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saude

Alimentos importantes para os olhos…

QUAL O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO NA SAÚDE OCULAR?

 

Manter a saúde depende basicamente de 5 fatores: alimentação saudável, exercício físico, sono de qualidade, água e administração do estresse.

No organismo, qualquer órgão ou sistema é regulado eficientemente quando todas essas variáveis estão em equilíbrio.

O que aconteceu com a humanidade ao longo do tempo foi uma transgressão às regras básicas de saúde. Escolhas equivocadas fizeram com que o grande avanço cientifico e tecnológico na Medicina nos tornasse mais longevos…, mas sem a qualidade de vida esperada.

Em relação aos olhos, as doenças degenerativas mais prevalentes na senilidade são o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI).

GLAUCOMA E VISÃO PERIFERICA

 Não incluí a catarata por entender que a perda de transparência do cristalino é comum a todos nós no processo de envelhecimento. Como muitos dizem, a “catarata é o cabelo branco do olho”. Alguns apresentam perda transparência mais cedo do que outros por diversos fatores (metabólicos, traumas, descargas elétricas, fumo, etc). Em geral a cirurgia (indicada apenas quando há déficit funcional importante e que altere a qualidade de vida do indivíduo) restaura a acuidade visual.

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificá- veis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. Existem duas formas de DMRI: a forma seca e a úmida (bem mais grave, com desfechos negativos importantes e de rápida evolução).

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

O papel de alimentação na saúde ocular é o mesmo que na saúde dos outros órgãos e sistemas: garantir que as células recebam os micronutrientes necessários à manutenção da higidez do sistema visual.

COMIDA PROIBIDAjunk food

Como vivemos na era do fast food (escolha equivocada), nossas células se ressentem em algum momento da falta de nutrientes. O organismo tenta retirar de um sistema para nutrir outro, vai tentando se equilibrar …mas em algum momento uma disfuncionalidade ocorre…e a doença surge.

Vale a pena usar suplementos alimentares para promover a saúde dos olhos?

 

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

alimento é remedio

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

A suplementação pontual e supervisionada é válida por tempo determinado, enquanto se faz a reeducação alimentar. Depois os micronutrientes serão ofertados através de uma alimentação saudável e bem controlada (a dita nutrição funcional). Por conta da biodisponibilidade maior serão totalmente absorvidos e estarão suprindo de forma ideal a necessidade celular.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

Mas hoje trabalhamos com a ideia de que a ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes “in natura”, através de uma alimentação mais saudável ainda é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

No caso da DMRI, o Instituto Nacional de Saúde americano publicou dois estudos (AREDS 1 e 2) sugerindo protocolo de suplementação em indivíduos que JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI SECA ou que têm familiares diretos com a doença.

NÃO É recomendada suplementação para prevenção de DMRI! Somente na tentativa de retardar a evolução da doença JÁ EXISTENTE!

O consenso atual nesses casos seria suplementar em casos de DMRI SECA (categorias 3 E 4):

VITAMINA C 500MG

VITAMINA E 400UI

OXIDO DE ZINCO 80MG

AC.CUPRICO (COBRE) 2MG

OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G (epa180mg : dha 120mg)

LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG

Estudos como o AREDS, o LUNA e o POLA (francês) sugerem papel protetor principalmente da zeaxantina contra a DMRI. Porem outros estudos NÃO FORAM CAPAZES de mostrar correlação positiva entre a suplementação e benefícios na prevenção da DMRI.

Quais alimentos influenciam diretamente na saúde da visão?

 GLUTATIONO glutation (ou glutationa) é uma molécula muito importante no metabolismo ocular e com o envelhecimento sua concentração intra-ocular diminui bastante. A ingesta de alimentos que contém alguns nutrientes específicos auxilia na síntese orgânica do glutation. O ácido alfa-lipoico e ao aminoácido cisteina são alguns desses nutrientes.

Encontramos alfa-lipoico no espinafre, tomate, ervilhas e couve de bruxelas. Algumas fontes de cisteina são gema de ovo, alho, pimenta e brócolis. O selênio também é vital! Fontes interessantes são as nozes, as sementes de girassol, aveia, atum, ovos e arroz integral.

GEMA OVO E LUTEINA

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes seriam: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides).

Vegetais frescos (crus) como a couve e salsa no suco verde diário…uma excelente opção!    IMAGEM SUCO VERDE internet

Em relação aos temperos, a salsa, o açafrão, o cominho e a canela são os mais importantes. O manjericão e a páprica também são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina será absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de água fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc). O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3.

Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo que é suplementado ou ingerido através da alimentação.

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DMRI: a prevenção é possível…

A degeneração macular relacionada à idade(DMRI) é a causa mais comum de perda visual irreversível em indivíduos acima de 50 anos!

Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificáveis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local.

Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas.  Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. A forma úmida é bem menos comum que a seca.Com isso, o prognostico melhora.

DMRI SECA (DRUSAS CONFLUENTES)

dmri forma seca

 

Mas segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 180 milhões de pessoas em todo mundo apresentando algum grau de deficiência visual (mais de 50 milhões de pessoas legalmente cegas, que não podem sequer se locomover sem ajuda).

DIRIGIR COM DMRI

a perda visual na DMRI é central, ao contrario da perda visual na doença glaucomatosa

 

 

ESTUDO AREDS   “Age-Related Eye Disease Study”   http://elizabethnavarrete.com/tag/areds-2/

O INH, INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE, DOS EUA PUBLICOU DOIS ESTUDOS (AREDS 1 E 2) SUGERINDO PROTOCOLO DE SUPLEMENTAÇÃO PARA USO EM INDIVIDUOS QUE JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI seca OU QUE TêM FAMILIARES DIRETOS COM  DOENÇA.

NÃO É RECOMENDADA SUPLEMENTAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DMRI; E SIM NA TENTATIVA DE RETARDAR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA!
VITAMINA C 500MG
VITAMINA E 400UI
OXIDO DE ZINCO 80MG
AC.CUPRICO (COBRE) 2MG
OMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G epa180mg : dha 120mg)
LUTEINA+ZEAXANTINA 10MG
AINDA CONTROVERSOS OS RESULTADOS DO AREDS E DE OUTROS ESTUDOS COMO O LUNA (12MG LUTEINA+1MG ZEAXANTINA) E O POLA (FRANCES)  QUE TAMBEM SUGERIU PAPEL PROTETOR DAS XANTOFILAS PRINCIPALMENTE A ZEAXANTINA CONTRA A DMRI.
POREM OUTROS ESTUDOS não FORAM CAPAZES DE MOSTRAR CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE suplementação de luteina e zeaxantina e beneficios na prevenção da dmri.
O consenso hoje é suplementar em casos drmi seca (categorias 3 E 4).

SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO:

Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação!

Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai.

Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.

 

CAROTENOIDESOVO E LUTEINAFOLHOSOS E LUTEINA

A ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes in natura, através de uma alimentação mais saudável é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes!

Outro fator importante a se considerar é que quanto mais alto o HDL, maior é o transporte de luteína para a retina, onde ela é tão necessária! O mesmo acontece com a zeaxantina.

As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides)

Em relação aos temperos, a salsa e manjericão além da páprica são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina absorvida!

Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado.

Veja mais sobre alimentos que são  fontes naturais de carotenoides (luteina e zeaxantina) em http://www.ehow.com.br/alimentos-ricos-luteina-zeaxantina-lista_206210/

 

As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de agua fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc).

O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3. Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo.

 

A prática de exercícios aeróbios é capaz de ajudar a aumentar o HDL plasmático e, com isso (entre outros fatores), ajuda a evitar e/ou reduzir a gravidade da DMRI. Assim como em todas as outras doenças degenerativas cronicas, prevenir é possível…e é o melhor remédio, SEMPRE!

Vamos lá!

MOVIMENTE-SE!

www.euemmovimento.com

 

 

 

Sobre colírio para retardar ou evitar a catarata senil…

LEIA A  MATÉRIA SOBRE UM COLÍRIO PARA CATARATA QUE ELIMINARIA A NECESSIDADE DE CIRURGIA, no link http://www.saudecuriosa.com.br/novo-colirio-pode-dissolver-catarata-sem-necessidade-de-colirio/

A matéria fala sobre uma droga que ainda não foi testada em seres humanos,e se mostrar resultados replicaveis em ensaios clínicos poderá oferecer uma alternativa para pacientes com catarata

“O Professor Kang Zhang (Universidade da California, San Diego) e sua equipe estudou duas famílias que tiveram filhos nascidos com catarata (congênita). E descobriram que eram portadores de uma mutação no gene responsável por produzir uma molécula pequena conhecida como lanosterol. A versão saudável desta molécula geralmente impede que as proteínas intra-cristalinianas (dentro da lente do olho – cristalino) se condensem. Ou seja,a molécula de lanosterol que não sofreu alteração em sua estrutura parece evitar a formação da catarata. Na versão anormal desta molécula, no entanto, as proteínas se aglomeram e provocam a nebulosidade na lente do olho…”

Se em humanos,na catarata senil, o LANOSTEROL se mostrar eficaz em evitar ou reverter a alteração de transparência do cristalino…MARAVILHOSO!
A partir de uma descoberta sobre catarata congênita, como a que os autores fizeram,talvez seja possível, mais tarde, entender de fato o que acontece para o cristalino ficar opaco, quais os micronutrientes alem do glutation podem estar faltando dentro da lente, se é possível intervir no controle metabólico do cristalino.

Algumas substancias já são usadas para “RETARDAR” o envelhecimento do cristalino humano: pirenoxina sodica (Clarvisol), N-acetilcarnosina (Can-C) alem de outras mais antigos como a Bendalina,o sulfonato sódico de azapentacene (Lutrax) e outros colírios à base de fitoterapicos de origem chinesa e hindu.
Todos são comercializados sob alegação de apresentarem um mecanismo de ação capaz de interferir na opacificação do cristalino (LENTIFICANDO A EVOLUÇÃO DA CATARATA).

Mas, na pratica, a catarata ainda é uma das causas de cegueira (reversível) no mundo todo!

Não devemos nos esquecer que varias são as vias de adoecimento, de alteração da funcionalidade de cada órgão ou sistema do corpo humano. Invariavelmente não há uma unica causa para uma mesma doença ou sintoma.
Vale dizer então, que NÃO EXISTE PILULA MAGICA ou COLÍRIO MAGICO!

INVESTIR NA CAUSA DO PROBLEMA É SEMPRE MAIS INTERESSANTE!

Se queremos nos poupar de muitos dos sinais e sintomas do envelhecimento (a catarata é um deles), o que devemos fazer é o que já sabemos há muito tempo:

-NUTRIR O ORGANISMO (alimento funcional,cada caso um caso…e não apenas comida!)

-EXERCICIO FISICO para modular a imunidade e todas as reações orgânicas que dele dependem (e…não há uma sequer que não requeira pelo menos o oxigênio que ele, exercício aeróbio, ajuda a levar aos tecidos que dele precisam). E muito mais beneficios…

-REDUÇÃO DO ESTRESSE (para que a modulação hormonal ocorra de forma ideal e todas as funções bioquimicas organicas aconteçam em harmonia e a homeostasia seja mantida!

-SONO DE QUALIDADE para recuperação do DNA lesado no dia a dia caotico que vivemos sem que mutações importantes ocorram e sejam a via de adoecimento mais tarde. DIGA NÃO À INSONIA!

-HIDRATAÇÃO…muitas outras poderiam ser citadas.
Mas estas são os pilares de uma longevidade saudável com ótima qualidade de vida!

Se e quando o NOVO COLÍRIO ANUNCIADO se mostrar eficaz…eu ficarei muito feliz! Com certeza!
Mas…não acredito que APENAS uma substancia possa reverter a catarata POR TEMPO INDETERMINADO… e sem interferir em outras funções OCULARES OU SISTÊMICAS!

Então…vamos nos preparar para o envelhecimento?
Estamos mais longevos sim…mas será que a qualidade de vida acompanhou a longevidade?

MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA,JÁ!

catarata senil

catarata senil

catarata senil

catarata senil

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

A suplementação na DMRI…no tratamento ou também como prevenção da doença?

A suplementação de vitaminas e sais minerais na DMRI. Como tratamento apenas ou também na prevenção da doença?

Comentário que gerou o post:

“Meu pai, com mais de 80 anos, tem DMRI tipo seca.

Os médicos alegam nada ter a fazer, sendo que um deles acha desnecessário vitamina (que só serviria como medida preventiva da doença).

Assim, qual é o melhor suplemento para PREVENIR  e qual o melhor para RETARDAR a degeneração macular relacionada à idade?”

 

 

A suplementação de vitaminas e sais minerais como coadjuvante do tratamento da DMRI foi avaliada inicialmente através do AREDS (National Eye Institute).Hoje é universalmente utilizada mas ainda não é consenso. Novos estudos (com valores diferentes para zinco e betacaroteno além de suplementação de novos itens- luteína,zeaxantina e Omega 3) estão sendo realizados. Daí surgirão novas diretrizes.

A conclusão do estudo anterior (AREDS1) mostrou que a combinação dos antioxidantes conforme formulação reproduzida abaixo, diminuiu o risco de progressão para a forma avançada da DMRI em 25% e reduziu o risco de diminuição da visão em 27%, durante o período em que foi estudada a população.

FORMULAÇÃO AREDS:

Vitamina C 500 mg

Vitamina E 400UI

Beta-caroteno 15 mg (ou Vitamina A 25000 UI)

Oxido de zinco 80 mg = 64mg Zn

Oxido cúprico 2 mg

OBS: O cobre foi adicionado à formulação AREDS  para prevenir anemia por      deficiencia de cobre, condição associada à ingesta de altas doses de zinco.

Portanto, atualmente recomenda-se que pacientes com mais de 55 anos, não-fumantes, portado res de formas intermediárias ou avançadas da DMRI, sejam tratados com suplementa ções vitamínicas baseadas no AREDS.

Leia mais em http://www.abonet.com.br/abo/693/443-445.pdf

Além da suplementação de vitaminas e sais minerais outros trabalhos mostraram que a suplementação de luteína e zeaxantina pode ser bastante útil na DMRI. E como faz sentido, uma vez que com o envelhecimento diminui a quantidade desses pigmentos na mácula e com isso fica reduzida a sua capacidade de lidar com a agressão dos radicais livres (gerados também pela fototoxicidade), é o que fazemos hoje (AREDS e luteína)!

Mas aqui vão alguns pontos sobre os quais ainda ouviremos falar bastante:

 

  • Alguns estudos recentes (em andamento) associam a ingesta de carotenóides em altas doses com diminuição da produção de HDL, aumento de LDL e maior risco de cardiopatias.
  • Portadores de DMRI,em risco de progressão, podem se beneficiar com uma mudança de hábito alimentar (redução de ingesta de carboidratos refinados).
  • Pacientes com DMRI,ou sinais precoces da doença, podem se beneficiar do uso de suplementos conforme estudo AREDS. Mas os danos potenciais vinculados ao uso de altas doses de anti-oxidantes não devem ser esquecidos. Incluem-se o aumento do risco de câncer de pulmão em fumantes (betacaroteno), falência cardíaca devido a doença vascular ou diabetes (vitamina E) e alterações urinárias (zinco), além do aumento do risco de cancer de próstata (selênio).
  • O avanço de duas formas da doença, seca e úmida, foi 25% menor entre os que consumiram uma dieta rica em ácidos graxos como o Ômega 3.
  • Um teste clínico mostrou que as pessoas que tomaram 25.000 UI de vitamina A por dia, durante 3 a 4 anos, tiveram um aumento do nível de triglicerídeos e colesterol total, e uma redução do colesterol bom (HDL). Além de aumentar o risco de osteoporose.

AREDS 2:

 

O principal objetivo do AREDS 2 é avaliar o efeito dos pigmentos xantofilicos (luteína e zeaxantina) e/ou ac. graxos poliinsaturados do tipo Omega-3 (DHA e EPA) na evolução da DMRI. Conseguirá evidenciar a redução de progressão da doença? Leia mais em http://www.nei.nih.gov/amd/summary.asp    E conheça as dúvidas sobre altas doses de betacaroteno em fumantes, se altas doses de vitamina E aumentam risco de câncer de próstata e se o uso continuo da formulação  sugerida pelo estudo AREDS previne o desenvolvimento da DMRI?

Para esta ultima pergunta a resposta é não!  A prevenção através de suplementação vitaminas e sais minerais (pelo menos nas doses indicadas no estudo para DMRI) não foi comprovada. O risco seria maior do que o benefício a longo prazo!

A sugestão é de uso da suplementação apenas após o diagnostico da DMRI,mesmo nos indivíduos com história familiar de degeneração macular relacionada à idade. O objetivo a ser atingido no caso de familiares de portadores é o diagnóstico precoce.

Os carotenóides constituem um grupo de pigmentos lipossolúveis naturais que o ser humano não é capaz de sintetizar, necessitando, por tanto, incluí-los na dieta. O consumo de frutas e vegetais entre os ocidentais é ainda muito baixo, apesar da recomendação para se ingerir 5 porções desses alimentos ao dia. A luteína tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres.  A luz azul visível demonstrou ser prejudicial aos fotorreceptores e ao EPR. A luteína e a zeaxantina demonstraram absorver a luz azul. Os pacientes com DMRI que começaram  a tomar regularmente complexos à base de luteína após o diagnóstico inicial apresentaram retorno dos níveis do pigmento macular aos da faixa normal. Mas o que se frisa é que o consumo dessas substâncias deve estar SEMPRE associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis, para que se consiga os efeitos benéficos sugeridos.

Os antioxidantes luteína, zinco e zeaxantina estão presentes em frutas e vegetais como couve, nabo, espinafre, alcachofra, gema de ovo, ameixa, morango, maçã, blueberry (mirtilo), cereja, morango, uva roxa, cenoura e abóbora. Alimentos como feijão, amêndoas e nozes também contêm antioxidantes, embora em menor quantidade. Então na prevenção da DMRI em indivíduos sadios (sem DMRI mas com historia familiar positiva) podemos fazer o aporte nutricional funcional (através de alimentos que contém as substancias necessárias), em substituição à suplementação que a longo prazo pode trazer mais riscos do que benefícios. A biodisponibilidade e o controle orgânico daquilo que é ingerido faz com que o risco de desequilíbrio nutricional e efeitos colaterais indesejáveis seja bem menor na prática da alimentação funcional do que na suplementação.

Em relação aos pacientes com DMRI já diagnosticada, o tipo de suplementação disponível no mercado nacional,disponibiliza as substancias em quantidades bem inferiores aos valores sugeridos pelo AREDS, mas segue, na maioria das vezes a dose máxima diária permitida (ou a ingestão diária recomendada pela ANVISA).

Em resumo:

A DMRI é uma doença degenerativa e como tal, fazer frente a ela significa desenvolver estratégias para reduzir a obesidade e redução dos índices de doenças cardiovasculares, através de mudança de hábito alimentar, evitando o estado pró-inflamatório do organismo e eliminação do sedentarismo. Através do exercício e do suor eliminamos toxinas, nos oxigenamos melhor aumentando o aporte de oxigênio aos tecidos nobres (coração, cérebro, rins, olhos …no nosso caso) através de inspiração  expiração mais bem feitas,durante o exercício, alem de ativar a circulação propriamente dita, aumentando o beneficio de oxigenação ainda mais!)

Outra estratégia é adquirir o hábito de usar  óculos de proteção contra a radiação ultravioleta (100% ou próximo disso, a cor marrom seria de um beneficio maior, por estar numa freqüência de onda  mais longe da dos raios azuis, é o que se sugere..mas qualquer que seja, usar SEMPRE! Esse tipo de proteção é realmente necessário, imprescindível!!

Lembro mais uma vez o Dr. Terry Grossman, falando sobre a DMRI no livro “A medicina da imortalidade” de Ray Kurzweil e Terry Grossman. Editora Aleph,2006:

 “A luteína é um bioflavonoide encontrado naturalmente em muitas frutas e verduras. Ingerir uma dieta rica em luteína e outros bioflavonoides naturais, encontrados em produtos agrícolas de cor viva, pode ajudar a prevenir ou retardar a ocorrência de DMRI… Em alguns grupos estudados, houve uma diferença de até 10 vezes na ocorrência de drusas (…que costumam resultar em DMRI).entre indivíduos que têm as maiores e as menores concentrações de luteína.

E é sempre é bom lembrar também  que cada caso é um caso. A couve, por exemplo,é bastante rica em carotenóides e uma ótima fonte de luteína.Mas pacientes em uso de anti-agregantes plaquetários devem se abster de consumi-la ou pelo menos informar à nutricionista e/ou medico cardiologista seu uso constante, para uma revisão da dose a ser usada da medicação. O alimento bom para uns não é necessariamente ideal para outros. Muitas vezes são até absolutamente contra-indicados!

Conheça mais sobre DMRI lendo outro post neste blog:

https://elizabethnavarrete.com/2010/02/11/dmri-degeneracao-macular-relacionada-a-idade/

Você está cuidando bem do seu glaucoma?

O glaucoma é uma doença em que o nervo óptico deixa de ser oxigenado devidamente. Com isso, as fibras nervosas que levam a informação visual para o cerebro vão desaparecendo ao longo do tempo. Essas fibras estão reunidas no nervo óptico e podemos visualizar essa perda gradual atraves do exame da papila ou disco óptico.
Pela observação direta ou indireta (fundo do olho ou retinografia), pelos exames de imagem (GDX, HRT ou OCT) ou pela perda funcional refletida no exame de  campo visual.

Então, se a hipóxia (diminuição da oxigenação) é a causa, as doenças que afetam a microcirculação como hipertensão arterial, diabetes, enxaqueca, hipotensão arterial severa,aterosclerose e apnéia do sono são fatores de risco para desenvolvimento da doença glaucomatosa.

Quer saber mais? Acesse https://elizabethnavarrete.com/2010/02/15/glaucoma-e-doenca-vascularqual-a-relacao/
Então o que podemos fazer é melhorar a nossa micro circulação. Como fazemos isso?

Eliminando o sedentarismo. Fazendo exercícios aeróbicos quatro a seis vezes na semana, por exemplo, andando rápido, 4 a 5 km durante 40 a 50 minutos, na freqüência cardíaca submáxima avaliada no seu teste de esforço.  Melhor que isso… procure um profissional de educação física e busque essa informação diretamente com ele, personalizando o seu condicionamento físico.
Mas em geral esse é o protocolo.
Além disso, claro, corrigir a dieta de acordo com a sua doença e mantê-la sob rígido controle, seja ela qual for!
E não se esqueça… pingar colírios, fazer laser ou operar o glaucoma (aspecto oftalmológico) e tomar remédio e controlar a doença tanto no aspecto laboratorial  quanto de resultado de exames complementares (aspecto cardiovascular) não basta!

Isso não assegura saúde microvascular. Apenas indica que o que pode ser feito em relação a essas estratégias está sendo feito. Nada mais!

Faça a sua parte!

O exercício é a única intervenção capaz de modular o endotélio vascular e retardar ou limitar as alterações que podem levar a curto, médio ou longo prazo a desfechos negativos tanto cardiovasculares quanto oftalmológicos.

Prevenção no glaucoma: é possível?

A prevenção da doença glaucomatosa é possivel? 


Ou apenas podemos fazer seu diagnóstico precoce e com o tratamento (redução da PIO) evitar a perda visual ao longo da sua evolução?

 

Hoje em dia, apesar do avanço tecnológico-cientifico, a pressão intra-ocular (PIO)  ainda é o único alvo (reconhecido) da nossa terapêutica em relação ao glaucoma. A diminuição da pressão é o que podemos fazer, embora nem sempre seja suficiente para alterar de forma significativa a evolução da doença.

A proteção do nervo óptico em relação à agressão mecânica ou vascular vem sen- do buscada de forma agressiva pela indústria farmacêutica, mas ainda não temos na prática resultados positivos. Ainda não existem no mercado drogas neuroprotetoras que possam ser utilizadas na doença glaucomatosa.

Enquanto não dispomos deste conhecimento e conseqüentemente de medicamentos que reforçariam a proteção ao nervo óptico, será que temos alguma outra forma de lidar com o glaucoma?

Sabemos que todas as doenças crônicas degenerativas, hoje cada vez mais freqüentes, podem ser minimizadas em sua expressão sintomática e funcional, se nos ativermos aos principais aspectos que elas têm em comum: a privação parcial de oxigenação e de nutrientes, ambos vitais ao funcionamento ideal do organismo humano.

Trocando em miúdos, receber oxigênio e substâncias essenciais à manutenção das suas atividades é vital a toda e qualquer organização celular. Seja o coração, os nervos ópticos ou qualquer outro “pedaço” do nosso corpo. Numa outra analogia, tampouco as plantas sobrevivem apenas porque estão em contato com a terra. Elas precisam de oxigênio, luz e água. Os nervos ópticos precisam de um aporte sanguíneo suficiente para manter sua higidez (pleno funcionamento). E assim como as folhas da planta vão murchando até ela não mostrar mais sinal de vida, no caso dos olhos, o campo visual segue diminuindo até a perda da visão central na doença glaucomatosa.

Uma analogia simplista demais, talvez, mas que ajuda a entender porque apenas reduzir a PIO não é suficiente muitas das vezes. A vitalidade do nervo não depende apenas da pressão à qual ele é submetido. Quando este é o fator mais importante (ou único) o problema é mais fácil de resolver. Mas não é assim que funciona na maioria dos casos.

A enxaqueca, a hipertensão arterial, a hipotensão arterial e o diabetes mellitus são alguns dos fatores de risco para desenvolvimento da doença glaucomatosa.

Mas são muitos os fatores que levam às doenças. Se não fosse assim, vamos raciocinar: porque nem todos os enxaquecosos têm glaucoma? O mesmo raciocínio vale para os hipertensos arteriais mal controlados e os hipotensos sintomáticos. A resposta é simples: A doença é fruto de um somatório de fatores, como predisposição familiar (herança genética), disfunção vascular, uso de medicações para outras patologias que podem interferir com o fluxo sanguíneo para o olho, etc. E existem fatores de proteção  que podem ser agregados, quando se conhece o terreno biológico (predisposição genética e formas de expressar as doenças) do indivíduo, na expectativa de que ele não venha a desenvolver a doença glaucomatosa. Em minha opinião, estes fatores podem, desde já, ser utilizados a nosso favor.

Poderíamos identificar os grupos de risco através da história familiar em relação à doença glaucomatosa e através  da presença desde cedo de sinalizadores de desregulação vascular e risco maior de evoluir com doenças vasculares e já a partir da adolescência instituir mudanças de estilo de vida. Enfatizar a importância e necessidade do exercício aeróbico regular. Por exemplo, “malhar” a rede vascular para melhorar o fluxo sanguíneo e manter o bom aporte de oxigênio aos tecidos pode ser parte da solução. Esta oxigenação costuma diminuir com a idade e mais ainda naqueles que mostram um padrão de desregularão vascular: os hipertensos arteriais, os migranosos (enxaquecosos) e ainda os pacientes com tendência a espasmos vasculares como os portadores de certos tipos de angina.

Já conhecemos os grupos de pessoas mais susceptíveis ao desenvolvimento do glaucoma. Mais estudos são necessários para comprovar essa possibilidade de intervenção preventiva. Mas, enquanto isso não acontece, por que não fazer uma seleção de pacientes que podem vir a se tornar glaucomatosos com a idade e propor mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida?

Mesmo que ficasse provado mais tarde que as medidas adotadas não foram suficientes para alterar significativamente o diagnóstico e a evolução do glaucoma nestes indivíduos, ainda assim, qual teria sido o aspecto negativo desta estratégia em relação à vida deles? Com certeza, em outros aspectos, se tornariam indivíduos mais saudáveis, no mínimo. E, francamente, alguém acredita na possibilidade deste tipo de intervenção não influenciar de forma positiva o desfecho em relação às doenças cardiovasculares? Por que seria diferente em relação ao glaucoma, se essa doença se manifesta principalmente, ou de forma mais refratária ao tratamento, nos portadores de doença vascular?

E mesmo que a doença aconteça, pelo menos teremos maior possibilidade de controle terapêutico do que se deixarmos toda a gama de fatores predisponentes se somarem, de forma a favorecer um resultado ruim. Que no caso do olho seria uma redução im- portante da visão periférica (ou mesmo perda central), diminuindo muito a qualidade de vida.

Consulte o oftalmologista periòdicamente, mantenha sua saúde vascular, procure não desenvolver as doenças que podem ser evitadas através de maior controle nutricional e exercícios físicos (diabetes mellitus e hipertensão arterial) e terá feito a sua parte para tentar garantir uma maior qualidade de vida à sua longevidade.

Retinopatia diabética: um diagnóstico a ser evitado!

Você tem diabetes mellitus (DM)?

Já conhece as complicações oftalmológicas da doença?

Conheça um pouco mais:

Não há um post específico sobre complicações oculares do diabetes mellitus (DM) neste blog (nem no livro “Saude ou doença: sabia que você tem escolha? “), mas como o objetivo maior é a prevenção, tudo que se fala sobre as  doenças degenerativas oculares(catarata, glaucoma, DMRI) se aplica ao diabetes.Leia em outro post neste blog a respeito de prevenção das doenças causadas pelo estado pró-inflamatório do organismo.

Uma vez diagnosticada sua doença (DM), tenha em mente que o diabetes acelera o envelhecimento das estruturas oculares. A antecipação da catarata, a retinopatia diabética e um maior risco de desenvolver o glaucoma são as conseqüências (oculares) mais comuns quando não se consegue estabilizar a doença. E as complicações vascu- lares retinianas do diabetes são de difícil manejo, uma vez já instaladas. Aqui, também, o objetivo é evitá-las.

E se você tem DM tipo 2,que hoje é comum devido à alimentação de má qualidade e hábitos de vida pouco saudáveis, fique atento. A retinopatia é silenciosa, assim como o glaucoma. Não conduza o aspecto oftalmológico do diabetes da mesma forma que você fez em relação à saúde geral.Você não percebeu(ou não acreditou) que o descontrole alimentar e físico o levaria ao diabetes. Lembre-se que existe tratamento para a retinopatia diabética, claro, mas todo tratamento envolve complicações e seqüelas.

Não se permita desenvolver a retinopatia.

O endocrinologista e o oftalmologista devem estabelecer uma relação de confiança e cooperação mútua. Melhor que apenas laudos, os exames de fundo de olho devem estar documentados através de fotos. Então, além do mapeamento de retina, uma retinografia anual deve ser realizada. A partir de um determinado momento da doença diabética,será necessária uma angiofluoresceinografia retiniana (“retinografia contrastada”) para avaliar a microvasculatura da área macular. O edema macular diabético é o principal responsável pela diminuição da acuidade visual no diabetes mellitus (DM).

Vale lembrar que estudos recentes em pacientes diabéticos portadores de hipertensão arterial confirmam o grande benefício do uso de medicação anti-hiperlipidêmica ou seja,“remédio para diminuir o colesterol”, além de controle rígido da glicemia, no controle do edema macular diabético.

Mas como na maioria das doenças, principalmente em relação à retinopatia diabética (RD), a prevenção é o que deve ser buscado ativamente. Através do controle regular dos níveis de açúcar no sangue (glicemia), desde o início da doença, podemos evitar ou minimizar os danos retinianos.

Os exames oftalmológicos regulares e o rígido controle metabólico, monitorizado pelo endocrinologista, com certeza trarão a você segurança de estar no controle do DM e com isto, da retinopatia diabética também. Instrua-se mais a respeito. Ajude o seu médico a tratar de você!

 

Links indicados:

www.drqueirozneto.com.br/…/retinopatia_diabetica.htm

www.clinicabelfort.com.br/…/retinopatia-diabetica/

http://www.retinaplus.com/textos/retinopatia%20diabetica.pdf

 

Retinopatia diabética para leigos, por um endocrinologista:

http://jprvlota.sites.uol.com.br/

Defeito campimétrico e AVE…outro caso

O segundo caso de defeito campimétrico como sintoma isolado de acidente vascular encefálico (AVE)

O outro paciente era um homem de oitenta e oito anos quando teve o AVE de apresentação oftalmológica. De forma muito semelhante à do paciente descrito anteriormente, também referiu ter percebido ao acordar uma “mancha no campo visual”. Uma vez confirmado o defeito campimétrico e sem outras possibilidades diagnosticas, foi hospitaliza- zado. Na ressonância magnética o AVE foi confirmado.

Sobrevivente de um câncer (radio e quimioterapia) há pouco mais de dez anos, se sentia bem,não usava nenhuma outra medicação exceto colírios para a única doença que ele sabia ser portador: um glaucoma crônico simples.

Vivia de bem com a vida e era disciplinado em relação à sua saúde. Ou ao que ele conhecia sobre saúde. Mas aparenta- va uma “saúde de ferro”,uma higidez impressionante para a idade que tinha. Muito ereto,magro,falava bem,não tinha nenhuma dificuldade motora.Memória excelente.Uma discreta perda auditiva.Ele sempre me impressionava cada vez que nos encontrávamos.

Há algum tempo é sabido que, em indivíduos com câncer, algumas alterações na “cascata da coagulação sanguínea” estão presentes. As diferentes rotas de funcionamento do organismo, que o levam ao processo oncológico, alteram também o equilíbrio entre coagulação e sangramento. Como um pêndulo, essa relação volta e meia se desloca num sentido ou no outro.

Ele se saiu bem do primeiro acidente vascular, sem nenhuma seqüela. Pouco mais de um ano depois, não resistiu à segunda hospitalização. Entre um episódio e outro já utilizava mais de duas drogas sistêmicas.

O que havia feito o organismo mudar tanto em um ano?

Ou foram dez anos sem sintomas após o câncer e quando eles apareceram nada mais eficiente poderia ser oferecido a ele do que resolver o evento vascular emergencial e tentar mantê-lo mais tempo vivo, auxiliado pela medicação sugerida?  Nada poderia ser feito porque ele já tinha uma idade em que o organismo não tinha mais como se ajudar,dependia exclusivamente da química oferecida,que não foi suficiente ou ele chegou aos oitenta e oito, aparen- temente bem, hígido,porque estava ainda em condições de se manter por mais tempo, se não fosse o “contratempo” surgido? O que aconteceu, de fato? Não saberemos nunca. Cada um de nós ficará com a verdade que mais lhe convier.

O fato é que de nada adiantou o diagnóstico precoce realizado em ambos os pacientes quando do primeiro episódio de AVE deles. Num prazo mais longo ambos tiveram desfechos negativos. Naquela época esses episódios foram como um “soco na boca do estomago”. Mais um.

Sabe como você se sente quando faz tudo certo, pensa que ajudou alguém para em seguida perceber que foi em vão? No caso deles, apenas se acrescentou menos de um ano a mais ao bem estar de um e à sobrevida do outro. Cada vez mais eu me desapontava com a medicina que praticava.

Nunca é demais dizer que nós, médicos, não podemos assegurar qualidade de vida a nossos assistidos se não pensa- mos e agimos visando o longo prazo. Muito menos ainda se não somos capazes de fazer o individuo enxergar que nós não temos o poder de recuperar a saúde de ninguém.

Cabe ao paciente, buscar todas as formas de melhor cuidar de sua saúde enquanto saudável e não apenas quando surge a doença. Neste momento podemos ajudá-lo a melhorar os sintomas, resolver pontualmente o problema que o incomoda, mas de forma alguma podemos garantir qualidade de vida em sua longevidade.

A conclusão é que o cuidado com a saúde deve ser contínuo e não é incompatível com o prazer, desde que haja equilíbrio e bom senso. O controle da higidez deve vir de longe. Começar cedo. É assim que deve ser. Assim como nos preparamos para a vida profissional, etapa por etapa, deveríamos ter a mesma proposta em relação à saúde. Preocupamo-nos com o intelecto e o aprendizado para o futuro, mas na saúde o investimento tem sido zero. Em vez de poupar ou de acrescentar, gastamos nossas reservas na juventude.

Saúde a longo prazo  e  longevidade com qualidade de vida são conquistas dos  próprios indivíduos,apoiados nos cuidados dos médicos que os assistem.Eles não podem nem devem esperar do profissional de saúde solução para todos os seus problemas.Não existe solução eficiente e duradoura para alterações funcionais desenvolvidas dia após dia e devidas, em sua grande parte, a escolhas equivocadas.

A saúde é um bem pessoal e intransferivel.

E uma conquista diária!

A visão na senilidade…e a catarata

Mais uma vez, apesar de escrito há mais de dez anos,esse texto (também) é bastante atual…


EU JÁ NÃO ENXERGO COMO ENXERGAVA ANTES …mas todos dizem que tenho uma visão boa…

Costumamos quantificar a visão numericamente. A isso denominamos “acuidade visual”. Em outras palavras, acuidade visual é a capacidade que o olho tem de identificar objetos ou caracteres em condições ideais de iluminação e contraste.

O conhecimento de outros elementos que fazem parte da grande cadeia do sistema visual se torna importante para compreendermos porque diminui a qualidade da visão com o envelhecimento.

Um desses elementos é a sensibilidade ao contraste. Reconhecer objetos ou caracteres não é apenas uma questão de acuidade visual. Nossa retina e cérebro trabalham o tempo todo com o contraste. A acuidade visual, como nós a medimos na prática clínica, é uma medida da sensibilidade de contraste com máximo contraste.

Com o tempo existe uma perda variável, mas sempre presente, de contraste de alta e média freqüência, que pode ser explicada pela diminuição da luz que entra no olho (redução do tamanho da pupila com a idade) e/ou perda da elasticidade e modificação da coloração e densidade do cristalino.

A adaptação à luz também se altera, o que dificulta o dirigir à noite: o processo de recuperação do ofuscamento pelos faróis de carros em direção contrária (fotostress) é mais lento com o envelhecimento. Questiona-se a perda neuronal como fator coadjuvante, levando a um aumento do tempo de processamento das informações que seguem pela cadeia visual, alterando assim a qualidade da percepção visual.

Com o tempo, a coloração do cristalino muda (gradualmente fica mais amarelada) e em função disso o espectro azul da luz é absorvido, enquanto o amarelo e o vermelho passam livremente até a retina. Por conta disso, a percepção das cores pode mudar. O azul fica mais escuro, menos vívido e as cores “quentes” sobressaem. Ler ou enxergar etiquetas, caracteres ou objetos em tons pastéis e com letras de baixo contraste fica bem mais difícil.

Da mesma forma, a habilidade de discriminar objetos em movimento ou em seqüência rápida diminui com a idade e, novamente, dirigir requer discriminação visual de imagens e objetos em movimento, mais que estáticos. Por isso sentimos mais dificuldade em dirigir à noite quanto mais envelhecemos, sem que isso reflita apenas um deficit na acuidade visual numérica (estática).

Em resumo, a maioria de nós, quando envelhece, mantém boa visão em condições de boa iluminação e alto contraste. Porém, a visão aferida dessa forma não reflete o que nós vemos no nosso dia-a-dia, a qualidade da visão nas diferentes necessidades diárias como dirigir ao entardecer ou à noite, entrar e sair de um túnel, ver preços em etiquetas em supermercados “com luzes fluorescentes em excesso”, distinguir imagens, objetos ou pessoas em movimento rápido, etc….não tem o mesmo significado da visão 20/20 aferida segundo a tabela de Snellen,usada nos consultorios oftalmologicos.

Dois autores ingleses, Williams e Caird, autores de um livro bastante interessante sobre o olho e o envelhecimento (no qual se baseiam os conceitos contidos neste sumário) disseram que: “o mundo real raramente se apresenta para nós como letras pretas sobre tela branca numa sala escura“.

Numa alusão à forma como aferimos a visão de nossos pacientes, eles nos lembram da importância de uma avaliação global desse paciente, não esquecendo de que, na maioria das vezes, a orientação e o esclarecimento do significado do envelhecimento do sistema visual, suas implicações e formas de melhorar a qualidade da visão são suficientes para atender às queixas e tranqüilizar o paciente quanto as suas dificuldades.

Precisamos de uma boa iluminação, preferencialmente sempre luz incandescente (“quente”) à luz fluorescente (“fria”). Testar vários tipos de lâmpadas e bulbos até achar a combinação ideal que proporcione alto contraste, ler, costurar, pintar ou fazer qualquer trabalho que exija mais da visão de detalhes, sempre com iluminação focal e não apenas com luz difusa.

Uma observação interessante é aquela em que o paciente volta à consulta dizendo: “deve haver alguma coisa errada com meus óculos novos! No dia do exame, quando testamos as lentes, eu vi tão melhor com as lentes que estavam no seu aparelho!!!”. A diferença é que no consultório, o teste da visão de perto é realizado com um foco de luz direcionado para a tabela de leitura . E que luz! E isso faz toda a diferença…


Nós somos preparados durante toda a vida para o envelhecimento; as adaptações fazem parte desse processo. Saber se adaptar e utilizar os recursos à nossa disposição para aumentar a qualidade de vida nesse período é fundamental. Mas, talvez, mais importante que isso é preparar-se para envelhecer. Assim como a prevenção é sempre mais eficaz que o tratamento da doença, o modo de viver (mental e fisicamente sadio) é uma garantia de um envelhecimento saudável e prazeroso.


Nota: A respeito da melhor iluminação a ser usada no dia a dia,o conceito tem mudado.Quem tiver interesse a esse respeito pode consultar os links abaixo sobre ergoftalmologia que falam sobre como potencializar a visão e reduzir o desconforto visual com a utilização de normas especificas estabelecidas para otimizar as tarefas do dia a dia.

“Manual de Ergoftalmologia” http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf

http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo

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A questão a ser discutida exaustivamente é:

A relação custo/beneficio em relação à cirurgia de catarata (facectomia) , momento ideal de fazer a indicação formal do procedimento cirurgico e a observação cuidadosa e individual (cada caso é um caso)!

Apesar do que foi discutido acima…em relação à perda da qualidade visual por conta da redução da sensibilidade ao contraste…devemos ter em mente que quanto mais longevos ficamos,mais tempo conviveremos com o desfecho de curto,medio e longo prazo das intervenções médicas.

Por conta disso devemos ser cautelosos nas indicações dessas intervenções e discutir exaustivamente com o paciente ponderando a respeito das opções em cada caso. Ouvir mais (e com maior interesse) suas queixas e propor soluções pontuais para elas.

Intervir cirurgicamente sempre que for necessario…mas não deixar de oferecer ao individuo a oportunidade de conhecer o cenário completo em que está inserida esta decisão (o que esperar a curto,medio e longo prazo e como tentar minimizar as possiveis intercorrencias).


O individuo esclarecido é um aliado do medico na prevenção dessas intercorrencias e na tentativa de restabelecimento da sua qualidade de visão e de vida! E não o contrario,como pensam alguns…medicos e pacientes.