A degeneração macular relacionada à idade(DMRI) é a causa mais comum de perda visual irreversível em indivíduos acima de 50 anos!
Assim como todas as outras doenças crônicas degenerativas que se tornaram epidêmicas neste século, a DMRI tem fatores de risco modificáveis como o hábito de fumar, uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (fontes de micronutrientes essenciais ao metabolismo celular retiniano). Além de ambiente anaeróbio estimulado pelo sedentarismo. Esse ambiente pró-inflamatório promove mudança no metabolismo local. Como consequência, as alterações degenerativas do envelhecimento são aceleradas e maximizadas. Dependendo da história metabólica de cada indivíduo, do tipo de agressão crônica a que esteve submetido durante a vida, a evolução do quadro é bem variável. A forma úmida é bem menos comum que a seca.Com isso, o prognostico melhora. ![]() dmri forma seca
Mas segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 180 milhões de pessoas em todo mundo apresentando algum grau de deficiência visual (mais de 50 milhões de pessoas legalmente cegas, que não podem sequer se locomover sem ajuda). ![]() a perda visual na DMRI é central, ao contrario da perda visual na doença glaucomatosa
ESTUDO AREDS “Age-Related Eye Disease Study” http://elizabethnavarrete.com/tag/areds-2/ O INH, INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE, DOS EUA PUBLICOU DOIS ESTUDOS (AREDS 1 E 2) SUGERINDO PROTOCOLO DE SUPLEMENTAÇÃO PARA USO EM INDIVIDUOS QUE JÁ TÊM DIAGNOSTICO DE DMRI seca OU QUE TêM FAMILIARES DIRETOS COM DOENÇA. NÃO É RECOMENDADA SUPLEMENTAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DMRI; E SIM NA TENTATIVA DE RETARDAR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA!VITAMINA C 500MGVITAMINA E 400UIOXIDO DE ZINCO 80MGAC.CUPRICO (COBRE) 2MGOMEGA 3 (OLEO PEIXE) 1G epa180mg : dha 120mg)LUTEINA+ZEAXANTINA 10MGAINDA CONTROVERSOS OS RESULTADOS DO AREDS E DE OUTROS ESTUDOS COMO O LUNA (12MG LUTEINA+1MG ZEAXANTINA) E O POLA (FRANCES) QUE TAMBEM SUGERIU PAPEL PROTETOR DAS XANTOFILAS PRINCIPALMENTE A ZEAXANTINA CONTRA A DMRI.POREM OUTROS ESTUDOS não FORAM CAPAZES DE MOSTRAR CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE suplementação de luteina e zeaxantina e beneficios na prevenção da dmri.O consenso hoje é suplementar em casos drmi seca (categorias 3 E 4).SOBRE A SUPLEMENTAÇÃO: Existem complicações (efeitos negativos potenciais) com uso indiscriminado de antioxidantes. Altos níveis de suplementos antioxidantes têm o potencial de promover o desequilíbrio dos mecanismos fisiológicos de homeostase e se tornarem pró-oxidantes aumentando o risco das doenças crônicas degenerativas, as mesmas que se pretende prevenir com a suplementação! Por isso volta e meia surgem publicações a respeito de excesso de vitaminas e câncer, excesso de minerais e arritmias, doenças cardiovasculares…e por aí vai. Ainda há muito o que aprender…ainda não temos um consenso fidedigno baseado em evidencias.
A ingesta de vitaminas e minerais, pela absorção ativa dos micronutrientes in natura, através de uma alimentação mais saudável é a melhor forma de manter níveis plasmáticos de antioxidantes! Outro fator importante a se considerar é que quanto mais alto o HDL, maior é o transporte de luteína para a retina, onde ela é tão necessária! O mesmo acontece com a zeaxantina. As três melhores fontes de luteína e zeaxantina na categoria de vegetais de folhas verdes são a couve, o espinafre e o repolho. Outras fontes: brócolis, pimenta alaranjada, pimenta vermelha, gema de ovo (quanto mais alaranjada for a gema, maior a quantidade de carotenoides) Em relação aos temperos, a salsa e manjericão além da páprica são excelentes opções! E se usarmos junto com pimenta vermelha maior a quantidade de luteína e zeaxantina absorvida! Principais fontes de zinco são ostras, gérmen de trigo, carne vermelha e fígado de boi. Fontes de cobre são as ostras e fígado. Veja mais sobre alimentos que são fontes naturais de carotenoides (luteina e zeaxantina) em http://www.ehow.com.br/alimentos-ricos-luteina-zeaxantina-lista_206210/
As fontes de ômega 3 são principalmente os peixes de agua fria, ricos em EPA e DHA, ácidos graxos de cadeia longa, do grupo ômega 3 (salmão, sardinha, cavalinha, etc). O salmão criado em cativeiro tem mais ômega 6 do que ômega 3. Por isso a suplementação de ômega 3 tem sido mais discutida e deve ser bem avaliada a origem do ácido graxo.
A prática de exercícios aeróbios é capaz de ajudar a aumentar o HDL plasmático e, com isso (entre outros fatores), ajuda a evitar e/ou reduzir a gravidade da DMRI. Assim como em todas as outras doenças degenerativas cronicas, prevenir é possível…e é o melhor remédio, SEMPRE! Vamos lá! MOVIMENTE-SE!
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oftalmogeriatria
Sobre colírio para retardar ou evitar a catarata senil…
LEIA A MATÉRIA SOBRE UM COLÍRIO PARA CATARATA QUE ELIMINARIA A NECESSIDADE DE CIRURGIA, no link http://www.saudecuriosa.com.br/novo-colirio-pode-dissolver-catarata-sem-necessidade-de-colirio/
A matéria fala sobre uma droga que ainda não foi testada em seres humanos,e se mostrar resultados replicaveis em ensaios clínicos poderá oferecer uma alternativa para pacientes com catarata
“O Professor Kang Zhang (Universidade da California, San Diego) e sua equipe estudou duas famílias que tiveram filhos nascidos com catarata (congênita). E descobriram que eram portadores de uma mutação no gene responsável por produzir uma molécula pequena conhecida como lanosterol. A versão saudável desta molécula geralmente impede que as proteínas intra-cristalinianas (dentro da lente do olho – cristalino) se condensem. Ou seja,a molécula de lanosterol que não sofreu alteração em sua estrutura parece evitar a formação da catarata. Na versão anormal desta molécula, no entanto, as proteínas se aglomeram e provocam a nebulosidade na lente do olho…”
Se em humanos,na catarata senil, o LANOSTEROL se mostrar eficaz em evitar ou reverter a alteração de transparência do cristalino…MARAVILHOSO!
A partir de uma descoberta sobre catarata congênita, como a que os autores fizeram,talvez seja possível, mais tarde, entender de fato o que acontece para o cristalino ficar opaco, quais os micronutrientes alem do glutation podem estar faltando dentro da lente, se é possível intervir no controle metabólico do cristalino.
Algumas substancias já são usadas para “RETARDAR” o envelhecimento do cristalino humano: pirenoxina sodica (Clarvisol), N-acetilcarnosina (Can-C) alem de outras mais antigos como a Bendalina,o sulfonato sódico de azapentacene (Lutrax) e outros colírios à base de fitoterapicos de origem chinesa e hindu.
Todos são comercializados sob alegação de apresentarem um mecanismo de ação capaz de interferir na opacificação do cristalino (LENTIFICANDO A EVOLUÇÃO DA CATARATA).
Mas, na pratica, a catarata ainda é uma das causas de cegueira (reversível) no mundo todo!
Não devemos nos esquecer que varias são as vias de adoecimento, de alteração da funcionalidade de cada órgão ou sistema do corpo humano. Invariavelmente não há uma unica causa para uma mesma doença ou sintoma.
Vale dizer então, que NÃO EXISTE PILULA MAGICA ou COLÍRIO MAGICO!
INVESTIR NA CAUSA DO PROBLEMA É SEMPRE MAIS INTERESSANTE!
Se queremos nos poupar de muitos dos sinais e sintomas do envelhecimento (a catarata é um deles), o que devemos fazer é o que já sabemos há muito tempo:
-NUTRIR O ORGANISMO (alimento funcional,cada caso um caso…e não apenas comida!)
-EXERCICIO FISICO para modular a imunidade e todas as reações orgânicas que dele dependem (e…não há uma sequer que não requeira pelo menos o oxigênio que ele, exercício aeróbio, ajuda a levar aos tecidos que dele precisam). E muito mais beneficios…
-REDUÇÃO DO ESTRESSE (para que a modulação hormonal ocorra de forma ideal e todas as funções bioquimicas organicas aconteçam em harmonia e a homeostasia seja mantida!
-SONO DE QUALIDADE para recuperação do DNA lesado no dia a dia caotico que vivemos sem que mutações importantes ocorram e sejam a via de adoecimento mais tarde. DIGA NÃO À INSONIA!
-HIDRATAÇÃO…muitas outras poderiam ser citadas.
Mas estas são os pilares de uma longevidade saudável com ótima qualidade de vida!
Se e quando o NOVO COLÍRIO ANUNCIADO se mostrar eficaz…eu ficarei muito feliz! Com certeza!
Mas…não acredito que APENAS uma substancia possa reverter a catarata POR TEMPO INDETERMINADO… e sem interferir em outras funções OCULARES OU SISTÊMICAS!
Então…vamos nos preparar para o envelhecimento?
Estamos mais longevos sim…mas será que a qualidade de vida acompanhou a longevidade?
MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA,JÁ!
A visão na senilidade…e a catarata
Mais uma vez, apesar de escrito há mais de dez anos,esse texto (também) é bastante atual…
EU JÁ NÃO ENXERGO COMO ENXERGAVA ANTES …mas todos dizem que tenho uma visão boa…
Costumamos quantificar a visão numericamente. A isso denominamos “acuidade visual”. Em outras palavras, acuidade visual é a capacidade que o olho tem de identificar objetos ou caracteres em condições ideais de iluminação e contraste.
O conhecimento de outros elementos que fazem parte da grande cadeia do sistema visual se torna importante para compreendermos porque diminui a qualidade da visão com o envelhecimento.
Um desses elementos é a sensibilidade ao contraste. Reconhecer objetos ou caracteres não é apenas uma questão de acuidade visual. Nossa retina e cérebro trabalham o tempo todo com o contraste. A acuidade visual, como nós a medimos na prática clínica, é uma medida da sensibilidade de contraste com máximo contraste.
Com o tempo existe uma perda variável, mas sempre presente, de contraste de alta e média freqüência, que pode ser explicada pela diminuição da luz que entra no olho (redução do tamanho da pupila com a idade) e/ou perda da elasticidade e modificação da coloração e densidade do cristalino.
A adaptação à luz também se altera, o que dificulta o dirigir à noite: o processo de recuperação do ofuscamento pelos faróis de carros em direção contrária (fotostress) é mais lento com o envelhecimento. Questiona-se a perda neuronal como fator coadjuvante, levando a um aumento do tempo de processamento das informações que seguem pela cadeia visual, alterando assim a qualidade da percepção visual.
Com o tempo, a coloração do cristalino muda (gradualmente fica mais amarelada) e em função disso o espectro azul da luz é absorvido, enquanto o amarelo e o vermelho passam livremente até a retina. Por conta disso, a percepção das cores pode mudar. O azul fica mais escuro, menos vívido e as cores “quentes” sobressaem. Ler ou enxergar etiquetas, caracteres ou objetos em tons pastéis e com letras de baixo contraste fica bem mais difícil.
Da mesma forma, a habilidade de discriminar objetos em movimento ou em seqüência rápida diminui com a idade e, novamente, dirigir requer discriminação visual de imagens e objetos em movimento, mais que estáticos. Por isso sentimos mais dificuldade em dirigir à noite quanto mais envelhecemos, sem que isso reflita apenas um deficit na acuidade visual numérica (estática).
Em resumo, a maioria de nós, quando envelhece, mantém boa visão em condições de boa iluminação e alto contraste. Porém, a visão aferida dessa forma não reflete o que nós vemos no nosso dia-a-dia, a qualidade da visão nas diferentes necessidades diárias como dirigir ao entardecer ou à noite, entrar e sair de um túnel, ver preços em etiquetas em supermercados “com luzes fluorescentes em excesso”, distinguir imagens, objetos ou pessoas em movimento rápido, etc….não tem o mesmo significado da visão 20/20 aferida segundo a tabela de Snellen,usada nos consultorios oftalmologicos.
Dois autores ingleses, Williams e Caird, autores de um livro bastante interessante sobre o olho e o envelhecimento (no qual se baseiam os conceitos contidos neste sumário) disseram que: “o mundo real raramente se apresenta para nós como letras pretas sobre tela branca numa sala escura“.
Numa alusão à forma como aferimos a visão de nossos pacientes, eles nos lembram da importância de uma avaliação global desse paciente, não esquecendo de que, na maioria das vezes, a orientação e o esclarecimento do significado do envelhecimento do sistema visual, suas implicações e formas de melhorar a qualidade da visão são suficientes para atender às queixas e tranqüilizar o paciente quanto as suas dificuldades.
Precisamos de uma boa iluminação, preferencialmente sempre luz incandescente (“quente”) à luz fluorescente (“fria”). Testar vários tipos de lâmpadas e bulbos até achar a combinação ideal que proporcione alto contraste, ler, costurar, pintar ou fazer qualquer trabalho que exija mais da visão de detalhes, sempre com iluminação focal e não apenas com luz difusa.
Uma observação interessante é aquela em que o paciente volta à consulta dizendo: “deve haver alguma coisa errada com meus óculos novos! No dia do exame, quando testamos as lentes, eu vi tão melhor com as lentes que estavam no seu aparelho!!!”. A diferença é que no consultório, o teste da visão de perto é realizado com um foco de luz direcionado para a tabela de leitura . E que luz! E isso faz toda a diferença…
Nós somos preparados durante toda a vida para o envelhecimento; as adaptações fazem parte desse processo. Saber se adaptar e utilizar os recursos à nossa disposição para aumentar a qualidade de vida nesse período é fundamental. Mas, talvez, mais importante que isso é preparar-se para envelhecer. Assim como a prevenção é sempre mais eficaz que o tratamento da doença, o modo de viver (mental e fisicamente sadio) é uma garantia de um envelhecimento saudável e prazeroso.
Nota: A respeito da melhor iluminação a ser usada no dia a dia,o conceito tem mudado.Quem tiver interesse a esse respeito pode consultar os links abaixo sobre ergoftalmologia que falam sobre como potencializar a visão e reduzir o desconforto visual com a utilização de normas especificas estabelecidas para otimizar as tarefas do dia a dia.
“Manual de Ergoftalmologia” http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf
http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo
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A questão a ser discutida exaustivamente é:
A relação custo/beneficio em relação à cirurgia de catarata (facectomia) , momento ideal de fazer a indicação formal do procedimento cirurgico e a observação cuidadosa e individual (cada caso é um caso)!
Apesar do que foi discutido acima…em relação à perda da qualidade visual por conta da redução da sensibilidade ao contraste…devemos ter em mente que quanto mais longevos ficamos,mais tempo conviveremos com o desfecho de curto,medio e longo prazo das intervenções médicas.
Por conta disso devemos ser cautelosos nas indicações dessas intervenções e discutir exaustivamente com o paciente ponderando a respeito das opções em cada caso. Ouvir mais (e com maior interesse) suas queixas e propor soluções pontuais para elas.
Intervir cirurgicamente sempre que for necessario…mas não deixar de oferecer ao individuo a oportunidade de conhecer o cenário completo em que está inserida esta decisão (o que esperar a curto,medio e longo prazo e como tentar minimizar as possiveis intercorrencias).
O individuo esclarecido é um aliado do medico na prevenção dessas intercorrencias e na tentativa de restabelecimento da sua qualidade de visão e de vida! E não o contrario,como pensam alguns…medicos e pacientes.
Mais sobre moscas volantes,fotopsias,flashes e fosfenos…
Como o post que tem gerado mais interesse (e comentarios a respeito de duvidas que ainda persistem) é o relacionado a mosca volante e fotopsia (ver os comentarios de outros leitores em “FIQUE DE OLHO:um alerta importantíssimo”, neste blog),seguem alguns esclarecimentos adicionais:
A definição de fotopsia: “sensação luminosa,como de faiscas ou relampagos provenientes de doença da retina” em http://www.verbetes.com. Mas,etimologicamente falando a combinação photos (luz) e opsis (visão) sugere a interpretação de visão de luzes,independente da causa do fenomeno.
Em medicina é consenso nos referirmos a um sintoma como fotopsia quando a causa dos “flashes” (brilho,faísca…ou outra definição) é oftalmológica (e vitreo-retiniana).
Caso já tenhamos realizado mapeamentos de retina seriados (avaliação da retina periférica…e não apenas oftalmoscopia direta,como se faz no clássico “exame de fundo de olho”) e o(s) exame(s) não tenham evidenciado nenhuma degeneração de risco para descolamento de retina nem tração vitreo-retiniana ( com ou sem rotura ), então o sintoma pode ser definido como “fosfeno” ( veja abaixo definição bastante esclarecedora ).
As referencias a respeito de flashes, fotopsia e fosfenos são muitas vezes dúbias,dando margem a interpretações diferentes.O que importa na realidade é termos certeza de que o fenômeno luminoso não esteja relacionado à presença de rotura retinana, tração vítreo-retiniana e/ou degeneração de risco para descolamento de retina.Nessas situações devemos monitorar o paciente ,de forma sistemática,enquanto persistirem os sintomas!
O estresse,a tensão e a ansiedade aumentam (ou melhor,”aguçam “)nosso limiar perceptivo. Quantos de nós já nos demos conta de que quando estamos tensos ouvimos todos os barulhos no nosso entorno,tornando bastante desagradável conviver ,por exemplo, com o barulho de uma simples gota d´agua caindo de uma torneira mal fechada ou ainda o som constante de alguem digitando (às vezes do outro lado da parede,em outro ambiente…mas que ainda assim ouvimos nitidamente…e como incomoda!)?
Então …esse mesmo estresse pode gerar aumento da percepção dos fosfenos do movimento ocular rápido (veja definição no link citado abaixo) e não significar risco.
Mas,antes de afirmar que o que vem incomodando um paciente se deve unicamente a fatores não oculares, o medico deve esgotar a investigação oftalmológica no sentido de afastar causas mais graves para os sintomas,ou melhor,causas que exijam intervenção precoce.
Espero ter ajudado!
Veja também:
http://www.willsglaucoma.org/portuguese/20060607.htm
O link é interessante e esclarece mais a respeito de flashes,fotopsias e fosfenos (segue abaixo texto reproduzindo parte do arquivo que você pode acessar no endereço referido):
“Dr. Elliot Werner: Deixe-me começar dando a vocês uma definição de moscas volantes e flashes. Uma mosca volante é algo nos fluidos do olho que lança uma sombra na retina e se parece com uma mancha escura ou manchas que flutuam ao redor no campo de visão. Moscas volantes só podem ser vistas com os olhos abertos e em um ambiente iluminado.
Flashes podem ser vistos até mesmo na escuridão ou, às vezes, com os olhos fechados. Flashes são flashes de luz ou objetos iluminados que aparecem no campo de visão.
P: Um flash é algo com o que se preocupar?
Dr. Elliot Werner: Assim como com as moscas volantes, depende da causa. Um flash solitário sem qualquer perda de visão é raramente sério. Flashes persistentes, especialmente se houver alguma mudança na visão, são potencialmente sinais sérios de descolamento de retina.
P: Às vezes, quando eu fecho meus olhos, uma luz suave aparece lentamente e então desaparece em um padrão contínuo. Isso são flashes de luz?
Dr. Elliot Werner: Não, isso é na verdade uma resposta normal do sistema visual ao se fechar os olhos. Até mesmo em um ambiente completamente escuro, a retina produz impulsos nervosos que se parecem com luz. Flashes são exatamente isso: pontos luminosos ou raios de luz que parecem surgir e desaparecer rapidamente.
P: ‘Flash’ significa algo de curta duração. Qual é o nome para o similar, mas aparentemente permanente, brilho ou objetos brilhantes?
Dr. Elliot Werner: Fotopsia. [Nota da editora: “Fotopsia é a presença de flashes de luz visíveis. É mais comumente associada com descolamento vítreo posterior, enxaqueca com aura, aura de enxaqueca sem dor de cabeça e ruptura ou descolamento da retina.” http://en.wikipedia.org/wiki/Help:Contents%5D
P: Eu passei por um período em que via flashes quando virava minha cabeça. Um especialista em retina disse que nada estava errado; era apenas porque o vítreo era muito espesso e estava puxando a retina quando eu virava minha cabeça de repente. Não aconteceu por muito tempo. Quão comum é o vítreo variar em viscosidade e é a razão conhecida?
Dr. Elliot Werner: O vítreo fica menos viscoso e mais fluido com a idade. O que você descreve é chamado fosfenos do movimento ocular rápido e é uma ocorrência normal. É o responsável por “ver estrelas” quando somos atingidos na cabeça”.
Leia tambem aqui neste blog o post “Floaters (moscas volantes) e depressão…qual qa relação provável?” no link
https://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/floaters-e-depressao-qual-a-relacao-provavel/
Outro link interessante:
http://www.ibc.gov.br (site Instituto Benjamin Constant)
Veja definições e orientações a respeito de flashes
Oftalmologia,senilidade e qualidade de vida futura
Por que não devemos procurar o oftalmologista apenas quando existem queixas visuais,ou simplesmente precisamos trocar os oculos…
Envelhecer enxergando bem…esse é o objetivo de todos nós e o compromisso de todo oftalmologista com cada individuo sob seus cuidados!
O exame oftalmológico regular é sempre uma necessidade tendo em vista não apenas a avaliação pontual da doença ocular e sim como potencial fator preditivo dessas mesmas doenças.A antecipação ao adoecimento é e sempre será o desejável na atuação medica.Uma vez que o tratamento medicamentoso vem se mostrando a longo prazo mais iatrogênico do que antes pensado,a prevenção ou mesmo a melhor interpretação da forma de introduzir e conduzir o tratamento necessário são extremamente importantes.
A senilidade significa a desorganização lenta e gradual dos sistemas bioquímicos e estruturais do nosso organismo, o que leva ao que chamamos degeneração orgânica, com suas manifestações funcionais especificas.Dependendo do órgão ou sistema mais debilitado (genética e/ou ambientalmente predisposto),os sinais surgem mais precocemente neste ou naquele órgão.
No caso especifico dos olhos,mais comumente na senilidade, a catarata,o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) são as manifestações mais comuns e,respectivamente, o cristalino,o nervo óptico e a retina (especificamente sua área mais central,a macula) devem ser alvo de exames periódicos para que se possa desenvolver estratégias no sentido de retardar os desfechos negativos a eles relacionados.
Comentando sobre o glaucoma, embora ainda não saibamos exatamente a causa dessa neuropatia óptica isquêmica progressiva,sabemos que devemos ficar atentos a alguns fatores que podem sinalizar os indivíduos de maior risco.A concomitância de hipertensão arterial sistêmica de diabetes mellitus,de migranea(enxaqueca –presente ou passada),de hipotensão arterial importante,de síndrome da apneia do sono,alem da hereditariedade positiva são fatores que devem ser levados em consideração na estratificação de risco para a doença. Para conhecer mais a respeito de fatores de risco (individuais e coletivos) para o desenvolvimento de glaucoma e avaliar seu escore em relação à doença, veja o questionario no link abaixo:
http://willsglaucoma.org/cgi-script/csArticles/articles/000000/000074.htm
Outros fatores são na verdade sinais clínicos como o valor da pressão intra-ocular,sempre relacionada à espessura corneana e à avaliação da aparência do disco óptico com seus sinais localizados de perda de fibras nervosas (modificação da relação que existe entre o diâmetro do disco óptico e da sua escavação,alem da alteração do padrão de espessura dos bordos inferior,superior,nasal e temporal desse disco: a essa relação damos o nome de padrão ISNT).
Quanto à DMRI, sabemos que o fator exposição à radiação UV (tanto no verão quanto no inverno pela agravante ambiental a ela relacionada (buraco na camada de ozonio)) alem da perda progressiva dos pigmentos maculares ( luteina e a zeaxantina) devido ao envelhecimento, vem tornando essa patologia cada vez mais prevalente entre nós.
O que devemos fazer é instituir a alimentação funcional (e num segundo momento e sob supervisão medica, a suplementação) para aumentar os niveis oculares desses bioflavonoides além de utilizarmos sempre oculos com proteção UV plena.Alem disso nos conscientizarmos de que o estilo de vida atual gera um estado pró-inflamatorio em nosso organismo acelerando a degeneração dos tecidos e orgaos. O contraponto a essa situação é o aumento da atividade fisica e a adoção de uma dieta mais rica em alimentos que alem de não estimularem a sintese de substancias favorecedoras de inflamação atuam em direção oposta.
O combate ao sedentarismo e a adoção de uma dieta mais saudavel contribuem tambem para reduzir as doenças vasculares como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que atuam como fatores de risco para o aumento da incidencia e da gravidade das doenças oculares da senilidade.
A catarata,ou perda de transparencia do cristalino,faz parte do processo natural e gradual de envelhecimento do olho. Todos,sem exceção, mostramos esse tipo de evolução,diferindo apenas em intensidade (maior ou menor) e tempo (mais acelerado ou bem mais lento). Quando essa perda de transparencia chega a interferir na qualidade de vida do individuo há necessidade de cirurgia. Por outro lado, muitos individuos podem chegar a idades bem avançadas sem necessidade de intervenção cirurgica,e com acuidade visual compativel com boa qualidade de vida. Aqui tambem a proteção UV atraves de oculos solares de boa qualidade, o aumento de aporte de carotenoides (zeaxantina e luteina) e a manutenção da saude (evitando uso frequente de medicamentos e com isso possiveis iatrogenias) ajudam a prolongar a vida útil do cristalino e,mais uma vez, melhorar a qualidade de vida na senilidade.
Essa avaliação periódica é importante para a estratificação de risco de cada individuo. Cada um de nós pode ter uma qualidade de vida maior se nos anteciparmos a esses eventos e cada vez mais deixarmos de identificar as doenças apenas quando elas já necessitam tratamento.O que buscamos hoje é o desenvolvimento de estratégias que ajudem a prolongar o bem estar do individuo durante a senescencia.
Catarata é doença? Quando operar?
A catarata é,necessariamente, uma doença?
Qual a definição de doença?
Vamos falar da catarata senil (aquela que acontece com o envelhecimento…)
A catarata, quando acompanha os sinais e sintomas do envelhecimento não é doença. É tão somente mais um sinalizador do tempo. A opacificação do cristalino (termo que descreve o que acontece com a “lente do olho” na situação denominada catarata), é uma condição inevitável na existência humana, assim como as rugas. Esses sinais são mais precoces ou mais tardios,dependendo da constituição biológica do individuo e de seu viver (escolhas em relação à alimentação,meio ambiente,condicionamento físico,medicações que teve necessidade de fazer uso em diversas situações e pelas mais diversas razões,estressores internos e externos,enfim…).
Muitos pacientes dizem que tiveram “parentes que morreram com mais de 90 anos e nunca tiveram catarata”. Eu,sempre que posso,explico que essas pessoas tiveram seu cristalino opacificado sim, porém, como as atividades a que estavam submetidos não exigiam melhor acuidade; se não eram pessoas que utilizavam a “visão de detalhes” com muita freqüência (ou seja, pessoas que lêem muito,bordam,realizam atividades que exigem uma acuidade visual superior àquela necessária para assistir TV ,não legendada…) ou mesmo se essa redução da acuidade foi muito lenta (a ponto de haver adaptação do individuo à situação… e ele não sentir dificuldades…) ,isso é mais que natural. Afinal,quantos de nós vai ao clinico se queixar de estar com os cabelos cada vez mais brancos???? Ou mesmo,quando da consulta,ele comenta sobre rugas e fios brancos como “doenças”? Não, certo? Porque esses sinais fazem parte do processo degenerativo que é o envelhecimento… que pode tardar ou ser retardado … mas acontece, para todos nós!
Mas como hoje nossa exigência visual é bem maior e as agressões possíveis ao organismo também são mais intensas ( estado pró-inflamatorio, pelos hábitos alimentares cada vez mais equivocados, pelo meio ambiente e a relação camada de ozônio/radiação UV cada vez mais intoxicante, alem de outras causas, levando à antecipação da degeneração orgânica), a opacificação cristaliniana nos atrapalha em maior proporção do que há 30 anos atrás.
Os sintomas iniciais são as flutuações na qualidade da visão.
Essas flutuações podem estar relacionadas à intensidade de luz ( pouca ) ou à baixa qualidade quando há pouco contraste (visão pior ao entardecer ). Ou seja, a visão é percebida como pior, mais em determinados momentos do que em outros. O individuo começa a perceber que mesmo usando óculos, sua visão continua “meio” embaçada, não enxerga como antes. A sensação é como se as lentes dos óculos estivessem sujas. É comum trazerem a queixa de trocas sucessivas de óculos, sem beneficio visual percebido com a troca. Isso se dá porque o cristalino,antes transparente, agora está ficando mais amarelado (como roupa branca guardada no armário por muito tempo,não é isso que ocorre?).
E enxergar através de um filtro amarelo,não é igual a enxergar através de um vidro “blindex” limpissimo,por exemplo…principalmente quando a atividade é a leitura à noite…Nesse caso,a maior potencia na iluminação melhora muito essas queixas.Assim como para dirigir à noite,as lentes com filtro que ajuda a aumentar o contraste (lentes “night drive”) melhoram muito a acuidade visual nos estágios iniciais da catarata.
Outros sintomas comuns são: halos ao redor das luzes à noite, aumento da miopia no individuo míope ou surgimento dela em outros que nunca foram míopes.Mudança de tipo de “erro refracional” ou seja, o individuo era hipermetrope …essa hipermetropia vem diminuindo progressivamente e de repente …ele passa a funcionar como um miope.Além de visão dupla ou visão “com sombras”.
Acredito que nada na natureza existe sem uma finalidade. Partindo desse principio,e baseada em mais de 30 anos de experiência clinica,percebo que se respeitamos mais o “timing” do organismo,ele agradece no longo prazo…
Ou seja,alguém já se perguntou porque o cristalino se opacifica com o tempo? Será que se trata apenas de uma alteração senil,sem motivo aparente exceto a própria degeneração? Assim como as rugas, por exemplo…
Mas,e se não for assim? Será que o cristalino não tem a função de filtrar a luz azul e reduzir os danos que ela causa à principal área retiniana (a mácula) e com isso,manter a qualidade visual por mais tempo ao longo do processo de envelhecimento (quando inclusive a quantidade de pigmentos protetores diminui acentuadamente)? Se assim não fosse,porque os fabricantes teriam se voltado para a fabricação de uma lente intra-ocular (LIO) cujo maior apelo é o fato de não ser “transparente” como as outras e sim amarelada (como o cristalino senil)?
Alguem pode afirmar que a remoção do cristalino senil (amarelo-alaranjado),ou seja, a cirurgia de catarata (facectomia), nos pacientes com predisposição para a degeneração macular relacionada à idade, não acelera o desenvolvimento ou o aparecimento da doença (DMRI)?
Os trabalhos publicados são unanimes em contradizer essa hipótese?
Então porque apressar uma situação que no longo prazo aumenta o risco da DMRI quando o paciente ainda não tem maior queixa em relação à sua visão? Por que a cirurgia precoce ou, pior ainda, a extração do cristalino em olho sem catarata,apenas com finalidade refrativa (diminuir ou eliminar o “grau” que o individuo usa ,na alta miopia).Justamente o paciente que tem a retina debilitada em relação aos outros indivíduos não míopes! Não consigo entender a razão dessa prática.Será que é apenas desconhecimento, falta de competencia e/ou excesso de zelo meu?
Que o paciente aceite a idéia de estar “livre dos óculos” não estranho,principalmente se ele não é advertido a respeito das possíveis complicações futuras.Mas que o médico sugira esse procedimento…não consigo entender…Nossa função (médicos) é proteger o paciente da doença e não contribuir para sua maior incidencia, principalmente por conta de procedimentos invasivos possiveis mas desnecessários (no caso da cirurgia refrativa relacionada à remoção do cristalino transparente).
Alguns cirurgiões me têm na conta de uma médica que é “contra a cirurgia de catarata”. Como poderia eu ser contrária a uma prática que devolve a visão ao paciente? Que aumenta a qualidade de vida na senilidade? Jamais poderia adotar uma postura tão radical! Seria pouco inteligente se assim o fizesse.O que quero garantir ao meu paciente é apenas a segurança de uma postura mais conservadora, expectante,para melhor avaliar o momento de intervir.De um lado a melhora da qualidade de visão a curto prazo (cirurgia precoce).Do outro , a possibilidade de antecipar ou agravar a DMRI (e outras complicações retinianas e maculares), com a intervenção cirúrgica.Se pudéssemos avaliar (com boas chances de acertar),o tempo de vida de cada um,seria mais fácil decidir.Mas como não temos esse poder,me parece mais inteligente e seguro intervir quando a qualidade de vida estiver prejudicada e esse prejuizo for ativamente referido pelo próprio paciente.
A indicação cirúrgica à simples observação de uma catarata num exame de rotina,sem que o paciente se queixe da visão obtida com nova prescrição de óculos, me parece totalmente desnecessária.(E mal indicada!) Alguns dirão que, quando a catarata já está mais desenvolvida, aumentam as chances de uma cirurgia mais demorada. O que levaria a um pós-operatório imediato mais difícil e um outro “gatilho” para a mesma DMRI (e outras patologias) que estávamos tentando evitar.Eu digo que, se assim for, provavelmente terei dado oportunidade de mais alguns anos de melhor visão para o individuo. Porque ele provavelmente também seria o paciente que deflagraria o processo macular numa cirurgia mais precoce. E aí…ele teria sido submetido a um sofrimento maior porque estaria convivendo há mais tempo com uma visão muito ruim.
Ver embaçado é uma coisa…não distinguir é outra,bem diferente!
Na dúvida,cabe ao medico fazer uma investigação da qualidade de vida desse individuo atraves da aplicação de um questionario (VFQ “visual functioning questionnaire”) referido na literatura médica e disponivel em várias bases de dados. http://www.nei.nih.gov/resources/visionfunction/vfq_ia.pdf http://www.rand.org
Costumo indicar cirurgiões com grande experiência (e excelente casuística) . Ainda assim, procuro antes manter o individuo bem monitorizado do ponto de vista retiniano, “preparando” esse olho para o procedimento.Tento ainda diminuir o estado pró-inflamatorio do paciente alguns meses antes da cirurgia (se já não tiver conseguido melhorar o habito alimentar dele como fator de melhora de qualidade de vida e não apenas com objetivo cirurgico).
Alem disso, as decisões devem sempre ser tomadas em conjunto (medico e paciente e/ou familiares). E com total conhecimento do paciente a respeito do procedimento a que está sendo submetido,benefícios e situações que podem surgir a curto, médio e longo prazo.Como tentar evitá-las e como conduzi-las caso aconteçam. Uma indicação segura será sempre benvinda.
E a relação medico-paciente se fortalece nessa circunstancia,o que já é “meio caminho andado” na direção do sucesso terapêutico!
Leia mais sobre catarata nos links abaixo:
http://saudedofuturo.wordpress.com/2008/10/18/catarata-tudo-sobre-catarata/
http://olyntho.wordpress.com/2010/01/25/catarata-%E2%80%93-reabilitando-a-visao/
http://portaldaoftalmologia.com.br
FIQUE DE OLHO: um alerta importantissimo!
Vamos falar sobre a retina.

A retina é transparente.Vemos o vermelho-alaranjado do fundo,através dela.Quando descolada perde a transparencia .Fica com essa coloração leitosa que vemos à direita da foto.
Um termo de pesquisa buscado no blog nos últimos dias foi relativo à queixa de “clarão nos olhos”.Esse termo é usado por indivíduos que se referem à sensação visual de “ver raios,como quando relampeja… ou ver faíscas…”.De repente…do nada,começam a perceber esses momentos de brilho intenso e rápido,que acontecem no escuro ou quando eles mexem a cabeça ou mudam de posição e às vezes quando movimentam os olhos durante a leitura.
A fotopsia ( nome que damos à essa percepção luminosa ) acontece por uma tração na retina. Como se dá essa tração?
Imagine uma mulher vestida com uma meia-calça longa que em algum momento foi ligeiramente danificada por uma pulseira ou relógio passados “de raspão” sobre ela. Não vai rasgar…agora.Mas pense no que ocorrerá com essa mesma meia depois de alguns dias mais de uso …De repente ,um belo dia,sem mais nem menos, essa meia rasga (“desfia”) ao menor toque ao ser usada. Não foi assim tão inesperado, não é mesmo? Já sabíamos que isso poderia acontecer mais cedo ou mais tarde, por causa daquele “ponto frágil” criado no episodio relatado acima e constantemente tracionado ao se fazer uso da meia.
Assim ocorre com nossos olhos. Podemos comparar a retina à uma extensão das células nervosas,capazes de transformar um impulso recebido na imagem que você vê quando olha o mundo ao redor.É um tecido nobre dos nossos olhos. Sem a integridade da retina e do nervo óptico (que seria o conjunto dessas fibras retinianas agrupadas e condensadas num tipo de “fio condutor” para serem levadas ao cérebro)…não seriamos capazes de ver. Mesmo com a córnea íntegra e sem catarata ou outra patologia…não enxergaríamos! A retina poderia ser comparada ao “filme” da máquina fotográfica (daquelas de antigamente…não digital … lógico!).Uma máquina perfeita…mas sem filme..você poderia clicar…mas não obteria imagem para ser revelada,não é mesmo?
Então…o que ajuda a proteger esse tecido ocular tão nobre? O humor vítreo ou corpo vítreo ou…simplesmente… vítreo para os mais íntimos! É um gel, que “preenche” a cavidade ocular. Os olhos não são estruturas sólidas…são como “cistos” preenchidos por esse gel e “forrados” internamente pela retina (complexo retina-coroide) ,com uma capa externa que é a esclera (a parte branca dos olhos).
Agora imagine uma vasilha com gelatina que você tira da geladeira e deixa sobre a pia.Depois de algumas horas…ela se liquefaz,não é mesmo? Mas, mesmo assim,se você passar o conteúdo dessa vasilha por numa peneira,verá que ainda ficam resíduos dessa gelatina na rede.Nos olhos,esses fragmentos do vítreo,quando se liquefaz (seja por trauma ou pela própria idade), você vê como “mosquinhas” ou “pontos pretos” ou ainda “teias de aranha” quando olha para o céu em dias de sol,ou lê sobre superfícies muito claras.O nome popular para esses pontos: “moscas volantes”. Quando estamos mais tensos, a percepção desses pontos aumenta Por outro lado,quando estamos bem,quase não percebemos esses pontos.
Quando temos descolamento posterior de vitreo (DPV), costumamos ver esses pontos pretos, pois a liquefação do gel levará a essas percepções. Nessa etapa, já fomos ao oftalmologista, ele detectou o DPV, examinou a retina e não encontrou nenhuma degeneração periférica de risco para descolamenteo de retina (DR). Essas degenerações podem estar presentes nas várias etapas de vida e não são incomuns. Apenas que identificamos em algumas delas, risco maior para o DR. E, se somos portadores desses tipos específicos de degeneração, devemos ter mais cuidado ainda a partir do DPV,porque um dos “fatores de proteção” dessa retina já não existe mais: o vitreo condensado e “servindo de apoio” à retina.
Então , existem duas situações para ficarmos atentos:
A primeira: Há tempos vemos essas moscas volantes , fizemos o mapeamento de retina (exame para avaliar a periferia da retina e verificar existência de degenerações) e naquele momento nada de anormal ,alem do DPV, foi verificado. Mas agora, as “moscas volantes” aumentaram em numero e vemos quase que o tempo todo. Sinal de alerta! Procure o seu oftalmologista para avaliar novamente a sua retina.Certifique-se de que não exista nenhuma inflamação no interior do olho ou mesmo que não tenha surgido algum tipo de alteração mais importante.Não espere passar o sintoma…vá ao primeiro sinal de mudança de tipo e freqüência dessas “moscas volantes”.
A segunda: Você nunca havia experimentado essa sensação de embaçamento transitório, como uma “rede ou véu” atrapalhando a visão …ou mesmo essas “moscas volantes” desagradáveis. Procure imediatamente o oftalmologista para ter certeza de ser “apenas” um DPV e não algo mais importante em que se tenha que intervir rapidamente.Esse tempo que você perder entre o inicio dos sintomas e a ida ao oftalmologista pode significar a diferença entre ter que ser submetido apenas a uma sessão de laser para “colar” alguma rotura (ou buraco) na retina ou ter que se submeter a uma cirurgia para tratar, agora, um descolamento da retina, causado pelo não tratamento daquele mesmo “buraquinho” de antes.Outro sinal que pode nos ajudar a perceber a gravidade da situação é a percepção da fotopsia ( os flashes, ou percepções luminosas,como já falamos mais acima). Isso ocorre porque a retina está sendo tracionada e como ela conduz estímulos luminosos, cada vez que ela é “pinçada” temos a sensação de ver luzes piscando.Então, resumindo, se estamos vendo “clarões de luz” não temos que esperar nada: é ir direto ao oftalmologista, para nos darmos a oportunidade de identificar o problema num estágio em que ele pode ser resolvido com uma intervenção menos invasiva e que se traduza numa melhor acuidade visual presente e futura!
Veja a possivel relação com a depressão e os neurotransmissores no post “Floaters (moscas volantes) e depressão…qual a relação provável?” publicado hoje, abril de 2012
https://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/floaters-e-depressao-qual-a-relacao-provavel/
(Veja mais a respeito do assunto no post “Mais sobre moscas volantes,fotopsias,flashes e fosfenos…” publicado em agosto de 2010)
(Veja a correlação destes sintomas com o uso de medicamentos no post ” Flashes,fosfenos,sensações visuais incomuns e medicamentos…uma relação mais que possível ” em agosto de 2011)
Mais conteúdo sobre moscas volantes na internet:
http://www.eyecare.com.br/Retina.aspx
http://www.olhosfreitas.com.br/prg_vis_opi_dor_ger.cfm?id=67
Uma abordagem interessante sobre habituação em relação às moscas volantes (de forma semelhante ao que é proposto na habituação ao tambem desagradável sintoma que é o zumbido) voce encontra na leitura de um ebook disponivel na internet. O autor Mark Lorne explica por que alguns de nós não conseguimos evitar “ver” os floaters comuns a quase totalidade da população. E propõe algumas estratégias possiveis para a evitar a percepção deles. Um leigo interessado em ajudar outros individuos a conviver com moscas volantes. Mais ainda, ele identifica um perfil psicológico comum aos queixosos cronicos em relação às moscas volantes. Vale a pena ler e refletir a respeito!
O link:
http://www.noeyefloaters.com/index.htm
No blog www.moscavolante.com.br uma tradução livre do texto de Mark Lorne
Açaí: novo uso! …agora nas cirurgias oculares…
Uma noticia muito boa!
Um novo corante para utilização em cirurgias oculares ( de retina e vítreo) com menor toxicidade e produzido a partir de substancia naturalmente encontrada na natureza, um tipo de antocianosideo, de custo bastante inferior ao dos corantes químicos utilizados hoje em dia.
Estamos caminhando na busca de novas estratégias :menos invasivas,menos tóxicas,mais naturais, mais baratas e disponibilizáveis para uso em toda a população!
Leia:
“Brasil cria corante ocular mais barato feito a partir de açaí”
“Pesquisadores do Departamento de Oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) desenvolveram um corante intraocular a partir da antocianina, uma substância do açaí…”
“…Os corantes são utilizados em cirurgias da retina (camada mais interna do globo ocular) e do vítreo (componente que preenche o olho, responsável pelo tônus ocular), para que seja possível visualizar membranas e tecidos transparentes na correção de doenças que acometem o fundo dos olhos, como a retinopatia diabética e descolamentos da retina e do vítreo. …”
“Segundo o professor da Unifesp que coordena o estudo, Maurício Maia, o corante natural apresentou um nível menor de toxicidade do que os corantes químicos utilizados hoje… “
“”A procura pelo corante perfeito é antiga. O ideal é que ele seja o menos tóxico possível e que não atinja o nervo ótico ou as células da retina, como esse [do açaí] parece ser”, diz o oftalmologista Maurício Schirmer, do Hospital Oftalmológico de Sorocaba…”
“”Achamos na flora brasileira um corante natural melhor do que os químicos, que, além de serem caros também são tóxicos quando usados em dosagem alta ou, em alguns casos, até em medidas convencionais”, diz Maia. Os pesquisadores agora estão terminando de escrever o artigo sobre o estudo para apresentá-lo nos próximos meses nos EUA. O objetivo é comercializar o corante. “
“A cromovitrectomia, termo utilizado para essa modalidade cirúrgica com corantes, é recente e foi citada pela primeira vez em 2000 em um artigo sobre o uso da indocianina verde. “
Fonte : Folha on Line
Leia o artigo na integra em http://www.prontuariodenoticias.com.br
OLHO NO OLHO! veja … o que nós vemos!
exame do fundo de olho
Mostra como nós,oftalmologistas, vemos as camadas mais internas do seu olho (a retina,coroide e os vasos sanguineos). Veja o que nós vemos: a área branca com vasos partindo do seu centro é o nervo óptico.A área mais escura é a mácula e,nesse caso,em torno dela,as minusculas manchas branco-amareladas são as drusas (que podem ser precursoras da degeneração da mácula). Um exame simples,não invasivo e que pode nos trazer tanta informação!
E nós conseguimos ver com muito mais precisão do que voce está vendo aí no video. A imagem é muito mais nitida ao vivo e a cores do que você vê na gravação.
Os exames endoscópicos tambem nos permitem esse tipo de olhar.Mas necessitam preparação prévia, muitas vezes desagradáveis,e vêm tão somente o tecido/orgão que se propõem examinar.Com a fundoscopia não.Como vemos a circulação terminal (que é parametro para avaliação da circulação arteriolo-venular de qualquer outro órgão do corpo), podemos inferir como deverá estar se processando a oxigenação dos outros tecidos nobres como coração,rins e cerebro.
Viu?
O que voce achou?
A possibilidade de ver o organismo atraves dessa verdadeira janela que se abre para nós, oftalmologistas,num exame que faz parte da rotina de consultorio é uma oportunidade única. Dificilmente ,durante um bom tempo ainda, teremos acesso tão fácil e não invasivo a qualquer outro orgão no corpo humano! E a oportunidade de avaliar a saude de um individuo atraves desse orificio tão pequeno que é a pupila,é imperdível! Nunca deixo de me empolgar com a idéia de poder ajudar a mudar a qualidade de vida futura de alguem observando o que o fundo de olho me diz a respeito da hipertensão arterial,do diabetes mellitus,dos efeitos colaterais que algumas drogas usadas no combate a certas doenças sistemicas podem gerar nos olhos.
O exame fundoscópico auxilia no estadiamento dessas doenças,ajudando o cardiologista ,o clinico geral e o endocrinologista a melhor controlar essas patologias, no sentido de evitar lesões nos órgãos alvo (coração,rins e cerebro), que levam o paciente a desfechos negativos.
Consulte seu oftalmologista!
Não espere aparecer algum sintoma para procurá-lo.Prevenir é sempre o melhor remédio!
Comentando o video sobre oftalmogeriatria
Quando inclui o video no blog o fiz por se tratar de oportunidade impar para o leigo (que nao assistiu à entrevista nem ao video postado no youtube) ter acesso a imagens e informações importantes sobre o envelhecimento ocular.Seria muito bom poder dizer a todos que existe cura para as doenças citadas no video.Porem nos temos total consciencia de que o termo cura é indevidamente usado por nós,individuos (não apenas medicos).Os processos organicos que levam ao aparecimento das disfunções,ou seja,alterações das funções de cada sistema do nosso corpo são ireversíveis,assim como o envelhecimento.Ninguem deixa de envelhecer: apenas uns envelhecem mais rapidamente do que outros.A velocidade de degeneração do corpo (e de qualquer dos seus orgaos) depende da genetica (herança) e de todas as intercorrencias observadas durante o processo evolutivo desse organismo.
Em outras palavras,todos os dias nós podemos ,sem nos darmos conta,estar acelerando ou contribuindo para desacelerar o processo de envelhecimento natural do organismo.Então por que não nos ocuparmos mais em buscar os fatores pró-degeneração ao mesmo tempo em que nos ocupamos de tratar os processos advindos da ação inevitável do tempo sobre os órgãos? Porque não passarmos as informações que ja dispomos ao individuo para que ele tome conhecimento do papel importante que ele tem na condução do seu processo de envelhecimento? Talvez conseguissemos aumentar mais a qualidade de vida da população geriatrica, uma vez que a longevidade maior já é uma realidade.
Muito importante a observação sobre o diabetico que com 10 anos de diabetes diz estar cumprindo rigorosamente a dieta há 1 ano e não entender porque não estava melhorando ou porque ,justo agora,aparecia uma complicação!Ela coloca que durante 9 anos ele não se cuidou como deveria e com o tempo as alterações foram acontecendo,a despeito de agora ele estar fazendo “tudo direitinho”…
É sempre importante falar que depois de instalado o estado de lesão organica,o medico utiliza todo arsenal que existe para dar melhores condições ao paciente de conviver com as disfunções.E consegue,cada dia mais, mas NUNCA terá o mesmo impacto na vida do paciente do que se ele tivesse conseguido evitar a doença.Qualidade de vida é o que buscamos,todos nós.Mas nos esquecemos que como estamos conseguindo prolongar mais nossas vidas devemos dar mais atenção ao cuidado que se deve ter para que essa longevidade tenha qualidade. Cada vez mais envelhecer tem significado mais diagnosticos de doenças cronicas,mais intervenção medica,menos qualidade de vida.E não precisaria necessariamente ser dessa forma.Temos muitos exemplos do contrario.A propria dra. citou centenários sem necessidade de operar a catarata,mantendo uma visão util,sem intervenção médica senão para prescrição dos oculos!Não significa dizer que não exista opacidade da lente do olho (cristalino),mas sim que ela não limita esse idoso,não tira a sua independencia: não necessita dirurgia.A catarata é como o cabelo branco:todos teremos…um dia.Alguns,desde a adolescencia começam a ter alguns fios ,outros chegam aos 60 sem que eles tenham aparecido.
Como lentificar o processo de envelhecimento do cristalino? Eu posso chegar mais longe mantendo um minimo de transparencia que me permita levar uma vida normal em termos de exigencia visual?.Se eu usar,desde cedo, lentes que filtrem os raios UV,se eu conseguir reduzir ao maximo o uso de alguns medicamentos sabidamente aceleradores do processo de glicação das proteinas dentro do cristalino,que leva a diminuição da sua transparencia; se eu me alimentar de forma a mudar as vias bioquimicas do meu organismo,diminuindo o aporte de alimentos pró-inflamatorios;se eu enfim buscar conhecer melhor o funcionamento do MEU corpo e aprender como ajudá-lo em sua tarefa de me manter em equilibrio…será que eu consigo ter mais qualidade de vida quando for idoso…será que eu posso ter minha catarata atrapalhando minha visão só quando eu for centenario (ou nem assim)?
As oportunidades que tivermos de divulgar informações conhecidas (mesmo sabendo que mais tarde essas mesmas orientações podem mudar…)devem ser aproveitadas.Lembra da época em que a manteiga que era vilã e a margarina a melhor opção? Pois é…mudou…mas mesmo assim não se deixou de divulgar que estavamos errados em relação a elas…isso acontece porque o conhecimento passa por processos evolutivos em que necessariamente têm que haver construções e desconstruções de saber…para estarmos sempre buscando a verdade (enquanto ela não for substituida por outra verdade).
Mas o que é basico não muda! O alimento é o nosso remedio (Hipocrates),o exercicio é necessario (sempre),a água é fundamental,o sono reparador é imperdivel,o equilibrio emocional ajuda a manter o equilibrio organico (menos estresse,por favor! …mas se for impossivel,alongue mais,medite mais,relaxe mais…).
E viva melhor,tenha saude,vá ao medico sim ,mas para fazer seu “check-up” e ter o prazer de ouvir que voce está muito bem.
Àqueles que têm uma genetica desfavoravel o alerta de que é mais importante ainda se cuidar para que o que não puder ser evitado tenha impacto menos negativo na qualidade de vida futura! E àqueles que ja estão doentes,a lembrança de que pode sim ficar pior ainda se o quanto antes não se observarem modificações de estilo de vida.Cabe a cada um de nós decidir como queremos envelhecer.
Tratar sempre, pois têm sido apresentadas opções cada dia mais comprometidas com a melhora da qualidade de vida do paciente…mas fundamental mesmo é prevenir,evitar,porque por melhores que sejam as soluções propostas aos problemas organicos nenhuma delas dá ao individuo a condição de bem estar do que a homeostasia interna,o equilibrio alcançado pelo proprio organismo em sua tarefa diaria de prolongamento do funcionamento dos seus orgaos e manutenção da vida.
Nós medicos ainda não desvendamos (e não sei se algum dia o faremos) todos os misterios dessa maquina maravilhosa que é o nosso corpo.Mas embora não saibamos todos os porquês,sabemos, ou intuimos antes e comprovamos no dia a dia,aquilo que nos faz bem e o que não faz.
A postura do médico, hoje mais do que nunca, deve ser a de facilitador da informação para o seu paciente.
Será que uma mulher de 30 anos que tenha antecedentes familiares de degeneração macular com baixa severa da visão deverá esperar ter 50 anos para ser informada que deveria estar usando oculos com filtro UV desde cedo,que deveria ter se certificado de bom aporte de carotenoides,bioflavonoides,selenio,zinco,atraves da alimentação,tambem desde cedo,que deveria ter se exercitado mais ,desde cedo,para manter uma excelente capacidade cardiovascular para que o aporte de oxigenio aos tecidos não diminua tanto com a idade..para que uma vez que venha a ter a degeneração, ela vir a se apresentar numa etapa bem tardia da sua vida ,ter a evolução mais lenta possivel ou mesmo estacionar e manter uma boa visao pelo tempo de vida que tiver?
Lembro aqui uma frase:
“Na arte de curar, deixar de aprender é omitir socorro e retardar tratamentos esperando maiores evidências científicas é ser cientista e não médico” Dr.José de Felippe Junior (www.medicinacomplementar.com.br)
E oportuna tambem:
“As enfermidades são muito antigas e nada a respeito delas mudou. Somos nós que mudamos ao aprender a reconhecer nelas o que antes não percebíamos” Charcot