vitreo

Mais sobre moscas volantes,fotopsias,flashes e fosfenos…

Como o post que tem gerado mais interesse (e comentarios a respeito de duvidas que ainda persistem) é o relacionado a mosca volante e fotopsia (ver os comentarios de outros leitores em “FIQUE DE OLHO:um alerta importantíssimo”, neste blog),seguem alguns esclarecimentos adicionais:

A definição de fotopsia: “sensação luminosa,como de faiscas ou relampagos provenientes de doença da retina” em http://www.verbetes.com. Mas,etimologicamente falando a combinação photos (luz) e opsis (visão) sugere a interpretação de visão de luzes,independente da causa do fenomeno.


Em medicina é consenso nos referirmos a um sintoma como fotopsia quando a causa dos “flashes” (brilho,faísca…ou outra definição) é oftalmológica (e vitreo-retiniana).

Caso  já tenhamos realizado mapeamentos de retina seriados (avaliação da retina periférica…e não apenas oftalmoscopia direta,como se faz no clássico “exame de fundo de olho”) e o(s) exame(s) não tenham evidenciado nenhuma degeneração de risco para descolamento de retina nem tração vitreo-retiniana ( com ou sem rotura ), então o sintoma pode ser definido como “fosfeno” ( veja abaixo definição bastante esclarecedora ).

As referencias a respeito de flashes, fotopsia e fosfenos são muitas vezes dúbias,dando margem a interpretações diferentes.O que importa na realidade é termos certeza de que o fenômeno luminoso não esteja relacionado à presença de rotura retinana, tração vítreo-retiniana e/ou degeneração de risco para descolamento de retina.Nessas situações devemos monitorar o paciente ,de forma sistemática,enquanto persistirem os sintomas!

O estresse,a tensão e a ansiedade aumentam (ou melhor,”aguçam “)nosso limiar perceptivo. Quantos de nós já nos demos conta de que quando estamos tensos ouvimos todos os barulhos no nosso entorno,tornando bastante desagradável conviver ,por exemplo, com  o barulho de uma simples gota d´agua caindo de uma torneira mal fechada ou ainda o som constante de alguem digitando (às vezes do outro lado da parede,em outro ambiente…mas que  ainda assim ouvimos  nitidamente…e como incomoda!)?

Então …esse mesmo estresse pode gerar aumento da percepção dos fosfenos do movimento ocular rápido (veja definição no link citado abaixo) e não significar risco.

Mas,antes de  afirmar que o que vem incomodando um paciente se deve unicamente  a fatores não oculares, o medico deve esgotar a investigação oftalmológica no sentido de afastar causas mais graves para os sintomas,ou melhor,causas que exijam intervenção precoce.

Espero ter ajudado!

Veja também:

http://www.willsglaucoma.org/portuguese/20060607.htm

O link  é interessante e esclarece mais a respeito de flashes,fotopsias e fosfenos (segue abaixo texto reproduzindo parte do arquivo que você pode acessar no endereço referido):

“Dr. Elliot Werner: Deixe-me começar dando a vocês uma definição de moscas volantes e flashes. Uma mosca volante é algo nos fluidos do olho que lança uma sombra na retina e se parece com uma mancha escura ou manchas que flutuam ao redor no campo de visão. Moscas volantes só podem ser vistas com os olhos abertos e em um ambiente iluminado.
Flashes podem ser vistos até mesmo na escuridão ou, às vezes, com os olhos fechados. Flashes são flashes de luz ou objetos iluminados que aparecem no campo de visão.

P: Um flash é algo com o que se preocupar?
Dr. Elliot Werner: Assim como com as moscas volantes, depende da causa. Um flash solitário sem qualquer perda de visão é raramente sério. Flashes persistentes, especialmente se houver alguma mudança na visão, são potencialmente sinais sérios de descolamento de retina.

P: Às vezes, quando eu fecho meus olhos, uma luz suave aparece lentamente e então desaparece em um padrão contínuo. Isso são flashes de luz?
Dr. Elliot Werner: Não, isso é na verdade uma resposta normal do sistema visual ao se fechar os olhos. Até mesmo em um ambiente completamente escuro, a retina produz impulsos nervosos que se parecem com luz. Flashes são exatamente isso: pontos luminosos ou raios de luz que parecem surgir e desaparecer rapidamente.
P: ‘Flash’ significa algo de curta duração. Qual é o nome para o similar, mas aparentemente permanente, brilho ou objetos brilhantes?
Dr. Elliot Werner: Fotopsia. [Nota da editora: “Fotopsia é a presença de flashes de luz visíveis. É mais comumente associada com descolamento vítreo posterior, enxaqueca com aura, aura de enxaqueca sem dor de cabeça e ruptura ou descolamento da retina.http://en.wikipedia.org/wiki/Help:Contents%5D

P: Eu passei por um período em que via flashes quando virava minha cabeça. Um especialista em retina disse que nada estava errado; era apenas porque o vítreo era muito espesso e estava puxando a retina quando eu virava minha cabeça de repente. Não aconteceu por muito tempo. Quão comum é o vítreo variar em viscosidade e é a razão conhecida?
Dr. Elliot Werner: O vítreo fica menos viscoso e mais fluido com a idade. O que você descreve é chamado fosfenos do movimento ocular rápido e é uma ocorrência normal. É o responsável por “ver estrelas” quando somos atingidos na cabeça”.

Leia tambem aqui neste blog o post “Floaters (moscas volantes) e depressão…qual qa relação provável?”  no link

https://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/floaters-e-depressao-qual-a-relacao-provavel/

Outro link interessante:

http://www.ibc.gov.br (site Instituto Benjamin Constant)

Veja definições e orientações a respeito de flashes

Como lidamos com o risco calculado da terapêutica médica?

Como no dia a dia cada vez mais nós,oftalmologistas,somos questionados a respeito e lidamos com efeitos colaterais de procedimentos e medicamentos que utilizamos na nossa pratica diária; ou mesmo recebemos pacientes com sintomas oculares secundários a procedimentos ou medicamentos utilizados por médicos de outras especialidades,achei que deveria publicar aqui matéria a respeito de um comentário feito no post “Fique de olho- um alerta importantíssimo”,aqui no blog.

O comentário foi a respeito de possível surgimento de “floatters” ou moscas volantes (alem de fotopsia) após procedimento oftalmológico (realizado para tentar minimizar perda visual num olho com diagnostico de “membrana neovascular sub-retiniana).

A queixa de moscas volantes é bastante freqüente e as causas podem ser várias,desde o processo de envelhecimento natural do olho,passando pela degeneração miopica (devido à modificação anatômica do olho,que passa a ser mais alongado e antecipa as alterações estruturais do gel vítreo).Ou ainda,a intima relação entre o vítreo e a retina pode ser desfeita ao mínimo trauma ou inflamação/infecção oculares.

A fotopsia ou flashes podem aparecer sem o sintoma prévio de moscas volantes,mas não é o comum.A fotopsia deve ser diferenciada de outras causas não oculares de “visão de luzes piscando”,”pontos luminosos brilhando” ou outro tipo de “alucinação visual” luminosa.

Quando a etiologia é retiniana existe tração da retina,devido a pontos de condensação do gel (vítreo) . Devido à modificação estrutural do gel,que ocorre após o deslocamento vítreo, algumas fibrilas se condensam ,formando então as famosas moscas volantes de vários aspectos e tamanhos.Algumas delas permanecem conectadas à superfície retiniana e nos deslocamentos oculares fazem com que a retina seja “repuxada”…ou seja,tracionada.A isso damos o nome de tração vítreo-retiniana.

A tração é primaria na maioria das vezes mas pode ser um secundarismo tambem. Se levarmos em consideração que toda vez que fazemos qualquer intervenção no organismo estamos de certa forma introduzindo um fator de stress (fisico ou quimico) que irá gerar uma resposta! No final das contas o objetivo será alcançado…mas no curso da recuperação algumas reações indesejaveis (mas esperadas e passiveis de controle) surgirão.

Se o ponto de tração não se desfaz e com o tempo verificamos que isso implica em risco para um descolamento de retina (devido à co- existência de outros fatores de risco,como as degenerações periféricas estatisticamente mais relacionadas ao DR em olhos míopes),então está indicado procedimento para   eliminar essa tração.

Mas devemos sempre levar em consideração que cada vez que o olho (ou qualquer outro órgão) é submetido à exploração cirúrgica ou procedimento invasivo,mesmo que seja para “consertarmos” algo que realmente necessita de reparo,esse procedimento implica em alguns riscos a curto,médio e longo prazo.

A medicina e suas formas terapêuticas,quaisquer que sejam elas,devem sempre ser pensadas dessa forma: um recurso pontual imprescindível ao órgão/corpo doente,que sempre implica em risco calculado que deve ser absorvido tanto pelo medico (ao escolher a melhor forma atuar naquele momento) quanto pelo paciente (que deve entender e conhecer as limitações   do conhecimento cientifico quanto às projeções futuras,no longo prazo,assim como todas as alternativas disponíveis para cada situação de doença e conversar com seu medico a respeito delas e de suas duvidas,a cada momento).

A resposta do próprio organismo à “invasão” que sofre,seja de que etiologia (causa) for,se dá quase sempre sob a forma inflamatória,ou seja,células encarregadas de combater agressores (sejam eles ambientais,microbianos ou agentes físico-quimicos) se multiplicam e migram para o “local invadido”.Dependendo da resistência orgânica e da situação psiconeuroendocrina do individuo que sofreu a agressão,essa resposta resultará em maior ou menor dano secundário à esse organismo.

É por isso que quando extraimos um dente por exemplo,ou somos submetidos a uma cirurgia,recebemos no pós operatório alguma substancia anti-inflamatoria:para evitar um dano maior devido à reação orgânica (normal e esperada) ao procedimento.

Trocando em miúdos,temos que realizar procedimentos que são necessários mas ao mesmo tempo temos sempre em mente que devemos esperar reações às nossas ações e nos prepararmos para melhor agir nesses momentos e bem equilibrar essa equação (ação-reação).

E …sempre …a melhor alternativa é a prevenção da doença.O tratamento é a consequencia inevitavel e embora não tenha a forma ideal (que ainda continuamos buscando) é a alternativa possivel .

A informação pontual recebida através do medico assistente traz tranquilidade quanto ao que esperar a cada etapa de um tratamento.Uma rotina de exames é necessária para a melhor solução para cada dificuldade que surja.A monitorização contínua durante esse período é decisiva,alem da confiança baseada numa sólida e bem estabelecida relação medico-paciente.

As dúvidas e apreensões dos pacientes são legitimas. Informar-se a respeito do que ocorre com o organismo quando ele adoece é importante sim,até para ajudar melhor na recuperação.Mas deve-se investir também e cada vez mais na relação com o medico.Ambos têm a  mesma expectativa: o retorno rápido ao estado de normalidade funcional e recuperação da saúde.



Açaí: novo uso! …agora nas cirurgias oculares…

Uma noticia muito boa!


Um novo corante para utilização em cirurgias oculares ( de retina e vítreo) com menor toxicidade e produzido a partir de substancia naturalmente encontrada na natureza, um tipo de antocianosideo, de custo bastante inferior ao dos corantes químicos utilizados hoje em dia.

Estamos caminhando na busca de novas estratégias :menos invasivas,menos tóxicas,mais naturais, mais baratas e disponibilizáveis para uso em toda a população!

Leia:

“Brasil cria corante ocular mais barato feito a partir de açaí”


“Pesquisadores do Departamento de Oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) desenvolveram um corante intraocular a partir da antocianina, uma substância do açaí…”

“…Os corantes são utilizados em cirurgias da retina (camada mais interna do globo ocular) e do vítreo (componente que preenche o olho, responsável pelo tônus ocular), para que seja possível visualizar membranas e tecidos transparentes na correção de doenças que acometem o fundo dos olhos, como a retinopatia diabética e descolamentos da retina e do vítreo. …”

“Segundo o professor da Unifesp que coordena o estudo, Maurício Maia, o corante natural apresentou um nível menor de toxicidade do que os corantes químicos utilizados hoje… “

“”A procura pelo corante perfeito é antiga. O ideal é que ele seja o menos tóxico possível e que não atinja o nervo ótico ou as células da retina, como esse [do açaí] parece ser”, diz o oftalmologista Maurício Schirmer, do Hospital Oftalmológico de Sorocaba…”

“”Achamos na flora brasileira um corante natural melhor do que os químicos, que, além de serem caros também são tóxicos quando usados em dosagem alta ou, em alguns casos, até em medidas convencionais”, diz Maia. Os pesquisadores agora estão terminando de escrever o artigo sobre o estudo para apresentá-lo nos próximos meses nos EUA. O objetivo é comercializar o corante. “

“A cromovitrectomia, termo utilizado para essa modalidade cirúrgica com corantes, é recente e foi citada pela primeira vez em 2000 em um artigo sobre o uso da indocianina verde. “

Fonte : Folha on Line

Leia o artigo na integra em  http://www.prontuariodenoticias.com.br