquêmica progressiva,sabemos que devemos ficar atentos a alguns fatores que podem sinalizar os indivíduos de maior risco.A concomitância de hipertensão arterial sistêmica  de diabetes mellitus,de migranea(enxaqueca –presente ou passada),de hipotensão arterial importante,de síndrome da apneia do sono,alem da hereditariedade positiva são fatores que devem ser levados em consideração na estratificação de risco para a doença. Para conhecer mais a respeito de fatores de risco (individuais e coletivos) para o desenvolvimento de glaucoma e avaliar seu escore em relação à doença, veja o questionario no link abaixo:

http://willsglaucoma.org/cgi-script/csArticles/articles/000000/000074.htm

Outros fatores são na verdade sinais clínicos como o valor da pressão intra-ocular,sempre relacionada à espessura corneana e à avaliação da aparência do disco óptico com seus sinais localizados de perda de fibras nervosas (modificação da relação que existe entre o diâmetro do disco óptico e da sua escavação,alem da alteração do padrão de espessura dos bordos inferior,superior,nasal e temporal desse disco: a essa relação damos o nome de padrão ISNT).

Quanto à DMRI, sabemos que o fator exposição à radiação UV (tanto no verão quanto no inverno pela agravante ambiental a ela relacionada (buraco na camada de ozonio)) alem da perda progressiva dos pigmentos maculares ( luteina e a zeaxantina) devido ao envelhecimento, vem tornando essa patologia cada vez mais prevalente entre nós.

O que devemos fazer é instituir a alimentação funcional (e num segundo momento e sob supervisão medica, a suplementação) para aumentar os niveis oculares desses bioflavonoides além de utilizarmos sempre oculos com proteção UV plena.Alem disso nos conscientizarmos de que o estilo de vida atual gera um estado pró-inflamatorio em nosso organismo acelerando a degeneração dos tecidos e orgaos. O contraponto a essa situação é o aumento da atividade fisica e a adoção de uma dieta mais rica em alimentos que alem de não estimularem a sintese de substancias favorecedoras de inflamação atuam em direção oposta.

O combate ao sedentarismo e a adoção de uma dieta mais saudavel contribuem tambem para reduzir as doenças vasculares como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que atuam como fatores de risco para o aumento da incidencia e da gravidade das doenças oculares da senilidade.

A catarata,ou perda de transparencia do cristalino,faz parte do processo natural e gradual de envelhecimento do olho. Todos,sem exceção, mostramos esse tipo de evolução,diferindo apenas em intensidade (maior ou menor)  e tempo (mais acelerado ou bem mais lento). Quando essa perda de transparencia chega a interferir na qualidade de vida do individuo há necessidade de cirurgia. Por outro lado, muitos individuos podem chegar a idades bem avançadas sem necessidade de intervenção cirurgica,e com acuidade visual compativel com boa qualidade de vida. Aqui tambem a proteção UV atraves de oculos solares de boa qualidade, o aumento de aporte de carotenoides (zeaxantina e luteina) e a manutenção da saude (evitando uso frequente de medicamentos  e com isso possiveis iatrogenias) ajudam a prolongar a vida útil do cristalino e,mais uma vez, melhorar a qualidade de vida na senilidade.

Essa avaliação periódica é importante para a estratificação de risco de cada individuo. Cada um de nós pode ter uma qualidade de vida maior se nos anteciparmos a esses eventos e cada vez mais deixarmos de identificar as doenças apenas quando elas já necessitam tratamento.O que buscamos hoje é o desenvolvimento de estratégias que ajudem a prolongar o bem estar do individuo durante a senescencia.

Como lidamos com o risco calculado da terapêutica médica?

Como no dia a dia cada vez mais nós,oftalmologistas,somos questionados a respeito e lidamos com efeitos colaterais de procedimentos e medicamentos que utilizamos na nossa pratica diária; ou mesmo recebemos pacientes com sintomas oculares secundários a procedimentos ou medicamentos utilizados por médicos de outras especialidades,achei que deveria publicar aqui matéria a respeito de um comentário feito no post “Fique de olho- um alerta importantíssimo”,aqui no blog.

O comentário foi a respeito de possível surgimento de “floatters” ou moscas volantes (alem de fotopsia) após procedimento oftalmológico (realizado para tentar minimizar perda visual num olho com diagnostico de “membrana neovascular sub-retiniana).

A queixa de moscas volantes é bastante freqüente e as causas podem ser várias,desde o processo de envelhecimento natural do olho,passando pela degeneração miopica (devido à modificação anatômica do olho,que passa a ser mais alongado e antecipa as alterações estruturais do gel vítreo).Ou ainda,a intima relação entre o vítreo e a retina pode ser desfeita ao mínimo trauma ou inflamação/infecção oculares.

A fotopsia ou flashes podem aparecer sem o sintoma prévio de moscas volantes,mas não é o comum.A fotopsia deve ser diferenciada de outras causas não oculares de “visão de luzes piscando”,”pontos luminosos brilhando” ou outro tipo de “alucinação visual” luminosa.

Quando a etiologia é retiniana existe tração da retina,devido a pontos de condensação do gel (vítreo) . Devido à modificação estrutural do gel,que ocorre após o deslocamento vítreo, algumas fibrilas se condensam ,formando então as famosas moscas volantes de vários aspectos e tamanhos.Algumas delas permanecem conectadas à superfície retiniana e nos deslocamentos oculares fazem com que a retina seja “repuxada”…ou seja,tracionada.A isso damos o nome de tração vítreo-retiniana.

A tração é primaria na maioria das vezes mas pode ser um secundarismo tambem. Se levarmos em consideração que toda vez que fazemos qualquer intervenção no organismo estamos de certa forma introduzindo um fator de stress (fisico ou quimico) que irá gerar uma resposta! No final das contas o objetivo será alcançado…mas no curso da recuperação algumas reações indesejaveis (mas esperadas e passiveis de controle) surgirão.

Se o ponto de tração não se desfaz e com o tempo verificamos que isso implica em risco para um descolamento de retina (devido à co- existência de outros fatores de risco,como as degenerações periféricas estatisticamente mais relacionadas ao DR em olhos míopes),então está indicado procedimento para   eliminar essa tração.

Mas devemos sempre levar em consideração que cada vez que o olho (ou qualquer outro órgão) é submetido à exploração cirúrgica ou procedimento invasivo,mesmo que seja para “consertarmos” algo que realmente necessita de reparo,esse procedimento implica em alguns riscos a curto,médio e longo prazo.

A medicina e suas formas terapêuticas,quaisquer que sejam elas,devem sempre ser pensadas dessa forma: um recurso pontual imprescindível ao órgão/corpo doente,que sempre implica em risco calculado que deve ser absorvido tanto pelo medico (ao escolher a melhor forma atuar naquele momento) quanto pelo paciente (que deve entender e conhecer as limitações   do conhecimento cientifico quanto às projeções futuras,no longo prazo,assim como todas as alternativas disponíveis para cada situação de doença e conversar com seu medico a respeito delas e de suas duvidas,a cada momento).

A resposta do próprio organismo à “invasão” que sofre,seja de que etiologia (causa) for,se dá quase sempre sob a forma inflamatória,ou seja,células encarregadas de combater agressores (sejam eles ambientais,microbianos ou agentes físico-quimicos) se multiplicam e migram para o “local invadido”.Dependendo da resistência orgânica e da situação psiconeuroendocrina do individuo que sofreu a agressão,essa resposta resultará em maior ou menor dano secundário à esse organismo.

É por isso que quando extraimos um dente por exemplo,ou somos submetidos a uma cirurgia,recebemos no pós operatório alguma substancia anti-inflamatoria:para evitar um dano maior devido à reação orgânica (normal e esperada) ao procedimento.

Trocando em miúdos,temos que realizar procedimentos que são necessários mas ao mesmo tempo temos sempre em mente que devemos esperar reações às nossas ações e nos prepararmos para melhor agir nesses momentos e bem equilibrar essa equação (ação-reação).

E …sempre …a melhor alternativa é a prevenção da doença.O tratamento é a consequencia inevitavel e embora não tenha a forma ideal (que ainda continuamos buscando) é a alternativa possivel .

A informação pontual recebida através do medico assistente traz tranquilidade quanto ao que esperar a cada etapa de um tratamento.Uma rotina de exames é necessária para a melhor solução para cada dificuldade que surja.A monitorização contínua durante esse período é decisiva,alem da confiança baseada numa sólida e bem estabelecida relação medico-paciente.

As dúvidas e apreensões dos pacientes são legitimas. Informar-se a respeito do que ocorre com o organismo quando ele adoece é importante sim,até para ajudar melhor na recuperação.Mas deve-se investir também e cada vez mais na relação com o medico.Ambos têm a  mesma expectativa: o retorno rápido ao estado de normalidade funcional e recuperação da saúde.



O perigo dos raios UV …no inverno tambem!

A RADIAÇÃO UV É PERIGOSA TAMBEM NO INVERNO!!!!!!!!!!


Por que usamos óculos de sol?


Para alguns seria apenas um modismo. Alem de compor o visual, os óculos solares têm o objetivo de proteger nossos olhos do incomodo da luz visível que a uns incomoda mais que a outros (fotofobia). Mas a importancia maior reside no fator da proteção que oferecem contra os raios ultravioleta(Uva e UVb) indutores e aceleradores de doenças oculares degenerativas como a catarata e a doença macular relacionada à idade (DMRI) A  DMRI  é  hoje  uma  das principais  causas de cegueira irreversível,segundo a  OMS Organização Mundial de Saude.

Sabemos que a radiação solar UV é menos intensa no inverno. Mas nas regiões tropicais essa redução não é tão intensa. Em latitudes mais baixas, caso do Brasil,a variação entre  as estações do ano é bem menor. Por isso, no inverno a intensidade da emissão dos raios UV continua  tão alta quanto no verão. Embora  mais intensos em dias claros e ensolarados,os raios ultravioleta atravessam nuvens e neblina.Portanto os dias nublados apresentam risco potencial uma vez que não nos apercebemos da necessidade de bloquear esses raios porque atribuímos apenas ao sol visível os malefícios dos raios ultravioleta.

Os  filtros  empregados na  construção dos  óculos de sol devem  ser opacos aos comprimentos  de  onda  menores que  400nm  (UV)  e maiores que  700nm  (IV).  As  lentes que oferecem maior proteção aos olhos devem ser  livres de imperfeições de superficie,alem de eliminar mais de 99% da radiação UV e entre 75 e 90% da radiação visível, evitando o desconforto do excesso de luz visível e da reflexão sobre a superficie ocular ( que pode ser  responsável  também  pelo surgimento de  tumores benignos nos  anexos oculares, câncer de pálpebras e de pele (facial).

Voce deve conhecer mais sobre a radiação ultravioleta e os óculos que nos protegem dos efeitos dela (no desenvolvimento e na aceleração de doenças oculares)!

Leia o resumo das orientações do “Guia Pratico para Proteger a sua Visão” editado pela Harvard Medical School, e publicado no Brasil pela Editora Campus,2002.Elas estão num outro post (anterior), aqui neste blog.

Não deixe de ler!

Catarata é doença? Quando operar?

catarata senil

A catarata é,necessariamente, uma doença?

Qual a definição de doença?

Vamos falar da catarata senil (aquela que acontece com o envelhecimento…)

A catarata, quando acompanha os sinais e sintomas do envelhecimento não é doença. É  tão somente mais um sinalizador do tempo. A opacificação do cristalino (termo que descreve o que acontece com a “lente do olho” na situação denominada catarata), é uma condição inevitável na existência humana, assim como as rugas. Esses sinais são mais precoces ou mais tardios,dependendo da constituição biológica do individuo e de seu viver (escolhas em relação à alimentação,meio ambiente,condicionamento físico,medicações que teve necessidade de fazer uso em diversas situações e pelas mais diversas razões,estressores internos  e externos,enfim…).

Muitos pacientes dizem que tiveram “parentes que morreram com mais de 90 anos e nunca tiveram catarata”. Eu,sempre que posso,explico que essas pessoas tiveram seu cristalino opacificado  sim, porém, como as atividades a que estavam submetidos não exigiam melhor acuidade; se não eram pessoas que utilizavam a “visão de detalhes” com muita freqüência   (ou seja, pessoas que lêem muito,bordam,realizam atividades que exigem uma acuidade visual superior àquela necessária para assistir TV ,não legendada…) ou mesmo se essa redução da acuidade foi muito lenta (a ponto de haver adaptação do individuo à situação… e ele não sentir dificuldades…) ,isso é mais que natural. Afinal,quantos de nós vai ao clinico se queixar de estar com os cabelos cada vez mais brancos???? Ou mesmo,quando da consulta,ele comenta sobre rugas e fios brancos como “doenças”?    Não, certo?    Porque esses sinais fazem parte do processo degenerativo que é o envelhecimento…  que pode tardar ou ser retardado …   mas acontece, para todos nós!

Mas como hoje nossa exigência visual é bem maior e as agressões possíveis ao organismo também são mais intensas ( estado pró-inflamatorio,  pelos hábitos alimentares cada vez mais equivocados, pelo meio ambiente e a relação camada de ozônio/radiação UV cada vez mais intoxicante, alem de outras causas, levando à antecipação da degeneração orgânica), a opacificação cristaliniana nos atrapalha em maior proporção do que há 30 anos atrás.

a visão fica mais embaçada...mais dificil...

Os sintomas iniciais são as flutuações na qualidade da visão.

Essas flutuações podem estar relacionadas à intensidade de luz ( pouca ) ou à baixa qualidade quando há pouco contraste (visão pior ao entardecer ). Ou seja, a visão é percebida como pior, mais em determinados momentos do que em outros. O individuo começa a perceber que mesmo usando óculos, sua visão continua “meio” embaçada, não enxerga como antes. A sensação é como se as lentes dos óculos estivessem sujas. É comum trazerem a queixa de trocas sucessivas de óculos, sem beneficio visual percebido com a troca. Isso se dá porque o cristalino,antes transparente, agora está ficando mais amarelado (como roupa branca guardada no armário por muito tempo,não é isso que ocorre?).

E enxergar através de um filtro amarelo,não é igual a enxergar através de um vidro “blindex” limpissimo,por exemplo…principalmente quando a atividade é a leitura à noite…Nesse caso,a maior potencia na iluminação melhora muito essas queixas.Assim como para dirigir à noite,as lentes com filtro que ajuda a aumentar o contraste (lentes “night drive”) melhoram muito a acuidade visual nos estágios iniciais da catarata.

Outros sintomas comuns são: halos ao redor das luzes à noite, aumento da miopia no individuo míope ou surgimento dela em outros que nunca foram míopes.Mudança de tipo de “erro refracional” ou seja, o individuo era hipermetrope …essa hipermetropia vem diminuindo progressivamente e de repente …ele passa a funcionar como um miope.Além de visão dupla ou visão “com sombras”.

Acredito que nada na natureza existe sem uma finalidade. Partindo desse principio,e baseada em mais de 30 anos de experiência clinica,percebo que se respeitamos mais o “timing” do organismo,ele agradece no longo prazo…

Ou seja,alguém já se perguntou porque o cristalino se opacifica com o tempo? Será que se trata apenas de uma alteração senil,sem motivo aparente exceto a própria degeneração? Assim como as rugas, por exemplo…

Mas,e se não for assim? Será que o cristalino não tem a função de filtrar a luz azul e reduzir os danos que ela causa à principal área retiniana (a mácula) e com isso,manter a qualidade visual por mais tempo ao longo do processo de envelhecimento (quando inclusive a quantidade de pigmentos protetores diminui acentuadamente)? Se assim não fosse,porque os fabricantes  teriam se voltado para a fabricação de uma lente intra-ocular (LIO) cujo maior apelo é o fato de não ser “transparente” como as outras e sim amarelada (como o cristalino senil)?

LIO implantada no olho (em posição,no centro da pupila)

Alguem pode afirmar que a remoção do cristalino senil (amarelo-alaranjado),ou seja, a cirurgia de catarata (facectomia), nos pacientes com predisposição para a degeneração macular relacionada à idade, não acelera o desenvolvimento ou o aparecimento da doença (DMRI)?

um tipo de lente para implante intra-ocular

Os trabalhos publicados são unanimes em contradizer essa hipótese?


Então porque apressar uma situação que no longo prazo aumenta o risco da DMRI quando o paciente ainda não tem maior queixa em relação à sua visão? Por que a cirurgia precoce ou, pior ainda, a extração do cristalino em olho sem catarata,apenas com finalidade refrativa (diminuir ou eliminar o “grau” que o individuo usa ,na alta miopia).Justamente o paciente que tem a retina debilitada em relação aos outros indivíduos não míopes! Não consigo entender a razão dessa prática.Será que é apenas desconhecimento, falta de competencia  e/ou excesso de zelo meu?

Que o paciente aceite a idéia de estar “livre dos óculos” não estranho,principalmente se ele não é advertido a respeito das possíveis complicações futuras.Mas que o médico sugira esse procedimento…não consigo entender…Nossa função (médicos) é proteger o paciente da doença e não contribuir para sua maior incidencia, principalmente por conta de procedimentos invasivos possiveis mas desnecessários (no caso da cirurgia refrativa relacionada à remoção do cristalino transparente).

Alguns cirurgiões me têm na conta de uma médica que é “contra a cirurgia de catarata”. Como poderia eu ser contrária a uma prática que devolve a visão ao paciente? Que aumenta a qualidade de vida na senilidade? Jamais poderia adotar uma postura tão radical! Seria pouco inteligente se assim o fizesse.O que quero garantir ao meu paciente é apenas a segurança de uma postura mais conservadora, expectante,para melhor avaliar o momento de intervir.De um lado a melhora da qualidade de visão a curto prazo (cirurgia precoce).Do outro , a possibilidade de antecipar ou agravar a DMRI (e outras complicações retinianas e maculares), com a intervenção cirúrgica.Se pudéssemos avaliar (com boas chances de acertar),o tempo de vida de cada um,seria mais fácil decidir.Mas como não temos esse poder,me parece mais inteligente e seguro intervir quando a qualidade de vida estiver prejudicada e esse prejuizo for ativamente referido pelo próprio paciente.

A indicação cirúrgica à simples observação de uma catarata num exame de rotina,sem que o paciente se queixe da visão obtida com nova prescrição de óculos, me parece totalmente desnecessária.(E mal indicada!) Alguns dirão que, quando a catarata já está mais desenvolvida, aumentam as chances de uma cirurgia mais demorada. O que levaria a um pós-operatório imediato mais difícil e um outro “gatilho” para a mesma DMRI (e outras patologias) que estávamos tentando evitar.Eu digo que, se assim for, provavelmente terei dado oportunidade de mais alguns anos de melhor visão para o individuo. Porque ele provavelmente também seria o paciente que deflagraria o processo macular numa cirurgia mais precoce. E aí…ele teria sido submetido a um sofrimento maior porque estaria convivendo há mais tempo com uma visão muito ruim.

Ver embaçado é uma coisa…não distinguir é outra,bem diferente!


como é a leitura de um texto ...para um individuo com DMRI

uma paisagem...vista pelo olho com DMRI

Na dúvida,cabe ao medico fazer uma investigação da qualidade de vida desse individuo atraves da aplicação de um questionario (VFQ  “visual functioning questionnaire”) referido na literatura médica e disponivel em várias bases de dados. http://www.nei.nih.gov/resources/visionfunction/vfq_ia.pdf             http://www.rand.org

Costumo indicar cirurgiões com grande experiência (e excelente casuística) . Ainda assim, procuro antes manter o individuo bem monitorizado do ponto de vista retiniano, “preparando” esse olho para o procedimento.Tento ainda diminuir o estado pró-inflamatorio do paciente alguns meses antes da cirurgia (se já não tiver conseguido melhorar o habito alimentar dele como fator de melhora de qualidade de vida e não apenas com objetivo cirurgico).

Alem disso, as decisões devem sempre ser tomadas em conjunto (medico e paciente e/ou familiares). E com total conhecimento do paciente a respeito do procedimento a que está sendo submetido,benefícios e situações que podem surgir a curto, médio e longo prazo.Como tentar evitá-las e como conduzi-las caso aconteçam. Uma indicação segura será sempre benvinda.

E a relação medico-paciente se fortalece nessa circunstancia,o que já é “meio caminho andado” na direção do sucesso terapêutico!

Leia mais sobre catarata nos links abaixo:

http://saudedofuturo.wordpress.com/2008/10/18/catarata-tudo-sobre-catarata/

http://olyntho.wordpress.com/2010/01/25/catarata-%E2%80%93-reabilitando-a-visao/

http://drvisao.com.br

http://portaldaoftalmologia.com.br


FIQUE DE OLHO: um alerta importantissimo!

Vamos falar sobre a  retina.

A retina é transparente.Vemos o vermelho-alaranjado do fundo,através dela.Quando descolada perde a transparencia .Fica com essa coloração leitosa que vemos à direita da foto.

Um termo de pesquisa buscado no blog nos últimos dias foi relativo à queixa de  “clarão nos olhos”.Esse termo é usado por indivíduos que se referem à sensação visual de “ver raios,como quando relampeja… ou ver faíscas…”.De repente…do nada,começam a perceber esses momentos de brilho intenso e rápido,que acontecem no escuro ou quando  eles mexem a cabeça ou mudam de posição e às vezes quando movimentam os olhos durante a  leitura.

A  fotopsia ( nome que damos à essa percepção luminosa )  acontece por uma tração na retina. Como se dá essa tração?

Imagine uma mulher vestida com uma meia-calça longa que em algum momento foi ligeiramente danificada por uma pulseira ou relógio passados “de raspão” sobre ela. Não vai rasgar…agora.Mas pense no que ocorrerá com essa mesma meia depois de alguns dias mais de uso …De repente ,um belo dia,sem mais nem menos, essa meia rasga (“desfia”) ao menor toque ao ser usada. Não foi assim tão inesperado, não é mesmo? Já sabíamos que isso poderia acontecer mais cedo ou mais tarde, por causa daquele “ponto frágil” criado no episodio relatado acima e constantemente tracionado ao se fazer uso da meia.

Assim ocorre com nossos olhos. Podemos comparar a  retina à uma extensão das células nervosas,capazes de transformar um impulso recebido na imagem que você vê quando olha o mundo ao redor.É um tecido nobre dos nossos olhos. Sem a integridade da retina e do nervo óptico (que seria o conjunto dessas fibras retinianas agrupadas e condensadas num tipo de “fio condutor” para serem levadas ao cérebro)…não seriamos capazes de ver. Mesmo com a córnea íntegra e sem catarata  ou  outra patologia…não enxergaríamos!  A  retina poderia ser comparada ao “filme” da máquina fotográfica (daquelas de antigamente…não digital … lógico!).Uma máquina perfeita…mas sem filme..você poderia clicar…mas não obteria imagem para ser revelada,não é mesmo?

Então…o que ajuda a proteger esse tecido  ocular tão nobre? O humor  vítreo ou corpo vítreo  ou…simplesmente… vítreo para os mais íntimos! É um gel, que “preenche” a cavidade ocular. Os olhos não são estruturas sólidas…são como “cistos” preenchidos por esse gel e “forrados” internamente pela retina (complexo retina-coroide) ,com uma  capa externa que é a esclera (a parte branca dos olhos).

Agora imagine uma vasilha com gelatina que você tira da geladeira e deixa sobre a pia.Depois de algumas horas…ela se liquefaz,não é mesmo? Mas, mesmo assim,se você passar o conteúdo dessa vasilha por numa peneira,verá que ainda ficam resíduos dessa gelatina na rede.Nos olhos,esses fragmentos do vítreo,quando se liquefaz (seja por trauma ou pela própria idade), você vê como “mosquinhas” ou “pontos pretos” ou ainda “teias de aranha” quando olha para o céu em dias de sol,ou lê sobre superfícies muito claras.O nome popular para esses pontos: “moscas volantes”. Quando estamos mais tensos, a percepção desses pontos aumenta Por  outro lado,quando estamos bem,quase não percebemos esses pontos.

Quando temos descolamento posterior de vitreo (DPV), costumamos ver esses pontos pretos, pois a liquefação do gel levará a essas percepções. Nessa etapa, já fomos ao oftalmologista, ele detectou o DPV, examinou a retina e não encontrou nenhuma degeneração periférica de risco para descolamenteo de retina (DR). Essas degenerações podem estar presentes nas várias etapas de vida e não são incomuns. Apenas que identificamos em algumas delas, risco maior para o DR. E, se somos portadores desses tipos específicos de degeneração, devemos ter mais cuidado  ainda a partir do  DPV,porque um dos “fatores de proteção” dessa retina já não existe mais: o vitreo condensado e “servindo de apoio” à retina.

Então , existem duas situações para ficarmos atentos:

A primeira: Há tempos vemos essas moscas volantes , fizemos o mapeamento de retina (exame para avaliar a periferia da retina e verificar existência de degenerações) e naquele momento nada de anormal ,alem do DPV, foi verificado. Mas agora, as “moscas volantes” aumentaram em numero e vemos quase que o tempo todo. Sinal de alerta! Procure o seu oftalmologista para avaliar novamente a sua retina.Certifique-se de que não exista nenhuma inflamação no interior do olho ou mesmo que não tenha surgido algum tipo de alteração mais importante.Não espere passar o sintoma…vá ao primeiro sinal de mudança de tipo e freqüência dessas “moscas volantes”.

A segunda: Você nunca havia experimentado essa sensação de embaçamento transitório, como uma “rede ou véu”  atrapalhando a visão …ou mesmo essas “moscas volantes” desagradáveis. Procure imediatamente o oftalmologista para ter certeza de ser “apenas”  um DPV  e não  algo mais importante em que se  tenha que intervir rapidamente.Esse tempo que você perder entre o inicio dos sintomas e a ida ao oftalmologista pode significar a diferença entre ter que ser submetido apenas a uma sessão de laser para “colar” alguma rotura (ou buraco)  na retina ou ter que se submeter a uma cirurgia para tratar, agora, um descolamento da retina, causado pelo não tratamento daquele mesmo “buraquinho”  de antes.Outro sinal que pode nos ajudar a perceber a gravidade da situação é a percepção da fotopsia ( os flashes, ou percepções luminosas,como já falamos mais acima). Isso  ocorre porque a retina está sendo tracionada e como ela conduz estímulos luminosos, cada vez que ela é “pinçada” temos a sensação de ver luzes piscando.Então, resumindo, se estamos vendo “clarões de luz” não temos que esperar nada:                  é ir direto ao oftalmologista, para nos darmos a oportunidade de identificar o problema num estágio em que ele pode ser resolvido com uma intervenção menos invasiva e que se traduza numa melhor acuidade visual presente e futura!

Veja a possivel relação com a depressão e os neurotransmissores no post  “Floaters (moscas volantes) e depressão…qual a relação provável?”  publicado hoje, abril de 2012

https://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/floaters-e-depressao-qual-a-relacao-provavel/

(Veja mais a respeito do assunto no post “Mais sobre moscas volantes,fotopsias,flashes e fosfenos…” publicado em agosto de 2010)


(Veja a correlação destes sintomas com o uso de medicamentos no post    ” Flashes,fosfenos,sensações visuais incomuns e medicamentos…uma relação mais que possível ” em agosto de 2011)

Mais conteúdo sobre moscas volantes na internet:

http://www.eyecare.com.br/Retina.aspx

http://www.olhosfreitas.com.br/prg_vis_opi_dor_ger.cfm?id=67

Uma abordagem interessante sobre habituação em relação às moscas volantes (de forma semelhante ao que é proposto na habituação ao tambem desagradável sintoma que é o zumbido) voce encontra na leitura de um ebook disponivel na internet. O autor Mark Lorne explica por que alguns de nós não conseguimos evitar “ver” os floaters comuns a quase totalidade da população. E propõe algumas estratégias possiveis para a evitar a percepção deles. Um leigo interessado em ajudar outros individuos a conviver com moscas volantes. Mais ainda, ele identifica um perfil psicológico comum aos queixosos cronicos em relação às moscas volantes. Vale a pena ler e refletir a respeito!

O link:

http://www.noeyefloaters.com/index.htm

No blog  www.moscavolante.com.br  uma tradução livre do texto de Mark Lorne