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Discos e escavações grandes…significam necessàriamente presença de glaucoma?

“Tenho 27 anos e sempre sofri com olho seco e sempre procurei oftalmologistas para acompanhar meu problema e buscar colírios que me ajudassem a melhorar a secura. Em um consulta com determinada médica, ela disse que identificou meu nervo ótico maior do que o habitual e me orientou a fazer exames. De fato, a foto do meu nervo mostrou que ambos têm uma escavação grande com 0,7 em ambos os olhos, porém, como na campimetria não houve sinal de perda de campo visual e as escavações em ambos os olhos eram simétricas, ela me orientou que essa escavação maior, poderia ser algo de nascença, mas que eu deveria fazer acompanhamento, pois como eu não tinha um exame anterior para comparar, não da pra ter certeza se a escavação aumentou nos últimos anos ou se nasci com ela maior. Exames para detectar o glaucoma foram feitos, mas não detectaram a presença da doença. Porém, por sentir muitas dores nos olhos, outra médica me indicou fazer o exame de curva de pressão ocular, que identifica o glaucoma de forma mais eficiente. Não tenho o resultado ainda, mas tenho dúvida se o fato de ter uma escavação maior, necessariamente indica que tenho perda do nervo ótico. Será que posso ter nascido assim mesmo, é comum isso? Se meu exame de curva tensional não identificar o glaucoma, quais cuidados devo ter com o nervo ótico? Se as minhas dores não forem relacionadas a glaucoma e sim, a secura, a escavação maior então, poderá ser concluída como algo natural dos meus olhos? Dor nos olhos é necessariamente glaucoma? Enfim, são muitas dúvidas e medos…”

 

O tamanho do disco óptico varia muito entre os indivíduos. Existem nervos pequenos, médios e grandes (assim como existem várias raças, brancos, negros, etc.). A escavação de um disco maior é diferente daquela do disco pequeno! Existe uma relação direta do diâmetro com a escavação. O que indica presença de anormalidade é a forma da escavação. Se as fibras nervosas (que compões o nervo óptico) estão reduzidas num dos polos da escavação (inferior, superior,nasal ou temporal) indica a provavel existencia de doença glaucomatosa. A essa relação entre os dois parâmetros da cabeça do nervo óptico (aspecto da escavação e tamanho do disco) se dá o nome de relação escavação/disco  (rel.E/D).

A análise sequencial comparativa é necessária para nos certificarmos de que ela (relação) está se modificando e com isso, sinalizando presença de doença glaucomatosa! Por isso fazemos retinografias (fotos do polo posterior do olho) comparativas. A essa análise damos o nome de foto-documentação dos discos ópticos, geralmente anual ou bianual, dependendo do caso.

Outros sinais mais sugestivos podem estar presentes e selam o diagnostico. E geralmente quando isso acontece, indicam doença glaucomatosa presente já há algum tempo.

Então respondendo à sua pergunta: não… uma escavação maior não significa que você tenha qualquer “perda de nervo óptico”! Assim como o fato de ser da raça branca não implica necessariamente em certeza de vir a ter câncer de pele! Um fator a mais de risco para a doença, sim! Mas apenas isso. Na estratificação de risco para doença glaucomatosa, por exemplo, é apenas um dos oito a dez (depende da abordagem que optamos por seguir…) fatores de risco conhecidos.

Quanto aos cuidados que deve ter com o nervo óptico: é sempre bom lembrar que a doença glaucomatosa indica falência na manutenção da higidez das fibras nervosas que ligam o olho ao cérebro, onde são processadas as imagens, ou seja, ao córtex visual.

De forma mais simples e fácil de entender, podemos dizer que o nervo óptico não está recebendo oxigênio e nutrientes necessários (suficientes) para manter seu pleno funcionamento! Como uma planta que não é aguada ou não é exposta aos recursos necessários à espécie para garantir a sobrevivência.

Portanto, entender, caso a caso, as razões para isso estar acontecendo, é necessário para listar benefícios de algumas estratégias possíveis. Caso a pressão dos olhos esteja muito alta, a redução medicamentosa dela (PIO) deverá se mostrar suficiente ao longo do tempo para estabilizar o nervo óptico e impedir a perda de fibras. Se a pressão não é alta (glaucoma de pressão normal ou baixa), a melhora dos fatores vasculares em cada caso é necessária para retardar ou impedir a perda de fibras nervosas (nervo óptico).

A doença glaucomatosa é multifatorial! E, aqui mais do que nunca, cada caso é um caso.

Se quiser saber mais sobre glaucoma, leia o post “A angústia da incerteza…eu tenho glaucoma?” no link https://elizabethnavarrete.com/2012/03/26/a-angustia-da-incerteza-eu-tenho-glaucoma/

 

Quanto a dor nos olhos ser, necessariamente, glaucoma… o que posso dizer é que o glaucoma é uma doença silenciosa, por isso nos preocupamos tanto em diagnosticá-la precocemente. O individuo não costuma ter sintomas. Existe dor (muito forte, aliás, que leva necessariamente o paciente à emergência de um hospital) apenas no glaucoma agudo! Que, apesar de ter o mesmo nome, é na verdade outra doença, de comportamento e características diversas do glaucoma crônico de ângulo aberto, conhecido simplesmente como glaucoma.

As estratégias para prevenir, minimizar ou ainda retardar a evolução da doença glaucomatosa seguem as mesmas diretrizes da doença vascular sistêmica: exercicio aeróbico para aumentar a capacidade de oxigenação dos tecidos do organismo e redução dos estímulos à vasoconstrição excessiva: redução do estresse,evitar excesso de cafeína, evitar abuso de drogas vasoconstritoras,etc

E, por ultimo (“last but not least”…) você fala em medo e dúvidas. No caso da doença, o medo existe quando ela, doença, nos é desconhecida. Para isso serve a informação, que deve ser utilizada no sentido de aprendermos a lidar de forma positiva com ela, identificando e evitando os fatores de risco. O conhecimento não deve estimular a hipocondria, o medo do diagnóstico. Isso seria mau uso da informação! E de nada serve a não ser aumentar o estresse e suas consequências negativas sobre toda e qualquer doença.

Espero que faça bom uso do conhecimento!

 

Abs,

Olho e síndrome metabólica…como prevenir a deficiencia visual futura?

Olho e síndrome metabólica. Qual a possível relação?

E quais as consequencias do estilo de vida atual na morbidade ocular?

A vida contemporânea obrigou os cientistas a investigar uma nova forma de adoecimento muito comum entre nós na atualidade: a síndrome metabólica (SM).

A maioria sabe o que é pressão alta (hipertensão arterial sistêmica) e diabetes mellitus (tipo 2, hoje em dia relacionado à idade). Além de IAM (infarto agudo do miocárdio),AVC (acidente vascular cerebral), manifestações pontuais e agudas com pelo menos um mesmo tipo de desequilíbrio organico em comum: a arterioloesclerose. Mas quantos já ouviram falar de sindrome metabólica e têm consciência da importância de reconhecer seus sinais e sintomas mas, principalmente como evitá-la?

O aumento da gordura visceral (obesidade abdominal ou aumento do IMC- índice de massa corpórea), aumento do colesterol ruim (LDL), diminuição do colesterol bom (HDL), aumento dos triglicerideos, aumento da glicemia (açúcar no sangue) e pressão arterial elevada são alguns dos parâmetros utilizados no diagnostico da SM (sindrome metabólica).

A sindrome metabólica seria então preditora de alguns eventos de desfecho negativo e deve ser evitada e/ou tratada se o objetivo é a longevidade com qualidade de vida.

Ela vem sendo diagnosticada cada vez mais e sua alta prevalência aliada a etiopatogenia comum a várias manifestações patológicas oculares nos permite antecipar um aumento no diagnostico das doenças degenerativas oculares com uma conseqüente redução na qualidade de vida e saúde ocular da população.

As várias possibilidades de disfunção vascular acontecem devido a um persistente estado pró-inflamatório do organismo evidenciado pelos marcadores plasmáticos hoje já reconhecidos e incorporados à rotina médica preventiva. Na SM esse estado pró-inflamatório do organismo leva a uma desorganização bioquímica capaz de alterar a funcionalidade dos vários sistemas e órgãos nobres.

Do ponto de vista oftalmológico, viés de interesse e  objeto de discussão neste blog, gostaria de começar falando sobre o glaucoma, uma doença silenciosa que pode levar à cegueira e cuja prevalência vem aumentando.

“Quanto mais aprendemos sobre o glaucoma, mais percebemos que a pressão intra-ocular é um fator de risco importante para o glaucoma, mas apenas um dos vários fatores de risco” Dr. Rick Wilson, Wills Eye Institute,2001.

Como em todas as áreas do conhecimento médico, cada vez mais surgem dados que nos lembram que nenhum órgão está isolado do organismo que o contém. Tudo que acontece localmente tem repercussão sistêmica, ou seja, no todo, e vice-versa.

Então, se antes pensávamos no glaucoma como uma doença do olho, hoje podemos dizer que os sinais e sintomas da doença são oculares, porém muito provavelmente a falta de regulação vascular (que acontece em todas as áreas desse organismo e não apenas no olho) é a responsável pelo aparecimento da doença glaucomatosa num determinado individuo.

A inadequação da regulação vascular seja pela disfunção endotelial vascular ou pela disregulação autonômica é o epifenomeno das manifestações mais freqüentes das doenças crônicas degenerativas que vêm crescendo em progressão geométrica (têm sido ditas epidêmicas por serem cada vez mais prevalentes entre nós).

Não por acaso a patologia endotelial vascular está presente em todas as formas de apresentação oftalmológica da síndrome metabólica, a saber: retinopatia, oclusão da artéria central da retina, neuropatia óptica isquêmica, catarata e doença glaucomatosa (ou glaucoma primário de ângulo aberto).

Entendendo a relação entre a sindrome metabólica  e o glaucoma crônico simples:

 

A disfunção vascular (isquêmica) por baixo fluxo e instabilidade de perfusão da cabeça do nervo óptico é um fator agravante da neuropatia óptica glaucomatosa. Tanto é que o glaucoma de pressão normal ou de pressão baixa, em que o fator pressórico intra-ocular é o de menor relevancia é o tipo de glaucoma de mais difícil controle.

Mas a pressão intra-ocular (PIO) elevada é um fator de risco modificável e é estatisticamente mais alta em indivíduos com diagnostico de síndrome metabólica.

Fatores causais possíveis seriam a disfunção autonômica por hiperestimulação simpática (comum à obesidade, hipertensão arterial e resistência à insulina), a hiperatividade endocanabinoide (também responsável pela obesidade abdominal, dislipidemia e hiperglicemia) levando a disregulação do fluxo de humor aquoso e o aumento da atividade de aquaporinas (presentes no tecido adiposo, pâncreas e trabeculado ocular) com o conseqüente aumento da produção de humor aquoso. Todos esses fatores contribuiriam para o aumento da PIO.

Outros fatores relacionados à elevação da PIO seriam o aumento da pressão intra-orbitária devido ao acumulo de tecido adiposo, o aumento da pressão venosa episcleral e o aumento da viscosidade sanguínea todos relacionados a uma maior dificuldade de drenagem do humor aquoso. O resultado seria um aumento progressivo da pressão intra-ocular e dano à camada de fibras nervosas retinianas levando à perda progressiva da visão, quando não tratado.

Em resumo, a prevenção (e controle) da doença ocular degenerativa crônica está diretamente ligada à prevenção e controle da síndrome metabólica e daqs doenças sistêmicas mais prevalentes em nosso meio. A reeducação alimentar, a eliminação do sedentarismo e a modificação dos valores básicos do “modus vivendi” atual são necessárias para uma mudança real no cenário da saúde (sistêmica e oftalmológica).

 

Leia mais sobre aspectos oftalmológicos da sindrome metabólica em http://oftalmologiacasosclinicos.wordpress.com/2012/08/19/aspectos-oftalmologicos-da-sindrome-metabolica/

Dados de referência:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3354923/

“Ocular Associations of metabolic syndrome” em Indian J Endocrinol Metab. 2012 march; 16(Suppl1): S6-S11

Outros trabalhos relacionando as associações entre SM e patologia ocular:

www.iovs.org/content/45/9/2949.short

www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21228391

www.worldhealth.net/…/metabolic-syndrome-raises-risks-vision-loss/

www.nature.com/eye/journal/v24/n6/full/eye2009247a.html

Moscas volantes…como ajudar?

Num comentário a respeito do post  “ Moscas volantes…como lidar com elas?”, uma internauta me informou sobre a existência de um abaixo-assinado cuja finalidade é chamar atenção da comunidade médica para um sintoma muito comum (e não raras vezes muito inconveniente e causador de muito estresse para o indivíduo portador).

Ela disse:

“Estamos nos movimentando, para que as autoridades médicas encontrem uma solução para o nosso problema. Caso a interesse entre no site e assine o baixo assinado em http://www.moscavolante.com.br

Que o sintoma é mais comum do que imaginava eu, oftalmologista há pouco mais de 30 anos, concordo: os textos a respeito de “moscas volantes” e “flashes” são de longe, os mais acessados, desde a primeira postagem do blog!

Que muitos pacientes se sentem desamparados e desassistidos pelos seus médicos quando eles os informam de que “moscas volantes são muito comuns e você acaba se acostumando com elas…é só uma questão de tempo”, isso também é verdade: essa é uma crítica muito comum dos portadores de moscas volantes!

Alternativas a essa conduta foram descritas aqui no blog. Tanto pacientes quanto médicos devem estar conscientes das dificuldades que alguns de nós portadores temos em relação ao convívio e a superação de tão exasperante sintoma ocular.

Alternativa cirúrgica existe, mas deve ser a última opção por conta dos possíveis secundarismos (efeitos colaterais e/ou iatrogenias). A indicação do procedimento é feita apenas em casos escolhidos a dedo e não sem antes obter consentimento informado do paciente. A imprevisibilidade de melhora sem os tão temidos efeitos secundários a curto, médio e longo prazo é uma realidade. E ele, paciente, deve ser informado dos riscos e aceitá-los, dividindo a responsabilidade com quem irá tentar ajudá-lo.

Mas, até quando possível e tolerável, ninguém arrisca o certo pelo duvidoso, não é mesmo? Eu, pessoalmente já cogitei fazer a intervenção vítreo-retiniana nos piores dias do meu calvário ocular. Um DPV agudo há seis meses, com rotura retiniana tratada a laser e hemorragia vítrea deixaram como seqüela uma opacidade vítrea importante bem próxima ao meu eixo visual. Como disse antes, cogitei… Mas a fase de ansiedade e irritabilidade extrema deu lugar à resignação e entendimento de que poderia ter sido pior. E segui vivendo: dias melhores…e dias piores. Por que em relação às moscas volantes todos sabemos que dias estressantes significam “ver mais floaters”, sentir mais incomodo em relação à visão, aos olhos. Dias se seguem sem que nos incomodemos com qualquer manchinha na visão…não é mesmo? São dias felizes, por que estamos bem emocionalmente e o cérebro “anula”, “ignora” o que não é essencial. O que é “over”.

Em suma, o que quero dizer é que existem muitas outras patologias mais debilitantes, que reduzem bastante a visão e muitas vezes de inicio precoce, com redução importante da qualidade de vida do individuo. Dito isto, é compreensível que a atenção e agilidade da comunidade cientifica em ditar normas e soluções para doenças oculares priorizem esses pacientes.

Entendo que todo sintoma deve ser valorizado e que cada caso é um caso. Inclusive também pude, na qualidade de paciente, avaliar o quanto é incômoda e de pouca ajuda a fala do médico (“você vai se acostumar!” argh!!!!!) na tentativa de justificar a falta de intervenção curativa mais eficiente!

Mas vejo todos os dias quadros mais incapacitantes e graves, de prognóstico reservado e que impõem ao médico a sensação tão incomoda de impotência e ao paciente a tristeza e a dor da falta de esperança. Por tudo isso senti necessidade de dizer a você, leitor, que nós médicos precisamos priorizar algumas intervenções e pesquisas em detrimento de outras. A Medicina avançou muito nas últimas décadas, é verdade, mas muito ainda se precisa conhecer e aprender em relação à manutenção da saúde e da qualidade de vida em relação aos vários sistemas e órgãos do corpo humano.

Sejamos mais pacientes e menos ansiosos em relação a soluções imediatas e mantenhamos em mente que os avanços necessários estão acontecendo, cada um a seu tempo e na medida do possível!

Sei que às vezes as tais moscas volantes podem ser muito incapacitantes! O pior pesadelo que uns e outros podem ter vivido. Mas, acreditem, a seu tempo o desconforto fica mais tolerável se entendemos que quanto mais pacífica a convivência com os floaters, mais fácil a vida fica!

Nesse meio tempo os grupos de ajuda funcionam bem. Como para as outras doenças, a troca de informações ou mesmo um espaço para desabafar e “recarregar as baterias”, falando com quem vivencia as mesmas dificuldades, faz diferença: para melhor!

Por isso, parabenizo a iniciativa de criação de um blog sobre moscas volantes além de me solidarizar com aqueles que, como eu, ainda sentem a interferência desagradável desses floaters no dia a dia.

P.S.: Uma abordagem interessante sobre habituação em relação às moscas volantes (de forma semelhante ao que é proposto na habituação ao tambem desagradável sintoma que é o zumbido) voce encontra na leitura de um ebook disponivel na internet. O autor Mark Lorne explica por que alguns de nós não conseguimos evitar “ver” os floaters comuns a quase totalidade da população. E propõe algumas estratégias possiveis para a evitar a percepção deles. Um leigo interessado em ajudar outros individuos a conviver com moscas volantes. Mais ainda, ele identifica um perfil psicológico comum aos queixosos cronicos em relação às moscas volantes. Vale a pena ler e refletir a respeito!

O link:

http://www.noeyefloaters.com/index.htm

No blog  www.moscavolante.com.br  uma tradução livre do texto de Mark Lorne

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

Entendendo o glaucoma…

Respondendo a um internauta cujo relato não é muito diferente de alguns outros que ouvimos com alguma freqüência, infelizmente.

Tentando entender…
“Sou um portador de glaucoma (pelo menos é o que dizem os oftalmologistas), há seis anos. Ocorre que já passei por dezenas de especialistas e TODOS ELES, por alguma razão que ainda não conheço, evitam discutir abertamente sobre o que realmente está ocorrendo. Evitam informar até qual é a pressão que acabaram de medir. Mudam de conversa quando se pergunta qual seria a pressão normal para nós, etc.Tive recentemente um acidente em um dos olhos (uma espécie de derrame que deixou minha vista praticamente inutilizada), que acabou tornando minha situação muito mais confusa, pois alguns médicos dizem que tem relação direta com o glaucoma,enquanto outros dizem que não. Moral de minha história: Está muito difícil confiar nesses profissionais!”

Uma historia e tanto, amigo!
Vamos conversar a respeito?

Você não tem certeza de ter glaucoma… Mas muitas vezes o diagnóstico em Medicina é de suspeição. Não pode ser comprovado, em alguns casos, exceto pelo exame histo-anatomo-patologico. Em alguns pacientes, quando a pressão intra-ocular não é muito alta (não está muito além do ‘padrão’ 12 a 18mHg já corrigida pela paquimetria corneana), a lesão campimétrica  (um dos exames alterados no glaucoma) às vezes pode ser difícil de ser distinguida de uma neuropatia óptica não glaucomatosa ou uma lesão isquemica cerebral. Nesses casos o diagnóstico diferencial é difícil de ser feito e pode levar algum tempo para a certeza que virá apenas com a monitorização através de exames complementares. Mas durante este período, e até prova em contrário, a PIO deve ser reduzida através de medicamentos anti-glaucomatosos.

Os médicos evitam informar a pressão que acabaram de medir… Talvez para você não ficar ansioso cada vez que vai ao oftalmologista nem tirar conclusões precipitadas a respeito de melhora ou piora do quadro apenas baseado em uma medida isolada.

Mudam de conversa quando se pergunta qual seria a pressão normal… Talvez por que não queiram deixar você com mais dúvidas, até porque você já deve saber que não existe pressão normal e sim pressão normativa para cada individuo. Cada caso é um caso. Existem inclusive casos de doença glaucomatosa que cursam com pressão intra-ocular normal ou baixa.

Espécie de derrame… Talvez você esteja se referindo a uma trombose de veia central da retina que acontece mais comumente em hipertensos arteriais e/ou diabéticos e sugere relação com o glaucoma devido a alterações microvasculares no disco óptico. Como hoje a teoria vascular sobre o glaucoma está cada vez mais sendo discutida (e aceita), faz sentido pensar que olhos com hipertensão ocular por glaucoma crônico de ângulo aberto sejam olhos de risco para desenvolver a OVCR (oclusão – ou trombose- de veia central da retina). As duas patologias têm provavelmente a mesma etiologia (ou uma das…).

Moral da historia:

Está mais do que na hora de você tomar o controle da sua doença (e da sua saúde), procurar mais uma dezena de oftalmologistas se for preciso, até que encontre algum com quem desenvolva uma relação médico-paciente suficientemente boa a ponto de se sentir à vontade para colocar suas dúvidas e apreensões!

Se for ajudar e se você se interessar por conteúdo informativo a respeito do glaucoma, aqui neste blog acesse  a caixa de pesquisa e digite a palavra glaucoma. Os posts  que podem ser interessantes no entendimento de alguns aspectos da doença glaucomatosa são:

“Você sabe como se diagnostica o glaucoma?”
“Fatores determinantes no tratamento anti-glaucomatoso”
“Objetivos do tratamento do glaucoma”
“O glaucoma e a pressão intra-ocular”

Além disso pode encontrar muito mais conteúdo nos links fornecidos na homepage,à direita da pagina!

 

 

Alergia ocular…o que fazer?

Alergia ocular… o que fazer?

“Tenho uma filha de sete anos que tem uma coceira nos olhos pra valer mas apenas quando está dormindo (não imediatamente, mais ou menos duas horas depois). Até agora todos os colírio usados (entre eles antiinflamatórios, corticóides, antialérgicos, lubrificantes) não resolveram. Os olhos amanhecem inchados e vermelhos, mas logo a vermelhidão some. Já foi dito que poderia ser conjuntivite alérgica crônica e que por volta dos 12 anos deve normalizar, Mas ela ainda tem sete anos! Já usou duas marcas de anti-histamicos, ja fez dosagem de IgE, etc. E nada; mas até agora nenhum pediu um exame diferente… a não ser a medida da pressão de do grau… O que me aconselha por favor me ajude, ela só coça enquanto está dormindo; e se ela dormir durante o dia não coça, somente à noite. Um dos oftalmologistas disse que pode ser ceratocone, mas disse para continuar com os colírios, sendo que todos os colírios quando usados por tempo prolongado têm efeitos críticos no futuro!
Esqueci de informar que aos onze meses e depois aos quatro anos (deste episodio ficou uma cicatriz) ela teve dois incidentes oculares (emergências) por traumas leves e desde então ela sempre teve coceira. Ou seja, ela sempre vem usando colírios, pra controlar as coceiras e inflamações. E há quatro meses (praia) a coceira voltou, pra valer e de lá para cá todas as noites. Não estou mais dando conta… já pensei que pode ter sido o protetor solar, bactérias (piscina), outras alergias (já tomei várias precauções aqui em casa e nada). Ás vezes acho que tem a ver com a cicatriz no olho dela…”

A conjuntivite alérgica, mais corretamente chamada de alergia ocular, caracteriza-se pelo prurido (coceira) e pela observação de reação conjuntival papilar. São varias as formas de apresentação da alergia nos olhos. Uma forma mais branda é a sazonal, quando os sintomas pioram ou surgem apenas quando o individuo é exposto ao alérgeno responsável pela crise. Parece ser mais freqüente quando coexiste historia de outra forma de alergia (não ocular) como asma, rinite ou dermatite.
Os sinais clínicos devem ser bem reconhecidos. Deve-se buscar ativamente e afastar presença de sinalizadores de gravidade da doença como alteração importante da superfície ocular, comprometimento anatômico e topográfico corneano, pálpebras superiores anatomicamente alteradas.

Ela tem outras manifestações de alergia?

A princípio o prurido (coceira) é associado à reação alérgica. Mas o prurido sem causa aparente e descartado o ressecamento ocular, pode ser psicogênico.

Uma dermatologista lembra o fato curioso de algumas de alguns indivíduos com dermatite irem dormir sem urticária e acordarem, no meio da noite ou pela manhã, coçando-se e cheios de placas. Esse fato indicaria uma provável origem emocional. Durante o repouso físico, a mente traz as imagens do que foi vivido durante no dia a dia. Isso serviria para diminuir a tensão, trabalhando os conflitos a nível inconsciente, segundo os psicólogos.

Vamos partir do princípio de que a sua filha seja atópica.O tipo de pessoa que reage de forma diferente a estímulos das mais variadas origens: alimentares, ambientais, emocionais… e o órgão alvo, hoje, é o olho. Amanhã pode ser a pele, ou as vias aéreas superiores, por exemplo.

Com o diagnostico clinico confirmado (alergia ocular),resta buscar o alergeno responsável. Às vezes é mais de um.

Você pode ajudar os médicos a ajudar sua filha se reduzir a sua ansiedade em relação ao problema (sei que é difícil…). Tente recomeçar do zero, do ponto de partida. Sugiro evocar a memória em relação aos últimos cinco meses. Sim, um mês a mais do que o tempo de inicio dos sintomas. Aí então se esforce para lembrar cada detalhe: mudança de escola, separação dos pais, perda de algum animal de estimação ou pessoa muito querida de seu convívio íntimo. Depois passe para o ambiente em que ela vive (clima, obras, mudanças de decoração,algum presente de aniversario do qual ela não desgruda desde então,um bichinho de pelúcia ou qualquer outro objeto). Mudança de hábitos alimentares para pior (alimentos com corantes) ou para melhor (mesmo que você ou o pediatra/nutricionista tenham introduzido por achar melhor para a saúde). Troca de xampu, de sabonete, lençóis ou colchas de tecido diferente, mudança de sabão em pó ou amaciante ou alvejante (alguns alérgicos têm “hipersensibilidade” à aloe vera).

Ela usa algum remédio (oral ou tópico) antes de dormir? Há quanto tempo? A bula faz alguma referencia a prurido ocular ou alergia? Mesmo que seja medicação que já vinha sendo usada por muito tempo… alergias cruzadas existem ou ainda, com o tempo, as sensibilizações podem acontecer.

Avalie tudo e qualquer coisa em que possa pensar! E já advirto que, por experiência clinica, a primeira resposta que vem à cabeça dos pais e/ou cuidadores é que nada mudou, tudo continua do mesmo jeito. Mas, se isso fosse verdade não teria havido piora da alergia. Algo “engatilhou” a crise (causa alérgica, psicogênica ou ambas, provavelmente).

Pense bem e com calma. Com esse inventário feito, comece a fazer as mudanças necessárias, uma de cada vez (tentativa e erro, esse é um método). Outra forma seria fazer testes cutâneos (patch, intradermico ou prick test ) ou o no sangue (RAST), mais caro e menos sensível do que os primeiros. Mas nem todos os alergenos estão disponíveis para serem testados dessa forma; às vezes, depois de muito buscar, com testes negativos ou inconclusivos, identificamos algo que estava bem à nossa frente e que deixamos de perceber, como sendo potencial alérgeno. Tudo e qualquer coisa pode sensibilizar um alérgico!

Inconclusiva a busca?Vamos ao lado prático: se a coceira é apenas à noite e se não existe comprometimento ocular grave, o anti-histamínico oral ao deitar resolveria o sintoma (por um tempo bastante limitado até se encontrar o possivel alergeno ou a causa)e minimizaria os riscos futuros representados pelo uso de medicação (mesmo tópica) à base de corticóide, alem de vários outros colírios. Quase toda medicação tópica (colírio) tem conservante (para preservar a substancia base). Se a medicação será usada por tempo prolongado e indefinido a lesão (maior ou menor) à superfície ocular existirá. O melhor seria poder evitá-los. O anti-histaminico oral também ajuda a ressecar o olho e, circulo vicioso, pode aumentar o prurido. Converse com o oftalmologista e o alergista dela. Eles poderão ajudá-la a minimizar os efeitos a longo prazo e pensar numa forma de reduzir a posologia ao mínimo possível capaz de eliminar os sintomas.

Às vezes a resposta está bem à frente dos nossos olhos, tão perto que não somos capazes de ver!

Por último, gostaria de lembrar que o ambiente virtual não deve ser de forma alguma usado para tratar ou diagnosticar qualquer doença. Ele serve apenas para ajudar a entender o adoecimento. A consulta presencial, o exame clinico , a coleta da historia da doença e dos antecedentes, a observação do doente em seu meio familiar, os exames complementares além de uma eficiente relação médico-paciente são insubstituíveis!

E não existem remédios milagrosos,não existe “receita de bolo” no cuidado médico. Existem drogas ideais para cada individuo, usadas no momento certo, na dose adequada e que,mesmo assim, às vezes, para desespero do médico e da família, não eliminam as queixas. É nesse momento que devemos olhar a questão sob novo prisma (pelo menos tentar) e retomar o caso, passo a passo, desde o inicio. A solução virá, tenho certeza! Não que todas as doenças tenham cura…mas podemos sempre melhorar a vida do individuo (e de seus familiares), de alguma forma.

Espero ter ajudado!

Abs,

Elizabeth

Para conhecer mais sobre alergia acesse

www.blogdaalergia.com.br

 

PS: Quanto à cicatriz,ela pode aumentar o ressecamento do olho ( e consequentemente o prurido), na medida em que o filme lacrimal não se distribui homogeneamente quando existem irregularides na superficie do olho. Mas nesse caso a criança coçaria muito mais esse olho do que o olho contra-lateral. Outro ponto não abordado foi pesquisa de ectoparasitas na base dos cilios, que se presente, pode levar à coceira intensa e principalmente à noite (na inatividade do individuo e no calor da cama).

 

Este post  foi originalmente publicado em meu outro blog no link

http://duvidasemoftalmologia.wordpress.com/2012/04/23/alergia-ocular-o-que-fazer/

 

A suplementação na DMRI…no tratamento ou também como prevenção da doença?

A suplementação de vitaminas e sais minerais na DMRI. Como tratamento apenas ou também na prevenção da doença?

Comentário que gerou o post:

“Meu pai, com mais de 80 anos, tem DMRI tipo seca.

Os médicos alegam nada ter a fazer, sendo que um deles acha desnecessário vitamina (que só serviria como medida preventiva da doença).

Assim, qual é o melhor suplemento para PREVENIR  e qual o melhor para RETARDAR a degeneração macular relacionada à idade?”

 

 

A suplementação de vitaminas e sais minerais como coadjuvante do tratamento da DMRI foi avaliada inicialmente através do AREDS (National Eye Institute).Hoje é universalmente utilizada mas ainda não é consenso. Novos estudos (com valores diferentes para zinco e betacaroteno além de suplementação de novos itens- luteína,zeaxantina e Omega 3) estão sendo realizados. Daí surgirão novas diretrizes.

A conclusão do estudo anterior (AREDS1) mostrou que a combinação dos antioxidantes conforme formulação reproduzida abaixo, diminuiu o risco de progressão para a forma avançada da DMRI em 25% e reduziu o risco de diminuição da visão em 27%, durante o período em que foi estudada a população.

FORMULAÇÃO AREDS:

Vitamina C 500 mg

Vitamina E 400UI

Beta-caroteno 15 mg (ou Vitamina A 25000 UI)

Oxido de zinco 80 mg = 64mg Zn

Oxido cúprico 2 mg

OBS: O cobre foi adicionado à formulação AREDS  para prevenir anemia por      deficiencia de cobre, condição associada à ingesta de altas doses de zinco.

Portanto, atualmente recomenda-se que pacientes com mais de 55 anos, não-fumantes, portado res de formas intermediárias ou avançadas da DMRI, sejam tratados com suplementa ções vitamínicas baseadas no AREDS.

Leia mais em http://www.abonet.com.br/abo/693/443-445.pdf

Além da suplementação de vitaminas e sais minerais outros trabalhos mostraram que a suplementação de luteína e zeaxantina pode ser bastante útil na DMRI. E como faz sentido, uma vez que com o envelhecimento diminui a quantidade desses pigmentos na mácula e com isso fica reduzida a sua capacidade de lidar com a agressão dos radicais livres (gerados também pela fototoxicidade), é o que fazemos hoje (AREDS e luteína)!

Mas aqui vão alguns pontos sobre os quais ainda ouviremos falar bastante:

 

  • Alguns estudos recentes (em andamento) associam a ingesta de carotenóides em altas doses com diminuição da produção de HDL, aumento de LDL e maior risco de cardiopatias.
  • Portadores de DMRI,em risco de progressão, podem se beneficiar com uma mudança de hábito alimentar (redução de ingesta de carboidratos refinados).
  • Pacientes com DMRI,ou sinais precoces da doença, podem se beneficiar do uso de suplementos conforme estudo AREDS. Mas os danos potenciais vinculados ao uso de altas doses de anti-oxidantes não devem ser esquecidos. Incluem-se o aumento do risco de câncer de pulmão em fumantes (betacaroteno), falência cardíaca devido a doença vascular ou diabetes (vitamina E) e alterações urinárias (zinco), além do aumento do risco de cancer de próstata (selênio).
  • O avanço de duas formas da doença, seca e úmida, foi 25% menor entre os que consumiram uma dieta rica em ácidos graxos como o Ômega 3.
  • Um teste clínico mostrou que as pessoas que tomaram 25.000 UI de vitamina A por dia, durante 3 a 4 anos, tiveram um aumento do nível de triglicerídeos e colesterol total, e uma redução do colesterol bom (HDL). Além de aumentar o risco de osteoporose.

AREDS 2:

 

O principal objetivo do AREDS 2 é avaliar o efeito dos pigmentos xantofilicos (luteína e zeaxantina) e/ou ac. graxos poliinsaturados do tipo Omega-3 (DHA e EPA) na evolução da DMRI. Conseguirá evidenciar a redução de progressão da doença? Leia mais em http://www.nei.nih.gov/amd/summary.asp    E conheça as dúvidas sobre altas doses de betacaroteno em fumantes, se altas doses de vitamina E aumentam risco de câncer de próstata e se o uso continuo da formulação  sugerida pelo estudo AREDS previne o desenvolvimento da DMRI?

Para esta ultima pergunta a resposta é não!  A prevenção através de suplementação vitaminas e sais minerais (pelo menos nas doses indicadas no estudo para DMRI) não foi comprovada. O risco seria maior do que o benefício a longo prazo!

A sugestão é de uso da suplementação apenas após o diagnostico da DMRI,mesmo nos indivíduos com história familiar de degeneração macular relacionada à idade. O objetivo a ser atingido no caso de familiares de portadores é o diagnóstico precoce.

Os carotenóides constituem um grupo de pigmentos lipossolúveis naturais que o ser humano não é capaz de sintetizar, necessitando, por tanto, incluí-los na dieta. O consumo de frutas e vegetais entre os ocidentais é ainda muito baixo, apesar da recomendação para se ingerir 5 porções desses alimentos ao dia. A luteína tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres.  A luz azul visível demonstrou ser prejudicial aos fotorreceptores e ao EPR. A luteína e a zeaxantina demonstraram absorver a luz azul. Os pacientes com DMRI que começaram  a tomar regularmente complexos à base de luteína após o diagnóstico inicial apresentaram retorno dos níveis do pigmento macular aos da faixa normal. Mas o que se frisa é que o consumo dessas substâncias deve estar SEMPRE associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis, para que se consiga os efeitos benéficos sugeridos.

Os antioxidantes luteína, zinco e zeaxantina estão presentes em frutas e vegetais como couve, nabo, espinafre, alcachofra, gema de ovo, ameixa, morango, maçã, blueberry (mirtilo), cereja, morango, uva roxa, cenoura e abóbora. Alimentos como feijão, amêndoas e nozes também contêm antioxidantes, embora em menor quantidade. Então na prevenção da DMRI em indivíduos sadios (sem DMRI mas com historia familiar positiva) podemos fazer o aporte nutricional funcional (através de alimentos que contém as substancias necessárias), em substituição à suplementação que a longo prazo pode trazer mais riscos do que benefícios. A biodisponibilidade e o controle orgânico daquilo que é ingerido faz com que o risco de desequilíbrio nutricional e efeitos colaterais indesejáveis seja bem menor na prática da alimentação funcional do que na suplementação.

Em relação aos pacientes com DMRI já diagnosticada, o tipo de suplementação disponível no mercado nacional,disponibiliza as substancias em quantidades bem inferiores aos valores sugeridos pelo AREDS, mas segue, na maioria das vezes a dose máxima diária permitida (ou a ingestão diária recomendada pela ANVISA).

Em resumo:

A DMRI é uma doença degenerativa e como tal, fazer frente a ela significa desenvolver estratégias para reduzir a obesidade e redução dos índices de doenças cardiovasculares, através de mudança de hábito alimentar, evitando o estado pró-inflamatório do organismo e eliminação do sedentarismo. Através do exercício e do suor eliminamos toxinas, nos oxigenamos melhor aumentando o aporte de oxigênio aos tecidos nobres (coração, cérebro, rins, olhos …no nosso caso) através de inspiração  expiração mais bem feitas,durante o exercício, alem de ativar a circulação propriamente dita, aumentando o beneficio de oxigenação ainda mais!)

Outra estratégia é adquirir o hábito de usar  óculos de proteção contra a radiação ultravioleta (100% ou próximo disso, a cor marrom seria de um beneficio maior, por estar numa freqüência de onda  mais longe da dos raios azuis, é o que se sugere..mas qualquer que seja, usar SEMPRE! Esse tipo de proteção é realmente necessário, imprescindível!!

Lembro mais uma vez o Dr. Terry Grossman, falando sobre a DMRI no livro “A medicina da imortalidade” de Ray Kurzweil e Terry Grossman. Editora Aleph,2006:

 “A luteína é um bioflavonoide encontrado naturalmente em muitas frutas e verduras. Ingerir uma dieta rica em luteína e outros bioflavonoides naturais, encontrados em produtos agrícolas de cor viva, pode ajudar a prevenir ou retardar a ocorrência de DMRI… Em alguns grupos estudados, houve uma diferença de até 10 vezes na ocorrência de drusas (…que costumam resultar em DMRI).entre indivíduos que têm as maiores e as menores concentrações de luteína.

E é sempre é bom lembrar também  que cada caso é um caso. A couve, por exemplo,é bastante rica em carotenóides e uma ótima fonte de luteína.Mas pacientes em uso de anti-agregantes plaquetários devem se abster de consumi-la ou pelo menos informar à nutricionista e/ou medico cardiologista seu uso constante, para uma revisão da dose a ser usada da medicação. O alimento bom para uns não é necessariamente ideal para outros. Muitas vezes são até absolutamente contra-indicados!

Conheça mais sobre DMRI lendo outro post neste blog:

https://elizabethnavarrete.com/2010/02/11/dmri-degeneracao-macular-relacionada-a-idade/

Hábito de fumar e cirurgia refrativa…qual a relação?

Este post é resultado do comentario à pergunta de um internauta:

“…Fiz uma cirurgia a Laser PRK há 30 dias, e gostaria de saber se o uso de maconha prejudica na recuperacao?…”

 

Os olhos sofrem com agressores ambientais como a poluição. Mas a fumaça dos cigarros é tão nociva quanto a fumaça das fábricas, dos carros e de outros poluentes. Ela irrita a conjuntiva ocular (parte transparente que cobre o tecido branco escleral).

Médicos lembram a seus pacientes que a fumaça aumenta a evaporação da lágrima e com isso reduz a proteção da superfície ocular levando a sintomas de ressecamento ocular, no olho cronicamente exposto.

Um oftalmologista disse em    http://www.draeciodias.med.br/cuidados-diarios/o-cigarro-x-seu-olho  :

“…vários componentes da fumaça do cigarro estão diretamente associados à irritação ocular, induzindo desde leve hiperemia (olhos vermelhos) até lacrimejamento excessivo e, cronicamente, olho seco por lesão às células conjuntivais responsáveis pela produção de mucina, indispensável à estabilidade da lágrima…”

Acrescentaria que a lágrima é composta de três camadas que mantém uma relação constante entre si: água, óleo e muco. Quando a composição da lágrima é alterada (por excesso de óleo nas doenças inflamatórias palpebrais ou falta de muco e/ou água como na exposição crônica à fumaça (de qualquer cigarro) ela se torna instável e o filme lacrimal se rompe mais rápido que o habitual: surgem então os sintomas do olho seco.

O Lasik é sabidamente uma técnica refrativa “indutora de olho seco”. O efeito neurotrófico e a mudança no formato da córnea  juntos mudam a dinâmica lacrimal, contribuindo para a instalação do ressecamento da superfície ocular ou agravamento de olho seco prévio.

No link acima o autor comenta em relação à cirurgia refrativa (lasik) que: “… quanto maior o grau de sofrimento da superfície corneana causada pelo olho seco e pelo cigarro, maior a chance de ocorrerem alterações não desejadas no grau (refração) final destes pacientes”.

Para um melhor resultado funcional (e redução de complicações pós operatórias imediatas e tardias) deve-se otimizar a superfície ocular antes e depois da cirurgia através de medicação tópica e nutrição funcional,além de outras medidas.

Não conheço na literatura cientifica nenhuma citação específica relacionando o uso de “cannabinoides” (forma industrializada ou “in natura”) à efeitos negativos  relacionados à cirurgia refrativa. Não há consenso em relação ao uso medicinal oftalmológico (hipotensão ocular), já em discussão há bastante tempo. A via tópica ocular (ideal) da droga ilícita ainda não existe. A tentativa de se isolar o grupamento químico responsável pelo efeito hipotensor ocular (para limitar os efeitos indesejáveis a longo prazo, além da dependência) não se mostrou eficaz. Menos tempo ainda se teve para avaliar possíveis efeitos negativos dessas mesmas substancias em relação à cirurgia refrativa.

Mas o simples fato de ser fumante e, portanto, possivelmente portador de olho seco (dependendo do tempo e freqüência de uso), já torna o individuo alvo mais fácil de complicações oftalmológicas futuras (curto, médio e longo prazo) relacionadas ao Lasik.  Na técnica de cirurgia refrativa conhecida como PRK é menor o risco de olho seco, que seria o complicador principal relacionado à exposição cronica à fumaça (antes e depois da cirurgia), a meu ver.

Vários fatores se somam para levar a esses desfechos, não apenas a fumaça, lógico. Mas se eu fosse fumante teria certamente mais cuidado em relação à opção cirúrgica para reduzir o uso de lentes corretoras. Especialmente (mas não apenas…) em relação ao Lasik.Teria que escolher entre a dependência do cigarro (seja qual for a origem do fumo) ou a dependência do colírio (que pode ser por tempo indeterminado caso coexistam múltiplas situações geradoras de olho seco).

Nunca é demais lembrar que fumar faz mal à saudeoftalmológica também…e infelizmente não apenas em relação ao olho seco: a DMRI que ,segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), será  a principal causa de cegueira nos paises desenvolvidos, tem no hábito de fumar o principal fator de risco evitável!

Floaters (moscas volantes) e depressão…qual a relação provável?

A depressão causa moscas volantes …ou seriam os anti-depressivos?

 

O que veio primeiro, o ovo ou a galinha?

Como já expliquei aqui em outro post, o olho sinaliza para o cérebro (através de alt. bioquímicas e condução de impulsos elétricos) a informação do ambiente externo (a realidade que vemos no dia a dia) e muitas vezes também do ambiente interno (que se passa no nosso organismo). Esse segundo “input” não deveria acontecer. O equilibrio nas relações bioquimicas olho-cerebro garante que sejam bloqueadas essas “visões”. Em alguns momentos porem, isso não acontece e passamos a identificar (e nos incomodar) com essa visão “extra”.

Os antidepressivos têm na bula como efeito colateral as moscas volantes. Mas não há informação a respeito da causa primária. O desequilíbrio dos neurotransmissores (causado pela medicação ao modificar a relação entre as varias substancias que circulam e modulam as atividades cerebrais) parece ser a causa das moscas volantes relatadas nesses pacientes. Mas é preciso notar que ainda não se reconhece a  desorganização vítrea como resultado da alteração bioquímica cerebral. O que hoje podemos afirmar é que essa alteração poderia causar um desbloqueio   dos mecanismos inibitórios  da visão do ambiente interno levando ao aumento da capacidade de ver os floaters  e/ou aumento da intensidade do sintoma (que poderia já exisitir anteriormente).

Então o uso do inibidor de recaptação da serotonina não produziu as moscas volantes, mas deu visibilidade ao sintoma antes não percebido como incomodo (por que em menor intensidade ou freqüência). A causa do floater segundo conhecimento adquirido até hoje é estrutural e ocular (alteração na constituição vítrea).

Como descrito num site sobre floaters  no link    http://www.aboutfloaters.com/depression.htm

“…alguns médicos acreditam que com o tempo o cérebro pode realmente aprender a ignorar as moscas volantes e impedir  que as vejamos…se o cérebro pode, de fato, aprender com o tempo a ignorá-las através de mudanças na química encefálica, a forma de lidar com a depressão se torna muito importante para evitar causar um desequilíbrio desses neurotransmissores…”

Pode ser que amanhã se descubra que a própria alteração bioquímica que pode gerar os sintomas depressivos seja a mesma que altera a composição do gel vítreo e inicie o processo (degeneração fibrilar, sinérese, cavitação, DPV) que culminará com o aparecimento das moscas volantes ou floaters.

Mas hoje isso é apenas especulação!

A droga  5HTP (triptofano), é um precursor da serotonina, porisso tem  efeito antidepressivo quando metabolizado, na medida em que é capaz de aumentar a concentração deste neurotransmissor no cérebro. Aqui não se discute o uso da droga como alternativa ao tratamento de qualquer tipo de depressão . Este não é o foro adequado, nem o oftalmologista trata a doença depressiva. Apenas se vê ,de vez em quando, às voltas com os efeitos colaterais do tratamento (seja olho seco, dificuldade visual na leitura para perto ou mesmo a intensificação (ou aparecimento) de moscas volantes.

Apenas considero que qualquer que seja a via usada para aumentar a concentração cerebral de serotonina ela será capaz de desencadear os sintomas visuais, ao promover o desequilíbrio dos outros neurotransmissores.

Na necessidade temporária de aumentar a serotonina, os sintomas ou sinais que advém desta prática serão avaliados e minimizados através das estratégias cabíveis.

O blog se destina apenas a informar, na medida do possível. Não pretende substituir o médico oftalmologista, nem o neuropsiquiatra e muito menos ratificar ou contrariar esta ou aquela linha de conduta terapêutica (oftalmológica e/ou clinica).

 

Leia mais sobre moscas volantes nos links:

https://elizabethnavarrete.com/2012/01/19/moscas-volantes-alguns-nem-percebem-outros-nao-conseguem-conviver/

https://elizabethnavarrete.com/2012/01/19/convivendo-com-os-floaters-ou-moscas-volantes/

 

 

 

Pressão intra-ocular alta e glaucoma: a hipertensão ocular de hoje será o glaucoma de amanhã?

Resposta à dúvida de internauta a respeito de ser portador de hipertensão ocular ou glaucoma:

“Tenho 23 anos recém completados. Faço os exames de rotina e no dia 15/02 foi constatada a pressão alta (26 mmHg). Comecei a usar o Timoptol 0,5% 2 vezes ao dia por 2 meses. Nesse tempo, procurei um ótimo especialista, que me passou uma série de exames (OCT, retinografia, campimetria computadorizada, curva tensional diária e paquimetria).
Todos deram resultados normais, menos a curva tensional diária: No olho direito a pressão começa nos 28 mmHg às 8:20 e cai até 23 mmHg às 17 hrs. No olho esquerdo a pressão começa nos 25 mmHg às 8:20 e cai até 19 mmHh às 17hrs. Ele me disse que tenho hipertensão ocular, mas que acha bem provável que eu desenvolva o glaucoma em um período de 10 anos, caso eu não faça tratamento. Ele me receitou o colírio Xalatan, que vou começar a pingar hoje às 22 horas.
Eu perguntei a ele se a espessura da córnea pode influenciar na medição feita pelo tonômetro, ele disse que não. Mas na internet vejo que há artigos que dizem isso. Tenho espessura corneana de 594 no olho direito e 595 no olho esquerdo.

Estou muito nervoso com essa situação e com medo. Não quero ter glaucoma ou ficar cego. Isso já está afetando meu andamento nos estudos e a minha vida pessoal.

É mesmo bem provável que eu tenha glaucoma?”

As propriedades biomecânicas da córnea (incluindo histerese e fator de resistência) fazem com que a medida da PIO (pressão intra-ocular) pela tonometria de aplanação (medida padrão nos consultórios) identifique valores diferentes. Mais altos ou mais baixos do que aqueles obtidos, por exemplo, se inseríssemos um transdutor conectado a uma cânula na camara anterior do olho (medida direta da PIO).  Um dos fatores seria a grande variabilidade individual da espessura corneana. Diferenças às vezes de 100 a 200 micra (ou micrometros a mais ou a menos) em relação ao “padrão” assumido como 555-560 (valor médio de referencia).

Por isso, outras formas de avaliar a PIO estão sendo analisadas para, num futuro próximo, constituírem uma maneira mais fidedigna de aferição da pressão intra-ocular na prática clinica diária (consultórios). No dia a dia ainda usamos tabelas de correção para melhor avaliar a PIO, correlacionando-a com a espessura central corneana. Embora ainda não seja o melhor método, é o que fazemos hoje.
Mas, mesmo com o fator de correção corneano, a sua pressão não estaria abaixo de 21mmHg.  Ainda assim você seria classificado como um hipertenso ocular. E segundo o OHTS (um estudo que avaliou que o risco de hipertensos oculares medicados preventivamente se converterem em glaucomatosos era reduzido em 50% em relação aos não tratados), considera-se que quanto mais alta a pressão intra-ocular, quanto menor a espessura corneana, quanto maior (e mais verticalizada) a escavação do nervo óptico e quanto mais jovem o indivíduo, mais cedo o tratamento deve ser iniciado. O beneficio será maior que o risco (e/ou custo) quando alguns sinais indicativos de maior probabilidade de conversão para glaucoma estiverem presentes. Como por exemplo, a presença de historia familiar (em parentes de primeiro grau) de glaucoma crônico de ângulo aberto.
Estudos têm sugerido efeito protetor dos ácidos graxos (omega 3) em oposição ao aspecto negativo associado ao hábito de fumar e exposição profissional a pesticidas (estudos preliminares).
A decisão de medicar depende da expectativa de vida, das condições gerais de saúde do indivíduo e do numero de fatores de risco: o consenso tem determinado que quanto mais jovem o indivíduo, em presença de doenças sistêmicas e quando existir maior número de fatores de risco para o glaucoma, mais cedo se deve instituir medicação hipotensora ocular.

É uma decisão difícil e que deve ser dividida com o paciente e seus familiares.  A minha opção tem sido o tratamento precoce apenas daqueles indivíduos hipertensos oculares de alto risco. Discutir os efeitos colaterais (a curto e longo prazo) dos hipotensores oculares e avaliar o nível de entendimento do paciente a respeito do que foi dito são fatores relevantes na decisão final de tratar ou não tratar em curto prazo.
A monitorização cuidadosa e freqüente, ao longo dos cinco primeiros anos a partir do diagnóstico da hipertensão ocular é uma possibilidade que não deve ser descartada em favor da medicação imediata. A estratificação de risco recalculada sistematicamente – baseada na progressão do aspecto do nervo óptico (estéreo-foto), do aumento da PIO em relação aos valores iniciais, da observação da flutuação  da pressão intra-ocular e /ou do surgimento de doença vascular associada – indicaria o momento de iniciar a medicação. Esta seria outra leitura possível da equação “hipertensão ocular x glaucoma”. Mas um risco que a quase totalidade dos oftalmologistas prefere não correr. E estão embasados nos estudos existentes que deram origem às diretrizes atuais.

Estudos futuros nos orientarão quanto à  atitude mais acertada em relação ao hipertenso ocular. Por ora, medicamos preventivamente, embora sempre caiba a dúvida. Alguns de nós dizemos que não se medica um resultado de exame ou uma estatística e sim um doente. Quando e por que a hipertensão se converte em doença  e  se cabem estratégias não medicamentosas são perguntas que precisam ser  respondidas logo para que possamos ser mais coerentes, mais assertivos e menos intervencionistas em nossa prática clinica.

Quanto a não querer ter glaucoma, acho que ninguem quer um diagnostico de doença cronica,não é? Mas somos um conjunto de proteinas agrupadas de forma única (cada um de nós) e muitas vezes aleatória (genes). Não depende de nós os riscos que vamos correr. Mas uma vez que tomamos consciencia deles, com certeza temos a capacidade e o poder de minimizá-los e na maioria das vezes ajudar a evitar o adoecimento,sim!

E a respeito do medo de ficar cego,eu posso dizer a voce que se bem administrada essa sua desvantagem (pressão intra-ocular elevada) e se o seu comprometimento com as soluções possiveis for total,não precisa se preocupar com nada além de levar uma vida saudável em todos os sentidos (inclusive emocional).

Não tenha medo dos diagnósticos. Quanto mais voce souber sobre saúde e doença, mais voce pode contribuir para um desfecho positivo. Não desanime! A ansiedade e o medo da doença são fatores negativos! Não ajudarão voce em nenhum momento! Preocupe-se com o que voce pode (e deve) fazer a respeito.

Sua relação com o seu oftalmologista sim, será decisiva no comprometimento de ambos com sua saúde ocular!

Espero ter ajudado!